A verdade como força para “curar doenças sociais”: assim surgiu a Rádio Popular

735
Em pé, da esquerda para a direita: Deoli Gräff, Liliane Driemeyer, Nardi Bloemker, Valdir Schardong, Ilocir Führ, Laércio Käffer, Irineu Possamai, Marino Heinrichs, (nome não identificado), Werner Dahmer (em memória), Joacir Schönhals e Sandra Andreolio. Embaixo: Elena Sulzbach, Sílvio Brune, Margane Vargas, Nanci Brune, Salete Andreolio e Lindonês Demarchi / Crédito: Arquivo Grupo Popular

Nesta semana, o Grupo Popular e a Popular FM 96,9 celebram seu aniversário de 35 anos. Neste período, lembranças eternizadas vêm à tona na memória dos que fizeram parte, de alguma forma, da construção desta jornada de excelência e credibilidade junto à comunidade regional. Protagonistas dessa história, Nanci e Silvio Brune relembram fatos marcantes e decisivos ao longo destes 35 anos.

Uma mãe para muitos, Nanci guarda em sua sala não apenas documentos e números, mas também socorro e ombro amigo. Na “retaguarda” do Grupo Popular, em inúmeras vezes coube a ela sustentar a equipe fora dos microfones. “O sonho era mais do Silvio do que meu, mas ajudei a carregá-lo. Sempre imaginei que iríamos longe, porque todos cooperavam e ajudavam aos poucos. Me sinto útil de alguma maneira aos que vão à linha de frente. Está sendo legal”, diz Nanci.

Ela conta que, na pandemia, esse sentimento foi mais evidenciado. “Sempre um vinha para comunicar, e ali víamos como era importante alguém que conhecesse todo o esquema e o que acontece com os funcionários: quem pode, quem não pode, quem está doente”, cita, mencionando o irmão, Nardi Bloemker, diretor comercial do grupo e “parceiro” desde 1976, quando iniciou a trajetória no grupo.

Entre os fatos marcantes da trajetória, lembra do começo do filho Lucas Leandro Brune no rádio, narrando partidas esportivas. “Quando ele gritava gol, minha sogra sempre dizia que precisava respirar junto, pois parecia que ele não tinha mais fôlego”, conta.

Uma nova vertente

Silvio Brune, um dos precursores da Rádio e do Grupo Popular, aponta que Nanci foi um braço forte, por acreditar na sua iniciativa. Não só por ele, mas também pela chegada dos filhos e do cunhado, nos quais sabia que podia confiar e que seriam peças importantes para o sucesso da empresa. “Lavávamos discos na garagem. Sabíamos, aos poucos, que era uma vibração familiar. Quando acontece com esse espírito, dá certo”, comenta.

Ele reconhece a importância do “irmão” Arno von Mühlen, o Famil, com sua competência técnica, bravura e heroísmo. Da mesma forma, lembra de Renato Worm, de Eri Frederico Bünecker, de Valdir Schardong e família, peças fundamentais na constituição da empresa.

“Todos tínhamos personalidade forte, e não nos submetíamos simplesmente àquilo que um grupo ditava como regra social. Há outras versões, maneiras de pensar, de mostrar o outro lado da moeda. Passamos a ser uma nova vertente na qual a comunidade podia se manifestar, participar, se envolver e se sentir dona. Valeu a pena? A resposta não deve ser dada por nós, e sim pelos ouvintes e leitores”, afirma.

A exposição da verdade

Silvio conta que a transição da área da engenharia para o rádio começou em 1958, quando tinha 7 anos e sentava ao lado do pai para escutar a Copa do Mundo. Aos 15, o grande divisor de águas na construção da sua personalidade, segundo ele, foi um episódio ocorrido no Grêmio Cultural Recreativo Teutônia. Em uma noite da semana, um grupo da alta sociedade se reuniu no local, quando foi registrada briga.

Naquela época, era correspondente do jornal Nova Geração de Estrela, repassando notícias dos distritos Canabarro, Languiru e Teutônia. “Fiz o relato, sem citar informações e nomes em detalhe. Quase fui expulso do Colégio Teutônia, onde estudava, por isso. E então um professor me disse: ‘Não precisa temer. Nada vai acontecer, você usou a verdade e isso ninguém suplanta’”, conta Silvio.

Foi então que descobriu que “a verdade tem força para curar doenças que ficavam debaixo do tapete da sociedade. Ali surgiu a Rádio Popular”, afirma.

Relata ainda lembranças de Armando Corneta, Ferrando Rolha e Dário Kalen, escritores da coluna Dedo na Moleira, da Folha Popular. “Às vezes, escrevíamos com esses pseudônimos para deixar o leitor – e aqueles a quem o texto se dirigia – na dúvida sobre de onde vinham as informações e quem as dizia”, lembra. Para ele, estes são exemplos da inconformidade com a injustiça.

- publicidade -

DEIXE UMA RESPOSTA

Escreva seu comentário!
Digite seu nome aqui