Para biólogo especializado é uma Sucuri Verde encontrada em Colinas

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Créditos: Bombeiros de Colinas e Imigrante

Uma cobra de 3 metros que foi capturada nesta segunda-feira (24/5), em um córrego na Linha Roncadorzinho, está dando o que falar. Inicialmente identificada como uma jiboia, biólogo e outros especialistas em fauna silvestre a identificaram como sucuri.

O biólogo Gustavo Figueirôa analisou a fotografia encaminhada à imprensa pelos Bombeiros Voluntários de Imigrante e Colinas (Imicol). Para quem tem 8 anos de experiência em serpentes, não resta dúvidas: “é uma sucuri verde – Eunectes murinus“. Ele tem Pós-graduação em Manejo e Conservação da Fauna Silvestre.

Figueirôa, inclusive, questionou como uma cobra deste porte está no Estado. “Fato 1 é uma sucuri. Fato 2 ela não ocorre no Rio Grande do Sul”, enfatiza. O biólogo reconhece difícil afirmar ou entender “se a foto é verdadeira, se alguém soltou [a cobra] aí ou se é um registro novo que a espécie ocorre até aí e nunca havia sido registrada”.

A ONG Repraas acredita na hipótese de cativeiro e já acionou a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). “Podemos ter sérias consequências futuras. É um carnívoro, se alimenta de presas vivas. Pode habitar um açude, porão, arroios e atacar”, alerta o presidente Vladimir da Silva.

Outro biólogo consultado pela reportagem e com atuação no Vale do Taquari já manifestou dúvida sobre a espécie da cobra. “A sucuri é de ambientes aquáticos e a jiboia não é tanto de ambiente aquático”, avisou.

“Outra dúvida é pelo padrão de cor”. Ele consultou outros biólogos que tiveram a mesma impressão que seria uma sucuri. “Começa pela identificação. E todos concordaram parecer mais uma sucuri. Segundo, todos acharam absurdo soltar novamente”, reforça.

Figueirôa explica que a sucuri verde pode atingir 4 a 5 metros, mas há registros raríssimos de serpentes com mais até 7 metros de comprimento. “É a cobra mais pesada do mundo”, disse. Se alimentam de répteis e mamíferos.

Soltura da serpente é questionada

A Patrulha Ambiental foi acionada por ONGs e biólogos questionando a ação de soltura da serpente, que não é nativa da região e não possui predadores naturais. Os bombeiros Imicol sustentam que receberam a orientação de um integrante da Patram, a exemplo de outras situações similares.

O sargento da Patram que atendeu a reportagem disse que essa orientação não teria partido do órgão. A Patram reforça que o procedimento correto é apreender o animal e dar o encaminhamento correto.

“Não poderiam ter solto novamente na natureza. Se a Patram não estava disponível naquele momento, deveriam ter mantido o animal e aguardado”, sugere o sargento contatado pela reportagem.

“Recolheu, tem que dar destino ao setor de Fauna do Estado ou ao Ibama”. Também informou que o Ibama deverá contatar os bombeiros para obter mais informações acerca da cobra.

A Patram cita que até mesmo o Setor de Meio Ambiente da Prefeitura poderia ter auxiliado no encaminhamento aos órgãos competentes – Sema ou Ibama.

Qualquer pessoa que encontra um animal deste porte e apreende pode contatar o Balcão da Fepam em Santa Cruz do Sul, o setor de Fauna da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) ou o setor silvestre do Ibama de Porto Alegre. “Não temos como acolher este tipo de animal na região”, enfatiza a Patram.

Bombeiros sustentam que orientação partiu da Patram

A reportagem voltou a conversar com os Bombeiros Voluntários de Imigrante e Colinas (Imicol). Questionamos sobre a orientação recebida da Patram. E o Imicol garante que recebeu: “Que fosse removida a um lugar com rio, água, córrego por perto. Liberamos ela próximo ao rio numa região de mata”, enfatiza a corporação.

Biólogos temem reprodução da cobra

Um biólogo consultado pela reportagem é enfático: “Não deveriam em hipótese alguma ter soltado o bicho novamente“. Ele explica porquê: “Isso a médio e longo prazo pode ter sérias consequências de ataques a animais domésticos e até pessoas“.

O biólogo salienta que é um animal adulto e se é uma espécie exótica, que não tem muitos predadores, quando se reproduz produz muitas crias. “É um problema sério. Pode dar consequências futuras”, alerta.

Os predadores da cobra seriam jacarés ou onças, disse o biólogo. “O jacaré do papo amarelo é fichinha para uma cobra adulta deste porte”. Ele reforça o exemplo da infestação de piranhas no Rio Jacuí.

O biólogo insiste que o procedimento correto seria “encaminhar ou entrar em contato com o órgão ambiental competente pra fazer o devido encaminhamento”. Um segundo biólogo consultado reforça que a espécie não é nativa da região. “Alguém trouxe ela”.

Uma bióloga ouvida concorda que a preocupação da proliferação é legítima. “Elas não são nativas na nossa região. Deveria ir para um serpentário ou um zoológico”, complementa.

Telefones úteis para estas situações

Patram Estrela – (51) 3720-1318
Ibama Porto Alegre – (51) 3214-3401, 3214-3470 e 3214-3480
Setor de Fauna (DBIO/SEMA) – (51) 3288-7455 / 7458

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