O teatro da Univates receberá, no dia 1º de abril, o espetáculo Violetas na Janela. A exibição está há 25 anos em cartaz e é uma realização da Holmes Produções. A obra é uma adaptação do livro homônimo de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho feita pela atriz Ana Rosa, e retrata a vida após a morte. Ana também atua e dirige o espetáculo junto ao ator Guilherme Corrêa.
Sobre a apresentação
A apresentação inicia às 21h e os interessados em assistir podem adquirir os ingressos no site do evento ou presencialmente na Biblioteca Univates. Os valores variam entre R$ 35 e R$ 100.
O horário de atendimento da biblioteca é de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h, sem fechar ao meio-dia, e aos sábados, das 8h às 12h. Para mais informações ou dúvidas, contate o Teatro Univates pelo telefone (51) 3714-7000, ramal 5946, ou pelo e-mail.
Violetas na Janela
O espetáculo estreou em 1997 e já foi visto por milhares de pessoas em todo o Brasil. A peça teatral é baseada no romance espírita de mesmo nome, escrito pelo espírito que se denomina Patrícia, por meio da médium Vera Marinzeck de Carvalho. A peça é centrada no desencarne de Patrícia, uma garota de 19 anos, que acorda em uma Colônia Espiritual e percebe que a vida continua.
Conheça Ana Rosa
Ana Rosa Guy Galego nasceu em Promissão (SP) em 1942. Ela é atriz, bailarina, escritora, musicista e dubladora. Cresceu em uma família de artistas e iniciou sua carreira na televisão aos 22 anos, interpretando a personagem Esmeralda na TV Tupi. Desde então, trabalhou em diversas emissoras de televisão, incluindo a Rede Globo e a Rede Record.
Em 1997, entrou para o Guinness Book por ter atuado em mais novelas do que qualquer outra atriz no mundo. No teatro, atuou em diversas peças, como “As Lobas” e “Trair e Coçar é só Começar”. Além disso, com a peça espírita “Violetas na Janela”, Ana e uma equipe de 25 pessoas viajam pelo Brasil. Em 2005, a atriz escreveu e publicou o livro “Essa Louca TV e sua Gente Maravilhosa”.
A atriz concedeu uma entrevista à equipe do Teatro Univates. Confira:
Teatro Univates: Ana, o que te motivou a trabalhar com uma peça com temática tão especial?
Ana Rosa: Uma filha minha desencarnou às vésperas de completar 19 anos e eu ganhei de uma vizinha o livro “Violetas na Janela”. Outra filha estava na faculdade. O pessoal soube que ela tinha perdido a irmã e lhe deu o “Violetas na Janela”. Isso foi em novembro de 1995. No grupo de amigo oculto no centro espírita que a gente frequentava, o meu marido ganhou de presente o livro “Violetas na Janela”. Então, por três vias, ele chegou às nossas mãos. Nos surgiu a ideia, então, de fazer alguma coisa no centro espírita que fosse baseada no livro, para auxiliar aqueles bazares que todos os centros promovem: levantar fundos para fazer a costurinha pras grávidas, para marmita para as famílias que são cadastradas, enfim, o atendimento que os centros espíritas fazem para as pessoas carentes. E todo ano cada centro faz isso mais de uma vez. Naquele fim de ano, o centro que a gente frequentava fez e nos convidaram, a mim e a meu marido, pra gente ficar à frente dessa produção. Eu contei para o presidente do centro o lance do livro “Violetas na Janela” e como ele tinha chegado às minhas mãos. Propus que, em vez de fazer um espetáculo que não tinha nada a ver com essa doutrina, que a gente fizesse então esta, uma adaptação do livro. O presidente do centro pediu que eu e meu marido Guilherme, que ainda era vivo na época, ficassem responsáveis pela adaptação. Nós ficamos com essa parte executiva do projeto e, em princípio, seria uma apresentação dentro do próprio centro, para os próprios associados. Eu convidei um músico que dava aula de piano para as minhas filhas, inclusive para Ana Luiza, que desencarnou, pra fazer um fundo musical, assim, só para acompanhar a leitura. Convidei atores profissionais para fazer essa leitura. E todo mundo, ao fim da leitura, estava emocionado, com lágrimas nos olhos. O diretor do centro que tinha pedido o projeto me disse que ficou tão entusiasmado, achou que estava tão bom, que aquilo não podia ficar só na mente. De um evento dentro do centro ele queria transformar aquilo em um espetáculo profissional. Assim foi feito. Nós estreamos no teatro à noite. Em uma temporada em horário alternativo para ficar três meses só, um dia da semana, às 17h. Nós terminamos. A dona do teatro nos avisou que tinha cambista na porta, ingresso comprado com antecedência, e nós terminamos fazendo nove meses com casas lotadas no teatro. Então eu e o Guilherme compramos a produção e, de lá para cá, apresentamos a peça no Brasil todo.
Teatro Univates: O que você aprendeu com o espiritismo?
Ana: Com o espiritismo eu aprendi muitas coisas. A primeira: eu fui criada dentro da religião católica, mas eu não era frequentadora assídua, até porque eu viajava com o circo e com o teatro e, justamente nos dias de missa, que são os domingos, a gente tinha duas sessões matinais. Eu ia às missas noturnas durante a semana, cheguei a ser filha de Maria… Eu fui criada na religião católica, li a Bíblia inteirinha, de cabo a rabo, mas tinha algumas questões que se colocavam para mim, não tinha uma resposta muito clara. Era mistério, né? Isso aqui é mistério. Quando eu comecei a frequentar o espiritismo, isso foi muito antes de 1995… Quando a minha filha desencarnou, eu já frequentava o espiritismo e já era estudiosa. Era frequentadora desde 1976, ainda quando eu morava em São Paulo. Então, quando a minha filha desencarnou, felizmente eu já tinha todo esse conhecimento da doutrina. O espiritismo também ensinou exatamente isto: que a reencarnação, sim, é respeitar a lei de causa e efeito… Que você não pode plantar cenoura e querer colher banana, sua responsabilidade enquanto você está aqui encarnada que depende de você. Uma frase do Chico diz: “Você não pode voltar atrás e fazer um novo passado, mas você pode começar agora e fazer um novo futuro”.
Teatro Univates: Conte um fato curioso ou inédito que ocorreu ao longo deste tempo em que vocês estão com a peça em cartaz.
Ana: Nos disseram que, em determinado momento do espetáculo, pessoas com mediunidade viam no palco, além de nós, os atores, uma fila de cadeiras com desencarnados sentados lá, assistindo o espetáculo e dizendo que eram designados para assistir a peça para aprenderem alguma coisa, porque é muito mais fácil você aprender vendo uma coisa ensinada do que você falando. Uma vez foi em Brasília; outra foi no Rio de Janeiro; outra lá em Salvador. A pessoa tem que ler e tal. Fatos assim são muito marcantes pra nós todos do elenco.
Teatro Univates: O que Lajeado e região podem esperar deste espetáculo?
Ana: Um espetáculo lindo e inspirador. Gosto de deixar claro que não é nossa intenção fazer a cabeça de ninguém. A peça é baseada numa obra espírita, mas as pessoas não precisam ser espíritas para gostar do espetáculo. Eu gosto de citar os filmes “Ghost” e “Sexto Sentido” , filmes maravilhosos, e nenhum desses filmes foi anunciado assim: “um filme espírita”. Mas eles trazem essencialmente aspectos da vida dos espíritos e da vida após a morte. Então eu não gosto quando, nas nossas divulgações, as pessoas anunciam como peça espírita. Isso limita, parece que realmente é só para quem é espírita – e não é verdade. É um espetáculo com 14 atores no palco, atores profissionais, uma música lindíssima, uma iluminação lindíssima, o público assiste e gosta. Quem acredita só vai reafirmar o que já aprendeu ou sabe; quem não acredita ou tem curiosidade vai achar muito interessante. Não tem que ter preconceito. Quem for ver vai perceber que a peça é basicamente os ensinamentos de Jesus. Espero que todos gostem deste espetáculo.