Mais seis meses de incertezas com a ponte sobre o Rio Taquari

527
Representantes da região se reuniram com a concessionária na quarta-feira, em Porto Alegre // Crédito: Divulgação

Poucos dias após anunciar a suspensão total da circulação de veículos sobre a pista Norte da BR-386, na altura da ponte sobre o Rio Taquari, entre Estrela e Lajeado, a CCR ViaSul apresentou a entidades regionais o novo gestor responsável pelos contratos da CCR ViaSul e CCR Via Costeira, Fernando Henrique. Agora, o Vale do Taquari terá respostas de forma mais ágil e unificada quanto às obras da concessão. “Era uma reivindicação nossa há muito tempo”, aponta Ivandro Carlos Rosa, ex-presidente da CIC VT e membro da comissão tripartite da CCR ViaSul.

Fernando Henrique apresentou o projeto de recuperação da ponte, com reforço estrutural de quatro novos pilares para mitigar o dano causado pela enchente e, principalmente, pelo impacto da balsa que atingiu a ponte em maio. Foi um esforço extraordinário que causou danos abaixo da superfície, na altura das estacas – por volta de 7 metros abaixo do solo, além dos 13 metros de água. “Nas análises da concessionária havia indicativos de rupturas nas trincas, o que se confirmou no último ensaio, realizado no dia 20. Ensaio feito na sexta constatou que a trinca havia rompido. “A carga de uso agravou a fratura”, explica Rosa.

A solução tomada foi para garantir a segurança, porque existia a possibilidade de ruptura de parte da ponte ou de aumentar o dano. Tendo em vista o grau do dano sofrido, o período de restrição apontado no sábado passado, que era de quatro meses, foi ampliado para seis no meio da semana. Porém, durante as obras, existe a possibilidade de reabrir a ponte para veículos leves conforme o progresso dos trabalhos.

O objetivo da CCR é finalizar o reforço o quanto antes, mas a equipe está sujeita ao comportamento do rio, pois o trabalho será realizado sobre balsas. Elas executarão as estacas a 20 metros de profundidade abaixo da superfície. Caso o nível do rio suba, é possível que as obras precisem ser suspensas.

“É uma condição bastante séria, assim como a obra estrutural será grande. Mas é o possível nesse momento. Firmamos com a CCR um compromisso para reuniões constantes para sermos informados do que está acontecendo. Defendemos a celeridade da obra, uma vez que metade do estado passa por aqui”, ressalta Cintia Agostini, presidente do Codevat. Paralelamente, há a discussão sobre as possibilidades de novas pontes.

Pontes alternativas precisam
ser vistas com cautela”

Sobre a possibilidade de uma nova ponte para a região, Rosa reitera: “Desde 2021, quando houve a explosão na ponte sobre o Arroio Boa Vista, alertávamos os prefeitos da região da necessidade de novas pontes”. A CIC não pode encaminhar esse tipo de projeto – a iniciativa precisa vir do poder público. Porém, antes disso é preciso estudos de viabilidade. “Entender que a ponte é só uma passagem; as pontas precisam estar conectadas com infraestrutura adequada”, conta.

Com a finalização da terceira faixa em ambos os lados, ele aponta uma maior fluidez de veículos na rodovia, o que pode transformar a BR-386 em uma BR-116, em Canoas, necessitando construir um contorno, a BR-448. “Se pusermos uma ponte ao lado da atual, vamos ganhar tempo, mas não é a solução definitiva”, afirma.

Cita ainda as outras duas possibilidades levantadas: uma entre Arroio do Meio e Colinas, passando pelo Bairro São Caetano, e outra entre Estrela e Cruzeiro do Sul, passando pela Transantarita. Todas têm vantagens e desvantagens.

São Caetano está quase 10 quilômetros longe do rio. É preciso construir asfalto até lá, e então, ao chegar em Colinas, as estradas não estão preparadas para receber fluxo tão intenso. O mesmo por Cruzeiro do Sul. “Precisaria criar um anel viário para não sobrecarregar o trânsito dentro das cidades. Lá as rodovias também não estão preparadas. Temos as possibilidades, mas não é tão simples. Não há solução mágica”, reforça Rosa.

A CIC VT defende a criação de um novo anel viário. “Criando-se nova rodovia, é um novo flanco de desenvolvimento, fomentando outros negócios na margem”, considera. Mas o processo é longo.

Se o desejo for pela realização pela CCR, a obra não ocorrerá fora da faixa de domínio. Para tal, os prefeitos devem encaminhar à concessionária. Porém, essa obra não está prevista no contrato, então deve ser submetida à ANTT. “Caso a agência entenda que sim, vai pedir orçamento e estudo, podendo aumentar o contrato de concessão ou aumentar o custo do pedágio para viabilizar a obra. Independente disso, precisamos aproveitar o momento e criar uma alternativa”, reforça.

O encontro também teve a participação dos prefeitos de Lajeado e Estrela, Marcelo Caumo e Elmar Schneider e do presidente da Associação de Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Edmilson Busatto.

- publicidade -