Em 2023, foram registrados 11 casos de dengue entre janeiro e fevereiro em Estrela, sendo um no primeiro mês do ano e 10 no segundo. Neste ano, porém, a comparação no mesmo período revela aumento de 700% nos casos: de um caso em janeiro para 81 em fevereiro, somando 82 apenas nos primeiros dois meses de 2024.
Os números são alarmantes. “A gente vem em uma crescente da infestação do mosquito. Nos nossos levantamentos, percebemos um aumento da proliferação dos Aedes aegypti. O índice de janeiro ficou em 16.3, significando que toda a área urbana de Estrela está muito contaminada, com uma população de mosquitos muito alta”, diz Carmen Hentschke, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Estrela.
Nas visitas, os agentes de saúde encontram recipientes artificiais com água, considerados os favoritos dessa espécie. São piscinas não tratadas adequadamente, caixas de água sem bom sistema de vedação. “Temos o hábito de guardar água de reaproveitamento da chuva e, às vezes, isso é feito com material improvisado, uma bombona, um balde, uma bacia. E esses materiais não têm cobertura, uma tampa adequada com tela. Então, serve como criadouro para os mosquitos, pois há borda para colocarem os ovos e nascem muitos mosquitos ali”, aponta Carmen.
Ela cita a cultura de criação de bromélias, que também é um foco de criação dos mosquitos. Com o ano chuvoso, todo o estado registrou aumento de casos em comparação com outros anos. “O clima foi bom para os mosquitos e mais difícil para nós fazermos esse cuidado. Precisamos aumentar ainda mais essa fiscalização dos pátios. Mais de 80% dos criadouros estão nos domicílios”, alerta.
A secretária de Saúde reforça: “Recebemos muita informação de entulho em lugar público, abandonado. A gente gosta muito de olhar o pátio dos outros. Mas cada um precisa olhar o seu; como um caneco parado que está pegando chuva. A gente não acredita que pode estar criando mosquito dentro de casa. Aquela planta aquática que a gente tem pode estar infestada de mosquitos. Onde tiver um mosquito voando, teremos um local de reprodução”, aponta.
Carmen ressalta que o trabalho é minucioso, porque precisa ser feito repetidamente toda semana, principalmente com as chuvas frequentes. “Não dá para olhar agora e só mês que vem, é toda semana esse cuidado. Qualquer descuido, qualquer copo descartável, brinquedo de criança que fica no pátio, vai ter uma quantidade de água dentro e aquilo é o suficiente para criar novos mosquitos”, cita.
Ovitrampas
O município realizou a implantação das armadilhas para entender qual área da cidade possui maior proliferação de mosquitos, visando agir nesses locais primeiro. Segundo a Vigilância, os dados revelaram 97% de infestação em Estrela. “Quer dizer que todas as armadilhas apresentaram ovos de mosquitos”, sinaliza Carmen.