Ester Ritter: 27 anos dedicados à Câmara de Vereadores de Imigrante

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Ester ainda tem a primeira placa de secretária da Câmara / Crédito: Camille Lenz da Silva

Em dezembro de 2024, a Câmara de Vereadores de Imigrante deixou de contar com uma profissional exemplar. Por quase três décadas, aqueles que chegavam à Casa do Povo encontravam sempre a mesma recepção com um sorriso no rosto. Era o de Ester Madalena Michels Ritter, a secretária que acompanhou todas as sessões ordinárias e extraordinárias por sete legislaturas.

Sua trajetória junto à Câmara iniciou em 1º de março de 1997, quando ela tinha 24 anos. A dedicação singular com a política local a fez permanecer no cargo, que era de confiança, por 27 anos e 9 meses, um fato nada comum, mas merecido.

Mãe dedicada, Ester cuidava da filha de 5 anos quando a oportunidade de trabalho surgiu inesperadamente. O convite veio do então presidente da Câmara, Nelson Dahmer. “No primeiro momento, fiquei em dúvida. Será que eu vou dar conta? Nunca passou pela minha cabeça trabalhar com política”, confessa. Mas a dúvida logo deu lugar à ação.

A adaptação à nova rotina foi complicada. Ester ainda cursava o Ensino Médio e, após as sessões da Câmara, corria para a escola estadual. “Tinha um acordo com a escola para eu poder chegar mais tarde nesse dia”, lembra.

Ester se orgulha de ter servido ao público por tanto tempo. “Sempre procurei atender bem e de igual forma todos os vereadores. Ao trabalhar com pessoas com diferentes ideias, devemos ter respeito por cada um e tratá-los como gostaríamos de ser tratados”, cita. Ela conduziu suas funções com dedicação, amor, ética, neutralidade e responsabilidade. Testemunhou diferentes administrações e legislaturas, aprendendo a lidar com a diversidade. Acredita que isso contribuiu para sua longa permanência no cargo. “Eu mesma me orgulho”, ressalta.

Vereadores homenagearam Ester no fim de 2024 / Crédito: Tamiris Leal Holmos – Divulgação

A Câmara Mirim foi uma das experiências mais gratificantes. Ester se dedicou com paixão à iniciativa. “Eu adorava trabalhar com os jovens. Eu entrava em contato com as escolas e orientava os alunos”, conta. E ela era exigente: a cada sessão, eles deviam trazer uma indicação ou falar na tribuna.

E as sessões de posse sempre foram momentos especiais. “Mesmo com a reeleição de alguns, havia sempre pessoas novas,” lembra. Seu papel também era auxiliar os recém-chegados a entender suas funções e deveres.

Falando em deveres, Ester conta o que aprendeu com a política. “As pessoas acham que elas só têm direitos. A partir do momento em que elegemos um candidato, temos o dever de acompanhar, de vir na Câmara, de cobrar. É um compromisso como cidadão. Anular ou votar em branco é fugir da responsabilidade”, acredita.

Ela nota que a participação da comunidade nas sessões reduziu ao longo do tempo. “Não é só o político, o munícipe também tem responsabilidade e foge dela, depois reclama. As pessoas não sabem nem o poder de um vereador. Se eles querem, o prefeito não consegue fazer nada”, sinaliza.

Aposentadoria

A decisão de se aposentar foi gradual, mas a enchente de 2024, que atingiu sua casa, a fez refletir sobre a brevidade da vida. Ela acredita ser importante dar espaço para novas ideias e energias e que contribuiu com o município, tendo sempre em mente que o dinheiro público deve ser tratado com o máximo zelo.

Trabalhou bem sua cabeça para quando a aposentadoria chegasse. Hoje, Ester desfruta de uma rotina mais tranquila: caminhadas, chimarrão, um bom almoço e os afazeres domésticos. “Coisas simples da vida, que trazem nostalgia e gratidão”, descreve. Por enquanto, quer curtir o momento, cuidar das flores e aproveitar a família e os passeios, sem a pressão do relógio.


Uma das poucas fotos que tem do tempo de serviço é com a filha, Moira, na sessão solene de concessão de título de Cidadã Imigrantense à dona Elka Hassmann (c) / Crédito: Arquivo Pessoal – Divulgação
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