Pesquisa seleciona voluntárias para ampliar dados sobre impactos da violência doméstica

Estudo “Cognição, Estresse e Trauma” é uma iniciativa da psicóloga e mestre Denise Bisolo e da professora doutora Joana Bücker, da Univates.

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Até o momento, violências psicológica e física são as mais recorrentes no Vale. Crédito: Camille Lenz da Silva

Avaliar os impactos da violência doméstica – psicológica, física, sexual, patrimonial ou moral – na reserva cognitiva e memória emocional das mulheres é o objetivo da pesquisa desenvolvida pela psicóloga e mestre Denise Bisolo Scheibe e pela professora doutora Joana Bücker.

O estudo “Cognição, Estresse e Trauma”, realizado por meio do programa de pós-graduação em Ciências Médicas (PPGCM) da Univates, desenvolvido no projeto de pesquisa de mestrado de Denise, agora recebe continuidade.

Para aumentar a confiabilidade dos dados da pesquisa, que atualmente tem 71 voluntárias entrevistadas, o projeto segue recrutando mulheres entre 18 e 60 anos de idade que tenham ou não sofrido alguma violência causada por parceiro íntimo, não estejam mais com o agressor e queiram participar de forma anônima.

A análise inclui coleta de sangue, visando a avaliar os marcadores de estresse crônico, e teste neuropsicológico, que é realizado em um encontro presencial na Univates. A atividade dura cerca de 3h.

As análises entre as mulheres que sofreram violência e as que não passaram por isso serão comparadas posteriormente e o resultado será divulgado após a publicação da pesquisa. “A partir do momento que ingressam na pesquisa, as mulheres recebem um código, que substitui seu nome. Isso garante o sigilo das voluntárias”, cita a psicóloga.

Denise explica que a pesquisa busca confirmar a hipótese de que a experiência traumática está associada a dificuldades na memória, atenção e inteligência, bem como no emocional das mulheres abusadas. “A cognição é o processo de aprendizado e elaboração do conhecimento, e está relacionada ainda a funções executivas, processamento das informações, percepção e reação a situações e raciocínio”, comenta.

Segundo Denise, no país poucas pesquisas falam sobre a cognição de vítimas de violência. “Até agora, as mais relatadas na pesquisa são a psicológica e a física. Em nível de Brasil, esses dados são condizentes, mas nacionalmente está inclusa ainda a violência sexual, o que não apareceu em destaque no Vale do Taquari”, comunicou.

“São dados preocupantes, porque sabemos que tanto a violência física como a psicológica podem estar ligadas à saúde mental como um todo. É um primeiro olhar sobre uma situação corriqueira dentro de muitos lares brasileiros”, pontuou.

Para se inscrever, basta entrar em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (51) 9 9494-1705 (WhatsApp). A psicóloga ressalta que as voluntárias não devem ter algum tipo de vício, como dependência química.

Saiba mais

A Lei Maria da Penha (11.340/2006) define cinco formas de violência doméstica e familiar: psicológica, física, sexual, patrimonial e moral. Na maior parte dos casos, as diferentes formas acontecem de modo combinado, segundo estudo da Organização Mundial da Saúde realizado no Brasil em 2002.

Ainda, a maioria das agressões conjugais reflete um padrão de abuso contínuo e pode ter consequências como dores pelo corpo, dificuldades para realizar tarefas cotidianas, depressão, abortos e tentativas de suicídio.

Outra pesquisa realizada pelo Data Popular/Instituto Patrícia Galvão em 2013 revela que, dentre os entrevistados de ambos os sexos e de todas as classes sociais, 54% conhecem uma mulher que já foi agredida por um parceiro e 56% conhecem um homem que já agrediu uma parceira.

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