Raquel Janke da Silva Feyh é coreógrafa, professora de dança e empreendedora da Escola de Danças Movimentu’s, com sede em Teutônia. Ela chegou ao município em 1998 com o objetivo de fundar sua escola, sonho realizado em dois meses. Além de empreender, Raquel dedica outra parte do tempo ao cargo de professora concursada de Educação Física no município. No programa, Raquel abordou a gestão de sua escola de dança, que hoje atende mais de 170 alunas e se expandiu para outras cidades, o processo criativo para os espetáculos anuais e o desafio de equilibrar a competição em festivais com a função educacional e social da dança. Ela também compartilhou aspectos de sua vida pessoal e a importância da organização e da paixão em sua carreira.
Espírito empreendedor desde o início
Raquel demonstrou um perfil empreendedor desde cedo, sentindo uma “inquietude” interna que sugeria esse caminho, algo que ela associa à sua personalidade. Em janeiro de 1998, ela chegou em Teutônia aos 20 anos, vinda de Pelotas, com uma “malinha”. Sua vinda ao Vale do Taquari tinha um objetivo: fundar seu próprio grupo de dança. Sem conhecer ninguém na cidade, ela se considera corajosa por logo ter se apresentado a diretores de escolas e secretarias municipais para colocar-se à disposição. Assim, ela fundou o Grupo Movimentu’s em menos de 2 meses, no dia 7 de março. Em dezembro do ano seguinte, o grupo de cerca de 20 bailarinas realizou seu primeiro espetáculo.
Aprendizado além da técnica
Para Raquel, a dança proporciona muito mais do que uma simples técnica corporal. O mais importante é o aprendizado em grupo, no qual se trabalha a importância de não ser isolado. Ela discute com as alunas a necessidade de ser um grupo coeso e de auxiliar as colegas quando necessário. Além disso, vê a dança como uma formação para a vida adulta e profissional, ensinando disciplina, organização e pontualidade. A comunicação e a expressividade também são fundamentais, pois o corpo da bailarina comunica, passa mensagens e faz as pessoas pensarem apenas através do olhar, do movimento e dos gestos: “A bailarina fala com o corpo”, reforça.
Organização molda as escolhas da vida
A organização é uma qualidade que Raquel considera essencial para qualquer pessoa, especialmente para empreendedores que gerenciam seus próprios negócios. Se considera muito organizada e tem o costume de escrever seus planos e objetivos. Sua mente está sempre à frente; por exemplo, ela já pensa nas trilhas musicais das apresentações do próximo ano. A organização é vital na gestão da Movimentu’s, que exige um planejamento detalhado de horários, preparação de cabelo, maquiagem e ensaios. “Eu não consigo conceber que elas não levem isso para a vida. Organização é um aprendizado, seja como empreendedoras, como funcionárias, como mães, como esposas”, reforça.
Desafios
Contudo, ela aponta que o aspecto mais desafiador do empreendedorismo é conciliar as agendas das famílias das jovens (cerca de 360 clientes), o que requer um planejamento anual prévio e a necessidade de tomar decisões delicadas sem abrir precedentes para manter a organização do grupo. Para se tornar uma referência na área assim como a Movimentu’s, é preciso ter organização, planejamento e saber lidar com o grupo. “Todo empreendedor, seja de qual carreira for, precisa saber onde quer chegar. Sonhar é muito bom, mas o sonho precisa ter uma dinâmica, uma preparação, precisa buscar conhecimento, ver o que os outros dentro da sua área estão fazendo, não para copiar, mas para se diferenciar”, entende.
Família
Raquel é mãe de dois meninos e é casada com Daniel, que também é professor da rede municipal. A rotina familiar é bem intensa devido à dedicação profissional de ambos. Ela se descreve como uma mãe “coruja”, muito presente, que acompanha a vida, os estudos, as atividades e as emoções de seus filhos. Quando não está trabalhando, Raquel é caseira e aprecia esses momentos preciosos em casa para recarregar as energias com a família.
Educação com respeito
Um dos pontos que mais move Raquel e, paradoxalmente, a tira totalmente do sério é a injustiça, especialmente com crianças. “Trabalho desde os 16 anos com crianças, então digo: não faça uma criança sofrer. Não falo de dar disciplina, mas sim, de ofender ou fazer com que se sinta acuada, com medo”, aponta. Para ela, a disciplina deve ser dada com amor e respeito.