Roca Sales, Muçum e Eldorado do Sul pretendem mudar as áreas centrais, bairros e até construir barreiras

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Rio Taquari em Roca Sales / Crédito: Divulgação

As cidades de Muçum, Roca Sales e Eldorado do Sul estão entre as mais atingidas pela catástrofe do mês de maio. As três procuram projetos para a reconstrução das vidas dos munícipes, empresas e produção rural. Após quatro grandes cheias, Roca Sales planeja realocar a área central da cidade para outro lugar, bem como bairros severamente castigados pelas águas. Por sua vez,  Muçum pretende deslocar os bairros mais vulneráveis às inundações para uma área totalmente nova.

Já a cidade de Eldorado volta-se a contrução de obras de grande porte para impedir mais uma tragédia. Os grandes desafios são os recursos que ainda não foram contabilizados, mas que devem ser superiores aos orçamentos anuais das cidades.

Cientistas gaúchos elaboraram um levantamento com base nas imagens de satélite indicando que quase 60% da zona urbana de Roca Sales foi inundada até dia 6 de maio. Além das estruturas dos mais diferentes portes, a prefeitura registrou cerca de 200 pontos de deslizamento de terra que desnudaram morros e picotaram estradas.

A “antiga” cidade, referencia à área condenada, jamais receberá habitantes ou comércio, frisa o prefeito e Roca Sales, Amilton Fontana. Para isso, pretende contar com duas áreas, de 70 hectares e de 150 hectares, para onde transferir o centro de Roca Sales e o parque empresarial, respectivamente. O plano, em estágio inicial, deixaria a prefeitura responsável por liberar os terrenos, promovendo desapropriações onde necessário e contando com parcerias com Estado e governo federal para providenciar infraestrutura viária, de saneamento e iluminação. Empresários e moradores teriam de viabilizar a construção de novas instalações.

Em Muçum, o prefeito Mateus Trojansinalizou que 200 famílias já estavam em processo de transferência desde as enchentes de 2023. Os terrenos em que elas moravam, varridos pela força da água, foram marcados como impróprios para receber novas moradias e restaram abandonados. Agora, o deslocamento terá de ser ainda mais abrangente.

Muçum já contava com cerca de R$ 45 milhões para arrumar estragos deixados pelas enchentes anteriores. Agora, se estima que serão necessários pelo menos mais R$ 30 milhões.

Nem todos os municípios inundados ao longo dos últimos dias apostam seu futuro na migração urbana. Eldorado do Sul, cuja área urbana ficou praticamente por inteiro abaixo d’água, entende que não teria como transferir toda a cidade para escapar do Jacuí e do Guaíba. Para o prefeito Ernani Gonçalves, será preciso erguer barreiras e abrir canais para conter os mananciais do lado de fora ou escoar a água de dentro. 

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1 COMENTÁRIO

  1. Bom dia. Aproveitando a mobilização nacional, movimento nunca antes visto, de solidariedade e apoio ao Rio Grande do Sul, a reconstrução, incluindo a realocação de centenas de famílias, e outras medidas necessárias, deve ter planejamento e estudos técnicos. Vamos chamar as universidades, instituições, especialistas, enfim, todas/os que possam contribuir com suas inteligências e conhecimentos, para que cada centavo investido/gasto, devidamente fiscalizado, (alô vereadores, MP, demais parlamentares, sociedade civil -muita fiscalização), seja utilizado na reconstrução de VIDAS, humanas e não humanas, em áreas completamente seguras. Inaceitável gastar dinheiro em obras mal planejadas, que logo aí na frente, poderão ser impactadas por novos eventos climáticos extremos. Precisamos estar atentos, pois estamos a poucos meses das eleições municipais, e, apesar da tragédia, candidatas/os poderão se aproveitar, para faturar eleitoralmente, “prometendo”, ou mesmo executando obras sem viabilidade a médio e longo prazo.

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