O último domingo de janeiro, neste ano em 31/1, é o Dia Mundial de Combate à Hanseníase, uma doença infecciosa, contagiosa, não hereditária e que tem cura. O tratamento precoce é a melhor maneira de acabar com a transmissão e é realizado de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Antes conhecida como lepra, é transmitida por vias aéreas – fala, tosse ou espirro – por uma pessoa doente, sem tratamento. Em razão da data, o mês é chamado Janeiro Roxo, para atrair a atenção para a prevenção e tratamento.
A detecção de novos casos diminui tanto no Brasil como no Rio Grande do Sul. O país ocupa o segundo lugar no mundo em número absoluto de novos casos. Em 2017, foram detectados 26.875 casos – 12,7% do total mundial. A Índia está na primeira posição, com 126.164 (60%).
Em 2019, no Rio Grande do Sul foram notificados 122 novos casos. “A estratégia de busca ativa de casos, com avaliação anual de contatos próximos durante cinco anos consecutivos, deve ser implantada”, informa Márcia Lira, coordenadora do Programa Estadual de Controle da Hanseníase (PECH). O RS registra atualmente a maior taxa de busca ativa: 18% superior à taxa nacional. Estão em tratamento no Estado 147 pacientes.
O Rio Grande do Sul foi a primeira unidade da federação a alcançar a Meta da Eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública, em 1995 (menos de um doente para cada 10.000 habitantes), com uma prevalência de 0,86/10.000 habitantes. A especialista faz um alerta. “É preciso aumentar o diagnóstico precoce, informar a população sobre os sinais e sintomas da doença, fortalecer a realização da busca dos contatos intradomiciliares, sua avaliação e tratamento, quando for o caso, rompendo a cadeia de contágio”, alerta Márcia Lira.
Preconceito e isolamento
A hanseníase é uma doença que já causou muito sofrimento no passado. Vítimas de preconceito, seus portadores eram obrigados a viver em isolamento social para evitar contágio. “Hoje a internação não é mais compulsória, o tratamento é ambulatorial”, acrescenta. “Mas ainda temos pacientes que vivem no Hospital Colônia Itapuã (HCI), egressos deste período de internação compulsória.”
O HCI foi inaugurado em 1941 com o objetivo de receber pacientes hansenianos para viverem em isolamento. Foi concebido como uma minicidade, autossuficiente, tendo inclusive moeda própria para o dinheiro não contaminar ao circular entre a população fora do local.
“Quando a cura chegou e a internação deixou de ser compulsória, muitas pessoas foram viver fora do hospital. Porém, acabaram voltando, por perceberem que, fora dos muros, não havia nada para eles. Perderam seus laços e ainda havia muito preconceito por sua condição”, lembra a coordenadora. “Lá se sentiam acolhidos, protegidos, cuidados e poderiam ficar até o final de suas vidas.”
Hoje permanecem 16 hansenianos vivendo no HCI. Mas já chegou a abrigar cerca de mil residentes. A instituição tem um memorial que abrange toda a história da hanseníase no Estado.
Saiba mais
Hanseníase: é uma doença crônica, infecciosa, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional. É causada pela bactéria Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen.
Sintomas: manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo; dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas nos braços e pernas; área da pele com perda ou ausência de sensibilidade (dormência, diminuição de sensibilidade ao toque, calor ou dor); inchaço de pés e mãos; úlceras de pernas e pés; caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos; febre, edemas e dor nas articulações; entupimento, sangramento, feridas; ressecamento do nariz; e ressecamento nos olhos.