Languiru registra R$ 15,2 milhões de resultados em 2024

A cooperativa teve R$ 234,68 milhões de faturamento no segundo semestre

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Assembleias extraordinária e ordinária ocorreram na manhã deste sábado na Associação de Funcionários. Crédito: Camille Lenz da Silva

A Cooperativa Languiru realizou neste sábado (15/3) a primeira Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária de 2025. O encontro ocorreu na Associação dos Funcionários e trouxe a prestação de contas referente ao período de 1º de julho a 31 de dezembro de 2024, incluindo o relatório da gestão, sobras e perdas e para onde serão destinadas, bem como o parecer do Conselho Fiscal.

Também foram eleitos os membros suplentes do Conselho Fiscal e estabelecida a forma de cálculo a ser aplicada na distribuição de sobras ou no rateio de perdas.

O exercício de 2024 gerou resultado positivo de R$ 15,22 milhões. Destes, R$ 7 milhões relacionados ao setor de leite e R$ 2,74 milhões ao de aves. A cooperativa teve R$ 234,68 milhões de faturamento no segundo semestre.

O valor é considerado expressivo pelo pouco tempo desde o início das atividades de recuperação. Entre as razões para o resultado, segundo a cooperativa, estão:

– A ampliação da parceria com a JBS no segmento aves, com a reabertura do segundo turno do frigorífico em Westfália;
– A habilitação da cooperativa para exportar carne de frango para a China (março);
– O fortalecimento dos segmentos que restaram ativos (aves, leite, ração, agrocenter, grãos e prestação de serviços);
– O aumento da venda comercial de rações e a ampliação da produção junto a parceiros:
– A retomada de investimentos no agrocenter;
– A apresentação do relatório (maio) e do plano de pagamento dos credores (julho). Até o momento, 400 credores já aderiram ao plano;

O presidente liquidante da Cooperativa Languiru, Paulo Birck, aponta que o crescimento do setor de aves se deve, especialmente, à parceria com a JBS para a abertura do segundo turno de abates. Em novembro e dezembro de 2024, foram abatidos 152,6 mil animais. “É praticamente 98% da capacidade do frigorífico ativo (155,6 mil aves)”, aponta Birck. Destas, 125 mil foram para a JBS e cerca de 27 mil para a Languiru.  

Ele ressalta que já começou a migração para o abatimento de aves pesadas para a JBS. Até metade de abril, o frigorífico vai abater 100% de aves pesadas – possuem cerca de 3,5 quilos, o dobro do peso dos animais abatidos atualmente. A expectativa é abrir mais 250 postos de trabalho em Westfália, totalizando mil funcionários.

Com isso, em 2025 o segmento deverá ser responsável pelo maior faturamento da cooperativa.

A fábrica de rações é outro setor relevante, produzindo atualmente cerca de 11 mil toneladas de ração ao mês. O objetivo é chegar entre 20 e 21 mil toneladas – metade da capacidade total (42 mil).

A UPL Mundo Novo encerrou 2024 com 2,1 mil matrizes em produção, através da comercialização dos integrados com a Suinocultura Acadrolli, de Rodeio Bonito.

Dívidas

Birck aponta que o Frigorífico de Suínos em Poço das Antas – atualmente desativado – foi responsável por um prejuízo superior a R$ 15 milhões no ano passado. A cooperativa segue na tratativa junto aos credores para negociar a venda para a JBS.

Já as dívidas dos cooperados estão em R$ 670 milhões (prejuízos rateados). Conforme José Roberto Simas, da Dickel & Maffi, responsável pela auditoria externa, a Languiru busca cobrir o valor para evitar o pagamento por parte dos associados. Só deverá pagar aquele associado que estiver deixando a cooperativa.

Com a negociação da UPL, foi possível liquidar as cotas-partes de todos os associados acima de 47 anos (80 a 100).

Ainda, foi vendido o prédio onde se encontra a sede administrativa da cooperativa por R$ 5,5 milhões – R$ 3 milhões serão pagos para o BRDE. A transação permite liquidar 134 cotas-partes de R$ 40 mil cada das 500 que emprestaram seu CPF para a obtenção de crédito junto ao banco regional em 2019. A venda foi realizada para a Sicredi Ouro Branco, credora do imóvel. Segundo Birck, o banco vem sendo um “grande parceiro” ao acreditar na recuperação da cooperativa.

Negociações

O superintendente administrativo e financeiro da Languiru, Gustavo Marques, apontou as negociações em andamento, como:

  • A renegociação com a Valora/Opea, referente aos R$ 150 milhões tomados em recursos em 2022. Pede-se o estabelecimento de taxa fixa da correção mensal e alongamento do prazo de pagamento.
  • Há também uma hipoteca vencida com a Sicredi Integração (Lajeado) no valor de R$ 19,2 milhões. Parte foi quitada através do deságio de 50% dos valores vencidos e liquidação das operações do incubatório de aves do Bairro Alesgut. Como usufruto, a cooperativa conseguiu negociar aluguel de R$ 100 mil mensais com a Carrer até novembro de 2025.
  • A cooperativa valoriza a parceria da Sicredi Ouro Branco de Teutônia, que permitiu o aporte de novos recursos para a Languiru, utilizados para adquirir milho do produtor, e, assim, aumentar o abate de aves.
  • Desde a publicação do plano de pagamento dos credores, em julho de 2024, foram 302 adesões até 31 de dezembro – hoje o número está em 400. O deságio foi de R$ 49,38 milhões.
  • Há a previsão de novo edital de leilão reverso para abril. O primeiro foi realizado em 2024, com o pagamento feito em 10 de dezembro das propostas de 82% de deságio pelas vencedoras Cerealista Rigon Ltda e Cerealista Rigon e Ceretta Ltda.

Sobras

Quanto à distribuição das sobras de 2024, a proposta da cooperativa foi realizar o rateio, calculado com base nas operações de cada associado realizadas ou mantidas durante o exercício de 2024, executando-se o valor das quotas-partes integralizadas.

Ou seja, quem tem perdas, realiza o abate, e aqueles sem perdas aumentam a cota capital. “Não se distribuirá em recurso, mas em abate da perda. Não quer pagar perda? Precisa ajudar a gerar receita para não abater”, apontou Birck. A proposta foi aceita pelos cooperados.

Exercício 2025

Dentre os objetivos do plano de atividades para 2025, foram destacados:

– A renovação do contrato com a JBS até 2028 (já realizado);
– O aumento do abate de aves próprias, de 27 mil/dia para 40 mil/dia;
– O aumento da captação de leite em 10% frente ao ano anterior;
– A ampliação da linha de produtos lácteos;
– A ampliação de parcerias junto à fábrica de rações;
– A retomada de reuniões setoriais e reorganização das nucleações;
– A prorrogação da proteção do patrimônio da cooperativa durante a Liquidação Extrajudicial em continuidade de operação;
– A unificação das lojas Agrocenter e Agroinsumos (deve ser concluída até o meio do ano);
– O fortalecimento da atuação nas safras de soja e milho;

Conselho Fiscal

Também foram eleitos dois associados para recompor o Conselho Fiscal, que é composto por seis membros – porém, houve desistência de dois em 2024. Foram eleitos os suplentes Anderson Luiz Fomentini (produtor de aves de Imigrante, há 5 anos na cooperativa) e Silvani Schaeffer Thies (produtora de frangos de Boa Vista Fundos desde 2005).

Primeiro relatório complementar do Conselho Fiscal

O coordenador do Conselho Fiscal, Tiago Lerner, apresentou de forma sucinta dados do primeiro relatório complementar realizado. Em especial, falou sobre o setor de leite e de suínos, em cujos registros apareceram nomes de diversos associados.

Um dos casos com grande discrepância citados envolve um produtor que alojados, em média, 14,5 mil suínos em 2022 ante 840 em 2021, 812 em 2020, 843 em 2019 e 820 em 2018. “Percebeu-se que o número registrado em 2022 dizia respeito ao peso total dos animais, e não ao número de animais. Há muitos erros de digitação: não sabemos se de forma proposital ou intencional”, pontua.

Ele esclarece, no entanto, que não houve favorecimento dos produtores citados no relatório e avaliados pelo Conselho Fiscal. “Para o produtor, foi tudo feito certo, mas o controle interno foi feito de forma equivocada. Só que isso interferiu muito no ajuste do valor justo registrado na contabilidade e no balanço da cooperativa”, aponta.

Ele citou que as principais falhas apuradas envolvem a apuração do ajuste ao valor justo no estoque e lançamentos de lotes novos em lotes já encerrados. “Mas isso não cabe ao Conselho Fiscal apurar, e sim ao Ministério Público, para quem nossa análise será entregue”, relatou Lerner.

“São muitas coisas para responder. Devagarzinho encontramos fios e vamos seguindo para um dia poder trazer tudo o que aconteceu”, reforça Birck.

A partir do dia 24 de março, o relatório da auditoria estará disponível para os associados na sede administrativa. Para ter acesso, é preciso marcar horário e assinar um termo.

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