Simpósio da Cadeia do Leite debate aspectos socioeconômicos do setor durante a Multifeira

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Zootecnista assistente técnico estadual em bovinocultura de leite da Emater-RS/Ascar, Jaime Ries, apresentou Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no RS/Crédito da foto: Frederico Sehn/Divulgação

Contabilizando 370 produtores de leite vinculados a indústrias, os quais possuem 7.700 vacas que geram cerca de 43 milhões de litros por ano, Estrela se destaca por possuir uma das maiores bacias leiteiras do Estado. Diante dos desafios enfrentados pelo setor e para oportunizar um debate sobre os aspectos socioeconômicos da cadeia produtiva, a 5ª edição da Estrela Multifeira promoveu, na manhã desta sexta-feira (08), a atividade técnica Multiplicando Saberes: Simpósio da Cadeia Produtiva do Leite. Ressaltando a necessidade de se manter o otimismo e a persistência, o gerente regional da Emater, Marcelo Brandoli, atentou: “O leite é um alimento. Temos que seguir firme porque sempre haverá demanda”.

O ciclo de palestras foi aberto pelo zootecnista assistente técnico estadual em bovinocultura de leite da Emater-RS/Ascar, Jaime Ries, o qual apresentou o Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul. O levantamento realizado pela instituição em junho deste ano comparou os dados obtidos na pesquisa de 2015 para tentar medir as mudanças que estão ocorrendo no setor. Ries destacou a significativa redução de 19 mil produtores vinculados à indústria nos últimos dois anos, o que equivale a 22% da cadeia. Desses, 70% eram os que contabilizavam até 100 litros de leite por dia. Por outro lado, o volume produzido se manteve estável, caindo cerca de 2%. Na avaliação do profissional, isso define o perfil do produtor como sendo aquele que possui uma maior quantidade de animais na propriedade e que, ao alcançar uma produtividade maior, conseguiu suprir a demanda gerada pelos que saíram. Apesar de os números alertarem para o fato da cadeia estar perdendo sua capacidade inclusiva, Ries afirmou que eles comprovam o investimento em especialização e instalações mais tecnológicas e qualificadas. Ele ressaltou ainda a importância da manutenção e desenvolvimento do setor para o município, visto seu papel como gerador de renda e propulsor do comércio local.

Reiterando as vantagens de se trabalhar e investir no campo, o produtor Guilherme Dickel reforçou os pontos positivos da profissão. O jovem de 23 anos assumiu a propriedade em Novo Paraíso após um período na cidade e em um momento em que o pai estava desistindo do ramo. Hoje ele começa a colher os frutos de seu investimento e a produção que iniciou em 2014 com 35 litros por dia, já atinge de 350 a 400 litros diários. Apesar dos desafios relacionados à importação do leite e variação dos preços, Dickel garante: “O negócio é levantar a cabeça, porque depois que a maioria desistir não adianta correr atrás”.

Também participaram do Simpósio o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, com a explanação “Situações e perspectivas mundial e brasileira do leite”, e o presidente do conselho de administração da Dália Alimentos, Gilberto A. Piccinini, com o painel “Desafios e tendências da produção e consumo lácteo no Brasil”. Os dois compartilharam experiências profissionais e pessoais e trouxeram informações complementares sobre a cadeia na região e no país. O prefeito de Estrela, Rafael Mallmann, ainda enalteceu a retirada dos decretos estaduais que beneficiavam a entrada do leite do exterior e relatou que na próxima terça-feira (12) ele acompanhará a comitiva que discutirá com a Casa Civil e o Ministério da Agricultura a imposição de cotas para a importação do leite do Uruguai.

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