Vendas de negócios e fim da produção de suínos: Languiru anuncia cortes profundos na tentativa de salvar cooperativa

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Presidente Paulo Birck conduziu apresentação / Crédito da foto: Paloma Griesang

A direção da Cooperativa Languiru realizou na manhã deste sábado (27/5) uma coletiva de imprensa para apresentar seu plano de reorganização que tenta salvar a cooperativa no momento de crise.

A apresentação foi conduzida pelo presidente Paulo Bick e pelo vice Fábio Secchi. Conforme os dados, o faturamento que em 2022 era de R$ 230 milhões em médio por mês, caiu para R$ 126 milhões em abril de 2023, e deve diminuir ainda mais. A dívida total com fornecedor e instituições financeiras chega a mais de R$ 1,1 bilhão. Segundo Birck, se nada for feito e não houver aporte financeiro que viabilize o plano, o prazo para a parada total da operação de aves e suínos é 10 de junho.

Para tentar reverter, a direção apresentou um plano que traz diversas vendas de negócios de varejo, fechamento de unidades, redução de produção e fim da produção de suínos.

Porém, para efetivar o plano, a cooperativa precisa obter um aporte de recursos financeiros. O primeiro passo para isso inicia na segunda-feira (29/5), quando a diretoria tem uma série de reuniões agendadas com representantes de instituições financeiras, políticos, representantes de governos estadual e federal, além de potenciais parceiros.

Suínos

Uma das medidas mais drásticas foi na produção de suínos, que será descontinuada. A planta industrial, granjas próprias e demais ativos de suínos devem ser vendidos. O prazo para parada da operação é 12 de julho. Na etapa de creche o plano é parar em 180 dias para possibilitar que produtores se viabilizem através de parceria com outra integradora.

Os dirigentes destacaram que tem feito tudo para auxiliar os produtores para que consigam encontrar e se integrar com outra empresa. A opção de encerrar as operações de suínos se dá porque o ciclo produtivo é mais longo, e o retorno demoraria muito para ser sentido. Diferente do frango, que tem retorno mais rápido.

Aves

No setor de aves, a curto prazo, haverá uma forte redução da produção, indo do 100 mil abates/dia atuais para 60 mil abates/dia. Na recria e produção de ovos anuciaram a redução de animais, e negociação de parceria com empresa que assuma essa operação, aliviando o fluxo de caixa.

Destacaram ainda que o incubatório próprio será fechado temporariamente, e se abastecerá por meio de terceiros. Depois, deve-se avaliar se será reaberto ou vendido.

A médio prazo projeta-se aumentar gradativamente a produção até ocupar a capacidade, desde que o custo e mercado sejam favoráveis com resultado positivo.

Venda e fechamento de negócios

Uma das decisões prevê a venda de “negócios que drenam recursos e energia necessários aos negócios principais”. Entre as vendas anunciadas estão:

Agrocenter Máquinas – Venda em negociação

Postos de Combustíveis – Venda em busca de interessados

Farmácias – Venda em negociação

Frigorífico de bovinos – Venda em negociação

Serão fechadas ainda cinco lojas de agrocenter (Estrela, São Lourenço, Rio Pardo, Venâncio Aires e no Shopping Lajeado). Cinco lojas funcionarão dentro de mercados, a única que permanecerá como loja independente é do Bairro Languiru, em Teutônia. O incremento de vendas será pela estratégia de vendedores a campo.

No que diz respeito aos mercados, duas unidades devem ser vendidas ou fechadas porque apresentam resultado negativo, são a do Bairro Alesgut, em Teutônia, e do Shopping Lajeado. Os outros oito mercados, que apresentam resultado positivo, serão mantidos, e otimizados com a agregação dos agrocenters.

Leite e Rações

No setor do leite, a intenção é fortalecer a parceria com a Lactalis que, segundo os dirigentes, salvou e tem viabilizado toda a cadeia produtiva do setor.

No setor das rações, a intenção é fortalecer com parcerias na prestação de serviços através da planta da Languiru, em Estrela.

Necessidades

Segundo o presidente, ações como as readequações em agrocenter e mercados, e venda de negócio de varejo já começaria a dar retorno positivo. Se todo o plano entrar em funcionamento e funcionar, a partir de 60 dias de sua operacionalização se sentiriam os efeitos de retorno positivo no resultado operacional. Ele reafirma que a Languiru precisa encolher primeiro, para depois pensar em crescer.

Porém, para que o plano se efetue, há uma série de necessidades. Entre elas, a abertura de portas em instituições financeira, o que já ocorrerá a partir de 29 de maio. Além disso, o aporte financeiro imediato para: manter a operação dos negócios definidos, recuperar parcialmente o padrão de qualidade da ração oferecida, descontinuar os negócios definidos, saldar parte do passivos em negociação com fornecedores, produtores, freteiros, equipe comercial e outros para garantir a continuidade do fornecimento.

Pedem também o alongamento da dívida com carência. E ainda, a abertura de portas em orgãos públicos para viabilizar as ações e acesso a grandes empresas potenciais interessadas em parcerias e/ou aquisições de ativos, o que também deve ocorrer a partir de segunda.

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