A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) e o Ministério da Cultura (MinC), lançou em 10 de julho uma missão internacional de emergência que percorrerá diversos locais e instituições culturais do Estado para avaliar os danos causados aos bens culturais e arquivos, além de apoiar a recuperação dos acervos e coleções atingidos pelas enchentes.
No domingo, 14 de julho, o grupo esteve na região do Vale do Taquari, visitando locais nos quais a enchente fez aflorar material de interesse arqueológico. Especificamente, a comitiva conheceu um sítio arqueológico em Encantado descoberto pela água. O grupo foi acompanhado por pesquisadores vinculados ao Laboratório de Arqueologia do Museu de Ciências e ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, ambos da Universidade do Vale do Taquari – Univates.
A missão, promovida com recursos do Fundo de Emergência do Patrimônio da Unesco, é composta pela historiadora e arqueóloga Andrea Richards, de Barbados, e pelo socorrista cultural Samuel Franco, da Guatemala. Os especialistas permanecem no Estado até 19 de julho, e as ações ocorrerão até dezembro. A equipe de arqueólogos da Univates foi composta por Neli Galarce, Fernanda Schneider e Patrícia Schneider. Estavam também duas arqueólogas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN/RS e o superintendente do órgão, Rafael Passos.
A visita teve como objetivo conhecer o sítio arqueológico e avaliar a potencialidade e o impacto das pesquisas arqueológicas na região. Os representantes da Unesco, e do IPHAN, prestarão assessoria na busca de recursos para viabilizar a pesquisa e o acondicionamento dos achados de cultura material. Durante a visita, foram discutidas estratégias para garantir a proteção e a preservação do patrimônio arqueológico. A Unesco e o IPHAN colaborarão com as equipes de pesquisa locais, oferecendo suporte técnico para a continuidade dos estudos e a conservação dos artefatos descobertos.
O que aconteceu?
Cerâmicas e ferramentas de pedra foram expostas pela força das águas, revelando costumes de povos indígenas Guarani em pontos da região. Os materiais encontrados, como cerâmicas, vestígios faunísticos e botânicos, ferramentas de pedra lascada e estruturas de habitação, remontam a ocupações de mais de 3 mil anos. A equipe da Univates já está com a autorização do Iphan para trabalhar e prospectar novos achados, mantendo os artefatos em seu contexto original para preservar informações.
A professora Neli Galarce destaca a importância de a população não interferir nos locais dos achados e apela para que a comunidade informe qualquer descoberta ao Laboratório de Arqueologia da Univates, reforçando que a coleta inadequada dos artefatos pode destruir dados importantes para a ciência arqueológica. Para informar descobertas arqueológicas, a Univates pode ser contatada pelo telefone (51) 3714-7000, ramais 5563 e 5504.
Pesquisas arqueológicas no Brasil são regulamentadas pelo Iphan, que exige um rigoroso processo de autorização, o qual foi concedido à Univates, que já trabalha na região com os temas da Arqueologia. Os estudos na região já identificaram mais de 100 pontos com vestígios e cadastraram mais de 80 sítios arqueológicos, revelando uma rica herança cultural que inclui desde artefatos indígenas até remanescentes de imigrantes europeus.