Cultivo de pitaia é alternativa de diversificação para agricultor de Paverama

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Ainda tida como uma novidade entre os produtores do Vale do Taquari, a pitaia é uma fruta de sabor adocicado e aparência exótica – sendo possível contar nos dedos os que se arriscam a investir no cultivo. Entre eles está o silvicultor de Paverama Elédio Pereira de Vargas que mantém atualmente 0,5 hectares plantados em um pomar com cerca de 2,8 mil pés que, na última safra, renderam cerca de duas toneladas de frutas. E o melhor: com mercado garantido, sendo a comercialização feita em mercados locais ou mesmo diretamente ao consumidor, na propriedade que fica na localidade de Boa Esperança. 

Voltando no tempo, Vargas sorri ao lembrar que a pitaia surgiu meio que “por acaso” em sua vida. “Eu queria fazer algo diferente para não ficar dependente de apenas uma cultura, mas não sabia exatamente o quê”, recorda. Uma visita a Expointer no segundo semestre de 2016, acompanhado de um produtor de mel do município, foi o clique: no local havia um agricultor de Novo Hamburgo entusiasmado com a fruta e, mesmo sem conhecimento algum sobre o cultivo, Vargas retornaria a cidade do Vale dos Sinos para adquirir algumas mudas – 36, no total – ao valor de 15 reais.  “A ideia era testar e ver o que dava”, rememora. 

Na época, a Emater/RS-Ascar apoiou o agricultor especialmente em ações de preparo e manejo de solos e no controle de eventuais pragas. “A realidade é que foi um tipo de aprendizado ‘conjunto’”, explica o extensionista da Emater/RS-Ascar Aldacir Pretto. Como ainda há certa escassez de informações sobre o cultivo, Vargas teve de recorrer a fóruns de internet, tutoriais online e vídeos – fora o intercâmbio com outros produtores – para, efetivamente iniciar. “Foi literalmente ‘aprender fazendo’, mas o caso é que deu tão certo, que meio ano depois eu já estava colhendo os primeiros frutos”, relembra. 

Com alto valor de mercado – ela é vendida por Vargas a R$ 7 o quilo, mas fora de época pode chegar próxima de R$ 50 o quilo para o consumidor -, o investimento se pagou de forma rápida, o que possibilitou ampliar um pouco a área cultivada, mas sem fazer “grandes aventuras”. “Não adianta nada eu extrapolar a demanda, apenas porque a fruta possui um bom preço de mercado”, avalia. “A gente sabe que a demanda é também motivada pela curiosidade e uma das principais preocupações está em torno da colocação no mercado, especialmente pelo ciclo curto da fruta”, completa o produtor. 

Pretto concorda com Vargas: “de nada adianta o interessado em pitaia sair plantando, sem ter ideia se as variedades se adaptarão ao clima local, se haverá mercado, entre outros aspectos”, salienta o extensionista. Uma das dificuldades enfrentadas pelo produtor foi conter a ação das cochonilhas – praga que costuma atacar a lavoura da fruta, que é plantada em postes (tutores) de concreto, que comportam até quatro plantas cada. A solução envolveu a adoção de cobertura verde com amendoim forrageiro, somada à aplicação de óleos minerais e caldas naturais, como a bordalesa. “Outro problema envolve a polinização que, na maioria das espécies, deve ser feita a noite, de forma manual”, observa Pretto.  

Nesse sentido, a Emater/RS-Ascar – que atua vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Governo do Estado – costuma assessorar produtores que já estejam na atividade, dificilmente incentivando-os para que invistam no cultivo sem ter a certeza de que ele gerará retorno. “Não devemos esquecer que o preço pode ser uma barreira na hora de as famílias incorporarem a fruta as suas rotinas alimentares”, reforça Pretto. De qualquer maneira, trata-se de uma fruta saudável, que dá saciedade e que tem sido utilizada de forma bastante diversificada – de cosméticos a vinhos. 

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