Um agente que traçou a história do policiamento em Teutônia se despede de sua farda nesta semana. Marco Antonio Franck trabalha na segurança desde sua formatura em 1990.
Após conhecer e atuar em diversas cidades do Vale do Taquari e de fora, ele escolheu Teutônia como lar, participou de diversas ocorrências e colaborou no processo para a implantação da nova sede da Brigada Militar e do projeto de videomonitoramento.
Em sua trajetória, trabalhou nos três pilares da segurança púbica: prendendo, cuidando do preso e cuidando da testemunha. “Se alguém me perguntar qual o panorama do crime no estado, eu tenho condições de dizer”, enaltece.
Ele estava prestes a completar 31 anos nas forças de segurança. No meio de muitas mudanças para seguir na profissão, sua família está em Teutônia desde 1999, lugar que se tornou lar.
Desenvolveu também a capacidade de liderar. “Sempre tomei à frente e as características que acho que um líder deve ter é ser respeitado, não temido”, ensina ele.
“Como se adquire o respeito é estando ao lado dos subordinados em momentos ruim. Para fazer um churrasco, nem precisa convidar. Agora quando é 3h da manhã, o cara está sozinho enquanto estão explodindo um banco e ele pede ajuda, ele espera que tu vá lá e te reconhece como um líder”, explica ele.
Franck solicitou a aposentadoria em junho do ano passado, mas só saiu esta semana. Por isso, ele voltou “de mala e cuia” do município de Charqueadas, onde trabalhava no presídio nos últimos dois anos.
Agora, a ideia é ficar no município de Teutônia e fazer algo útil para a cidade. “Quero me envolver em coisas que eu tenho condições de ajudar, tipo o Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro), mas não tenho nada traçado”, disse.
Diz que é difícil desvincilhar. “Fazer por 31 anos a mesma coisa, botar o fardamento, estar com os policiais todo dia e aí de repente, para. O cara dá uma patinada. Tenho certeza que vou sentir bastante a falta da convivência”, explica.
Para ele, a melhor parte da profissão era atuar em campo. “Se tu tiver um emprego e gostar dele, é melhor. O meu nunca deixou de ser prazeroso”, disse. Ele relembra ocorrências e cita que a última grande foi no município de Imigrante, quando participaram viaturas até da Serra.
Em Teutônia
Foi em fevereiro de 1999 que ele veio para Teutônia, quando atuou como sargento. Ele se mudou para a cidade, mas ficou até junho de 2000, quando iniciou o trabalho no presídio de Charqueadas.
Em 2003 voltou para o município, mas devido a falta de vagas, foi atuar em Arroio do Meio e Lajeado.
O retorno ao município aconteceu em 2007, quando ele colaborou no encabeçamento de uma nova sede para a Brigada Militar. “É quando pude, de alguma forma, ajudar. Foram dez anos de ‘vamos fazer’ até concluir”, conta ele. A orba foi concluída em 2017.
Franck relata que interferiu em todo o processo, com exceção da construção porque não estava mais no município quando começou. “Mas o planejamento, a captação de recursos, a escolha do terreno… fui eu que falei com o prefeito Renato, na época”, relembra.
Conforme ele, o prédio foi projetado para coisas que a Brigada hoje possui, como monitoramento, sala de instrução, alojamento para mulheres. “Antes elas eram minoria e trabalhavam em locais específicos. Hoje, não”, enaltece.
Sobre isso, destaca que não houve intervenção de valores do Estado. “Foi dinheiro do município, da comunidade, do judiciário. Na época, foi menos de R$ 800 mil. Se fosse uma obra pública, daria uns R$ 3 milhões, talvez não ficasse bom como ficou e ainda demoraria”, destaca ele.
Outra intervenção foi no projeto de videomonitoramento. “Primeiro, convenci o então prefeito Renato de que era necessário. Quando o Jonatan assumiu, ele tocou”, relembra.
Criminalidade há 20 anos
Ele explica que o cenário da criminalidade em Teutônia mudou muito desde então. “Na época, uma coisa muito latente era o assalto a bancos. Teve um ano que houve 14 assaltos a bancos na microrregião”, relembra.
“Aí entramos na era do trânsito. Houve ênfase em acidentes, feridos, mortes. Houve uma onda de carros furtados”, explica.
Neste momento, conforme ele, a criminalidade está migrando para o tráfico, que não tinha antes. Outro grande problema é o crime virtual. “O crime é assim, se adapta, e o crime virtual é o crime do futuro”, diz.
História
Franck formou-se em 1990 em Rio Pardo. De lá, foi trabalhar na Brigada Militar de Pantano Grande até fevereiro de 1992. Após, foi sargento no município de Santa Maria por dez meses para, após, ir para Estrela e começar sua jornada no Vale do Taquari.
Ele ficou do final do ano de 1992 até 1996 em Estrela até que foi para Bom Retiro do Sul, onde permaneceu até 1999 atuando como comandante sargento. Foi aí que veio para Teutônia ocupar o cargo de sargento.
Em junho de 200, aceitou uma oportunidade para trabalhar no presídio de Charqueadas, onde ficou por dois anos. Após, foi realizar o curso de Tenente em Porto Alegre, voltando em 2003 para Teutônia. Todavia, na época, não havia vagas, o que o levou para o município de Arroio do Meio por oito meses. Depois, foi para Lajeado e ficou um ano e meio. “Aí voltei para Teutônia e fiquei de 2007 a 2015”, relata.
Foi no final de 2015 que voltou a atuar no presídio por um ano. Depois, ficou mais um ano em Teutônia e outro ano atuou na proteção a testemunha. Posterior, ficou mais um ano e três meses novamente no presídio.