Contabilizando mais de 300 inscritos, o 18º Workshop em Alimentos na Jornada Técnica do Setor Alimentício 2019 – AlimentaAçãoRS encerrou a programação de palestras nesta quarta-feira (07/08) no Weiand Hotel, em Lajeado. O segundo e último dia da atividade contou com sete palestras que abordaram segurança de alimentos, saudabilidade, ingredientes naturais e funcionais, legislação de suprimentos e gestão empresarial.
A palestra de Eduardo Cesar Tondo, do Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFRGS, iniciou o dia com as “Inovações na segurança de alimentos”, versando principalmente sobre controle de biofilmes bacterianos, os quais aderem às superfícies que entram em contato com os itens durante a produção e podem contaminá-lo. O profissional também falou sobre métodos rápidos de detecção de micro-organismos, sequenciamento completo do genoma bacteriano, e modelagem matemática e microbiologia preditiva. Ele ressaltou que as principais bases no controle de contaminação de alimentos são as conhecidas Boas Práticas de Fabricação (BPF) e a Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC).
Palestrante também na edição passada da Jornada, Neila Richards, da UFSM, abordou “Sensorialidade & Saudabilidade: protagonismo dos alimentos”, apresentando as macrotendências de consumo e os drivers envolvidos nesse processo. Ao detalhar o que as pessoas esperam encontrar nos produtos e o que eles precisam ter para promover a saúde, ela destacou as mudanças de hábitos, que agora estão mais focados na praticidade e na boa nutrição: “O consumidor tem mais conhecimento e está mais criterioso. Ele quer viver mais, com mais saúde e de forma diferente”. Neila finalizou citando os 17 objetivos sustentáveis da ONU e as formas como eles vão ser inseridos no cotidiano das pessoas até 2030. Sobre as adaptações exigidas das indústrias, ela resumiu: inovação e simplicidade.
A saudabilidade continuou em pauta durante o painel “Flavor innovation: o claim natural em ascensão”, no qual Vinicius Silva, da Robertet, aprofundou o tema justificando que esse movimento de apelo pelo natural surgiu devido a fatores como envelhecimento da população, má alimentação infantil, Intolerâncias e alergias, crescimento da obesidade, causas ambientais e demanda natural. “Todos esses drivers levam a acreditar que o naturalmente saudável é importante para o consumidor e sua maior referência”. Segundo ele, no Brasil existe um interesse muito grande por produtos que vêm direto do pé e que ratificam a ideia de saudável. Descrevendo dados de comportamento do consumidor, ele exemplificou cases de posicionamento de marcas e antecipou quais os próximos passos nesse segmento.
A apresentação conjunta de Beatriz Fernandes e Bárbara Pottker, da SweetMix, teve como mote os “Ingredientes Funcionais” e trouxe resultados de pesquisas relacionadas a saúde digestiva e bem-estar. Tais informações foram utilizadas para justificar a preocupação global com os alimentos funcionais e confirmar a tendência global de mercado, fatores que exigem das indústrias o desenvolvimento de produtos que atendam a uma demanda cada vez mais exigente. Relacionando esses dados com o comportamento do consumidor, elas ainda explicaram a parte nutricional e fisiológica dos ingredientes, mostrando como esses itens funcionais atuam no organismo humano.
Declarando que “alimento seguro é todo aquele que não causa nenhum dano à saúde quando ingerido”, Felipe Guerreiro, da Kemin, explanou sobre “Conservação e segurança de alimentos com uso de ingredientes sintéticos e naturais”. Segundo ele, a falta de segurança impacta diretamente no financeiro da empresa e por isso é fundamental que sejam adotados três passos para conservação dos alimentos. Esses tópicos dizem respeito ao entendimento da forma de degradação, a inclusão de barreiras de proteção e a definição de onde o produtor quer chegar com o que entrega.
Coube à Elisangela Gonçalves, da Doremus, comentar sobre a nova legislação de suprimentos, criada recentemente para regrar os itens que até então ficavam obscuros na categoria de medicamentos. Hoje os suprimentos são distintos por tipo de público, considerando inclusive faixa etária e sexo, e são sustentados por quatro pilares: critérios de estabilidade, especificidade técnica, lista de constituintes e limites mínimos e máximos. Ele também falou sobre rotulagem, informação nutricional e dificuldades para registro na Anvisa, diferenciando: “Medicamentos são produtos com registro destinados a pessoas para tratamentos. Suplemento alimentar é para indivíduos saudáveis que deve ser apresentado de forma farmacêutica”.
Para encerrar a programação do Workshop, Mirian Hermann, da Alta Consultoria, discorreu sobre gestão empresarial e a certificação FSSC 22000, uma norma que está sendo amplamente aderida e solicitada pelo mercado nacional e internacional. Conforme ela, trata-se de um esquema que compõe várias diretrizes, dentre as quais a ISO 22000 e o programa de pré-requisitos, o qual envolve higienização, treinamento, conscientização e as análises de perigo e pontos críticos de controle. Com base em sua experiência, Mirian descreveu o passo a passo para implementação da norma, alertando que a maior dificuldade diz respeito às pessoas: “Uma coisa é a gente querer e outra é conseguir fazer, principalmente porque a gente trabalha com ser humano”. Sobre o processo de efetivação e a importância da FSSC 22000, ela definiu: “Tudo se resume à qualidade confiabilidade”.
Promovida pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Grupo Técnico em Alimentos (GTA) e Agea Marketing, a Jornada termina nesta quinta-feira (8) com três atividades simultâneas: Seminário do Leite e Derivados, Laboratório da Inovação e Meeting Empresarial.