
Lideranças de entidades empresariais do Vale do Taquari participaram na manhã dessa terça-feira (15/4) de reunião-almoço para discutir sobre a concessão das rodovias e a implantação do sistema de pedágio free flow. O evento foi promovido pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) e pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT).
O encontro contou com a presença de cerca de 120 pessoas e apresentou a visão de cinco líderes que percebem, nas ações do governo do Estado, uma forma de melhorar a logística e tornar a região ainda mais competitiva.
Nilto Scapin, Leandro Eckert, Ivandro Carlos Rosa, Adelar Steffler e Gilberto Antônio Piccinini falaram, em forma de painel, sobre os estudos realizados pelo Grupo de Trabalho da CIC-VT. Conforme as lideranças, o Estado não possui condições de realizar as obras estruturantes necessárias nas rodovias e, assim, a concessão é vista como a única alternativa para que ocorram os investimentos em infraestrutura.
O que dizem as entidades
O diretor de Infraestrutura da Acil e presidente da Agabritas e Sindibritas do RS, Nilto Scapin, apresentou um panorama sobre os investimentos realizados nas rodovias regionais. Conforme ele, os valores destinados pela União e pelo Estado são insuficientes para atender a necessidade de manutenção e construção de vias. “Ninguém aqui gosta de pagar pedágio, mas, infelizmente, sem eles, não há como fazer as obras necessárias para a nossa logística”, ponderou.
Scapin ainda apresentou uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes, a qual mostra que 63,1% das rodovias brasileiras concedidas estão em estado ótimo ou bom. Enquanto isso, o número de estradas na mesma condição sob gestão pública cai para 22,7%.
A defesa de uma tarifa mais justa através do sistema free flow foi explicada pelo diretor de Infraestrutura da CIC-VT, Leandro Eckert. O grupo defende que os usuários devem pagar tarifas menores, referente apenas à quilometragem utilizada. “É necessário fazer o cálculo de quantos veículos circulam diariamente pelas rodovias e dividir o custo para que todos paguem referente à quilometragem utilizada”, colocou. Adiantou que a grande luta travada e vitória conquistada na implantação do free flow é a melhor distribuição da tarifa para o maior número de usuários possível.
Eckert ainda destacou que são necessárias obras para melhorar as rodovias do Bloco 2 e, sem a concessão, o Estado não as realizará. “Se não fizermos as privatizações, o Vale tende a perder competitividade em relação a outras regiões brasileiras”, completou.
O vice-presidente regional da Federasul no Vale do Taquari, Ivandro Carlos Rosa, comentou da necessidade de fiscalização nos contratos de concessão. “Os conselhos responsáveis devem cumprir o papel de exigir os investimentos em contrato”, observou.
Segundo ele, estudos do Grupo de Trabalho comprovam que as regiões sem boa infraestrutura logística não se desenvolvem. “Se não for com concessão, não conseguiremos crescer. E não podemos correr o risco de as empresas aqui hoje pararem de investir na nossa região”, alertou.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Arroio do Meio (Acisam), da Cooperativa Valelog e da Rede Transporte, Adelar Steffler, apresentou o valor de R$ 54.432 pagos em pedágio durante 18 anos por uma pessoa que fez o trajeto de Arroio do Meio a Encantado diariamente. Conforme ele, se o sistema fosse o free flow, com cobrança referente apenas à quilometragem rodada, o valor baixaria para R$ 14.169,60. “Essa diferença de R$ 40.262,40 é paga por um trajeto que essa pessoa não utiliza e, mesmo assim, os investimentos não estão acontecendo”, anunciou.
Steffler compartilhou que a defesa pelo sistema free flowvem embasada em pelo menos 4 anos de estudos sobre o sistema pela CIC-VT.
Ao fim do painel, o presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Dália, Gilberto Piccinini, ressaltou a importância da discussão técnica das questões e obras previstas no contrato de concessão. “Estamos aqui para mostrar um posicionamento que beneficie a nossa região”, acentuou.
Complementou ser preciso ter um sistema que ofereça investimentos e tarifas justas para que o Vale do Taquari se torne cada vez mais competitivo. “Nosso Vale é pujante e rico em oportunidades. Precisamos de obras estruturantes e tarifas justas para que o desenvolvimento aconteça”, pontuou.
Tema que impacta a região
O presidente da Acil, Joni Zagonel, observou que o tema da concessão das rodovias impacta diretamente nos negócios e na vida dos moradores do Vale. “Entendemos que a concessão é o caminho para que os investimentos aconteçam. Mas ela precisa ser de forma justa e que realmente traga retornos para a sociedade”, enalteceu.