Atrasos de fornecedores e falta de insumos prejudicam entrega de medicamentos nos postos de saúde

82% dos municípios do país sofrem com as mesmas dificuldades.

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Crédito: Camille Lenz da Silva

A Administração Municipal de Teutônia esclarece a falta de medicamentos nos postos de saúde que, segundo a Secretaria de Saúde, é causada por atrasos de fornecedores e impactos na logística para receber e distribuir os itens. A farmacêutica Caroline Brandão, que atua há 11 anos na função junto à pasta ressaltou que o desabastecimento não tem relação com conflitos políticos, mas sim que é um problema de todo o Estado e também a nível nacional. “Medicamentos para a farmácia básica devem ser comprados e distribuídos pelo Município. Já o que vem de medicamentos da farmácia do Estado envolve outras esferas, e quem fornece é o Estado junto com o Ministério da Saúde, ficando o Município responsável por distribuí-los”, ressalta.

O secretário da pasta, Juliano Renato Körner traz dados da Confederação Nacional de Municípios, que todos os meses questiona os secretários de todos os municípios sobre diversos temas, incluindo a falta de medicamentos. “Foram elencados 3.360 municípios ou 60,3% das cidades brasileiras. Destes, 82% estão sendo afetados pela falta de medicamentos. A farmácia do Estado também está desabastecida, o que mostra que não é uma dificuldade apenas do nosso município”, conta. Segundo o relatório, os motivos mais elencados para o atraso das entregas são falta de matéria-prima para a produção e indisponibilidade no mercado. “Estamos fazendo o máximo para repor assim que os medicamentos chegam. Mesmo tendo dinheiro para a compra e organização, ainda pode faltar, muitas vezes ao longo de todo um ano”, diz.

Carolina explica que a reposição de medicamentos ocorre mediante compra pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde (Consisa). As planilhas com os itens chegam sempre às quintas-feiras e, nas sextas-feiras, ocorre a busca no consórcio. Após, é feita a conferência de carga e de entrada de notas fiscais, itens obrigatórios. Então, os medicamentos são encaminhados aos postos de saúde. “Tentamos fazer o mais rápido possível a conferência, mas não podemos pular etapas. Dependendo da quantidade de remédios solicitada, pode levar, pelo menos, um turno até tudo ser averiguado, então com mais certeza podemos dizer que os medicamentos chegam aos postos nas terças-feiras”, diz.

“Desde 2014 compramos medicamentos através do Consisa, o que facilita bastante pois não precisamos de licitação própria. Tenho recebido o que solicito e os custos tem sempre sido crescente.” A previsão é que até o fim do ano sejam investidos R$ 1,7 milhão na compra de remédios. Na sexta-feira passada (1º/12) foi recebida carga com 224 volumes ao custo de R$ 100 mil. A próxima remessa deve chegar no dia 8. No ano passado, o investimento foi de R$ 1,545 milhão. A estimativa é chegar a R$ 1,75 milhão até o fim de 2023. “Os valores gastos podem ser conferidos no Portal da Transparência do Município”, reforça.

Programas preventivos

A respeito da busca cada vez maior por medicamentos, Izadete Meneghetti, subsecretária da Saúde, fala sobre os programas preventivos para diminuir o uso. “Temos programas de acompanhamento com idosos, gestantes, hipertensos e diabéticos, nos quais orientamos sobre o uso correto dos medicamentos e como evitar o seu uso. Ainda há ações na área de Educação Física nos bairros. É possível reduzir essa procura”, aponta. Ela cita ainda a lei municipal que autoriza a Farmácia Solidária, buscando evitar o desperdício de medicamentos. Segundo Juliano, o projeto ainda não está em vigor por falta de local adequado. “Enquanto isso, as agentes de Saúde fazem nas casas dos pacientes a investigação dos medicamentos usados e em desuso.” Ainda, ressalta a reconstrução das ESFs de Teutônia. Ele acredita que o Município tem capacidade de atender 50% da população, o que não é possível com as três unidades. “É um problema que vem de anos, mas aos poucos estamos evoluindo”, conclui.

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