Roupas brancas, agulhas e uma rotina exaustiva. O ambiente hospitalar provoca diversos sentimentos nas pessoas que necessitam de tratamento ou apenas acompanham algum parente ou amigo enfermo. Para uma criança, então, o ambiente hospitalar pode causar tanto medo quanto uma história de terror. Pensando nisso, os estudantes do curso de Medicina da Univates Elisa Lutz Saavedra, Bruno Martini de Azevedo, Helena Junqueira Kilian e Luana Ludwig Heck buscaram desenvolver na Universidade o projeto “Teddy Bear Hospital”.
Em sua primeira edição, o projeto foi aplicado com crianças de 4 a 7 anos da Escola Municipal Santo André. Durante a atividade, as crianças se tornam “pais” de um ursinho e, junto com ele, passam pelas várias etapas de um tratamento médico. “Essas etapas envolvem desde consultas, coleta dos exames, raio X, até cirurgia. A ideia é tratar de forma lúdica essa necessidade de a criança ter um contato mais aproximado com as questões da sua saúde, para que o medo possa ser trabalhado e não interfira quando adulto”, comentam os estudantes.
Estudante do 3º semestre do curso de Medicina, Elisa conta que o gosto pela pediatria veio desde pequena. “Minha mãe é pediatra, e sempre gostei muito de me envolver com crianças. A linguagem e o jeito de se comunicar é bem diferente. É necessário uma conexão maior, senão ela acaba se distraindo e fica uma loucura”, salienta.
Clarissa Aires Roza é professora do curso de Medicina e coordena o projeto. Ela conta que a iniciativa de implementar o Teddy Bear Hospital partiu dos próprios estudantes. “A Elisa e o Bruno me procuraram para falar sobre o Teddy. Pedi que mandassem material e me explicassem mais sobre o projeto. Quando me apresentaram, fiquei apaixonada. Como o projeto é voluntário, os próprios estudantes foram atrás de materiais para montar os cenários lúdicos”, comenta a professora.
Junto das ações, os estudantes aplicaram um questionário baseado na escala Leikert, para medir o medo das crianças antes e após as atividades. “Com as respostas, conseguimos notar que, antes das ações, as crianças preenchiam com carinhas de medo e tristeza. Já após, as carinhas eram alegres e com sorrisos. Isso mostra que nosso objetivo foi cumprido e o que nos deixa felizes”, comenta Bruno.
Para a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santo André, Karina Lopes, a avaliação do projeto é positiva. “Os estudantes conseguiram desmistificar, de forma lúdica, todos os mitos das crianças quanto à ida ao hospital. As crianças puderam conhecer tudo o que acontece em um atendimento e se familiarizar com todos os procedimentos médicos, para que acabem o receio e o medo. Esperamos que, no ano que vem, os estudantes voltem para nossa escola e possam continuar este trabalho lindo”, finaliza a diretora.
Próximos passos
Quanto ao futuro, a ideia dos estudantes é expandir o projeto com outros cursos. “Pretendemos, no ano que vem, juntar outros cursos, como Odontologia e Educação Física, para que possamos aumentar o número de participantes e assim atender mais escolas”, comentam. Para a professora, o primeiro passo foi dado. “Acho que foi um pequeno primeiro passo para um projeto maior e inédito em nosso meio. Pretendemos, com o tempo, estender o projeto para o campo da pesquisa, a fim de averiguar a real efetividade no comportamento dos pequenos e, se comprovada, talvez sugerir que esse tipo de prática seja rotina para algumas idades”, finaliza.