A logística no Vale do Taquari está em estado de calamidade. É o que afirma o diretor de Infraestrutura e Logística da CIC Vale do Taquari, Diego Tomasi. A situação é preocupante, tendo em vista os problemas existentes antes das grandes cheias que atingiram a região em setembro de 2023 e maio deste ano. “Já estávamos trabalhando para destacar a falta de capacidade operacional das rodovias locais”, conta.
Um dos exemplos é o trecho entre Arroio do Meio e Lajeado pela ERS-130, que antes da queda da ponte enfrentava congestionamentos diários, com alta demora para percorrer pequenos trajetos. Da mesma forma, Tomasi cita a RSC-453, que liga Teutônia e Estrela, a qual também possui importantes gargalos. “Já havia a movimentação para a concessão e duplicação o mais rápido possível dessas rodovias, pois sabemos que a EGR não consegue nos atender”, sinaliza.
Depois de maio, a preocupação aumentou, tendo em vista o alto número de pontes caídas e os problemas na BR-386, como na ponte do Boa Vista. “A cada mês temos uma novidade em relação a essas pontes. Quanto mais caro o custo da logística, menor o desenvolvimento das empresas da região”, enfatiza Tomasi.
Um gargalo é a maioria das indústrias do país estarem localizadas em São Paulo e Minas Gerais. O diretor da CIC VT cita que, quando a entrega é em Arroio do Meio ou Encantado, ou as empresas não querem atender e explicam para o cliente, ou colocam uma sobretaxa de dificuldade de entrega, com 20% do valor de custo adicional. “Por isso lutamos e brigamos para a agilidade na restruturação dessas pontes e rodovias, pois tem um custo que o consumidor sente no supermercado.”
“O Vale não merece isso”
No fim de semana passado, foi liberada a ponte do Exército entre Lajeado e Arroio do Meio sobre o Rio Forqueta, que dá mais um ponto de vazão ao trânsito. Porém, ela não atende carretas e rodotrens. Na ponte de ferro, só veículos leves. Então, os de maior porte precisam utilizar a rodovia em Roca Sales para chegar a Arroio do Meio.
Não dá para se acostumar a ficar com o que é paliativo, defende Tomasi. “O Vale do Taquari não merece isso. É importante essa movimentação, a ponte do exército está dando mais vazão do que antes, quando só tinha os outros dois meios, mas não podemos nos acostumar com esse serviço meia boca. As empresas precisam chegar”, reforça.
“Temos que lembrar o quanto o Vale paga de impostos, o quanto a gente gera de arrecadação para os governos estadual e federal e exigir o mínimo necessário, que é uma rodovia em condições”, diz. Ele lembra da promessa do secretário estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella, de que até o Natal a ponte estará pronta. O canteiro de obras está em construção, mas as obras ainda não começaram. O receio paira no ar.
Enquanto isso, a CIC VT bate forte na tecla da ERS-129. São seis quilômetros entre Roca Sales e Colinas. “Se tivéssemos feito o tema de casa antes das cheias, teríamos uma situação menos pior. Mas não, não fizemos o asfaltamento e hoje estamos reféns dessa rodovia. Todos os dias um caminhão está atolando, um acidente devido às péssimas condições. Esses problemas mostram que, quando não fazemos o trabalho na hora certa, em outro momento pagamos a conta”, reforça.
Ele aponta que serão duas dores de cabeça: a construção e o congestionamento gerado no momento das obras. Mas é uma necessidade que precisa ser agilizada.
Por fim, o empresário relembra a tensão quanto às possíveis avarias na ponte da BR-386 durante as cheias de maio. “É obrigatório termos outra ponte sobre o Taquari. Não podemos depender só dessas que temos atualmente – não estamos preparados caso aconteça novamente”, alerta. Ele vê possibilidade de construções entre Estrela e Cruzeiro do Sul e Colinas e Arroio do Meio, e ressalta que as pontes não são apenas para a região, mas para todo o estado e o país.