
A presença da música como componente curricular das escolas de Teutônia acaba de receber reconhecimento acadêmico estadual. A pesquisa do professor e músico teutoniense Pedro Schaeffer foi destaque na Plataforma Sucupira / Capes no quadriênio 2021-2024, como uma das produções de referência do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs). Além disso, o trabalho foi indicado ao 1° Prêmio Nacional de Teses e Dissertações da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem).
Para Pedro, esse reconhecimento não é individual. “Ele envolve professores, gestores, Conselho Municipal de Educação e toda a rede que acredita na arte como parte da formação integral dos estudantes. É uma conquista da comunidade de Teutônia”, aponta.
O trabalho apresenta a análise de documentos, legislações e orientações pedagógicas do município, com foco na educação musical na Educação Infantil e nos Anos Iniciais da rede municipal.
A pesquisa identificou que a garantia da música na rede municipal não se dá apenas pela contratação de professores, mas por uma estrutura normativa consistente. O Conselho Municipal de Educação publicou orientação em 2011 reforçando a obrigatoriedade da disciplina, dentro do prazo estabelecido pela legislação federal. Além disso, os Projetos Político-Pedagógicos (PPP) das escolas citam a música como parte integrante da formação artística.

Pedro defende que a música instiga a criatividade e a ludicidade dos alunos / Crédito: Divulgação
Diferente da maior parte das cidades gaúchas, nas quais carecem professores especialistas de Música e a disciplina ainda não se consolidou, Teutônia cumpre as determinações da lei nº 11.769/2008 e mantém a matéria como parte da formação escolar.
Pedro conhece essa realidade por dentro. Ele estudou na Emef Theobaldo Closs, onde hoje é professor de Música. Aos 17 anos, ingressou na graduação em Música da Uergs, em Montenegro. A influência veio de casa: ele é filho do músico popularmente conhecido como Xêpa, figura presente em eventos culturais de toda a região.
Pedro almeja o doutorado para seguir na investigação e luta pela arte da música nas escolas. “Eu sempre tive a música no cotidiano da minha família. Quando entrei no grupo de pesquisa da Uergs, percebi que muitos municípios não têm professores específicos de Música, o que leva à ausência da disciplina. Sabendo que Teutônia já tinha essa prática consolidada, decidi pesquisar o município para contribuir com o mapeamento nacional da educação musical”, explica.
A música como instrumento crítico
Pensar música na escola hoje significa pensar educação para o século 21. Em um contexto de novas tecnologias, a arte contribui para habilidades que vão além do domínio técnico de conteúdos.
“Não basta sair da escola lendo e fazendo contas. A inteligência artificial já faz isso. A música desenvolve criatividade, sensibilidade, análise crítica. Também aproxima o aluno da escola, quando valorizamos aquilo que ele escuta e vive”, comenta.
Entre os desafios, o pesquisador aponta a necessidade de ampliar o ensino de Música também para os anos finais do Ensino Fundamental, onde predominam aulas de Arte ministradas por professores com formação em Artes Visuais.

Para o pesquisador, a música valoriza a individualidade dos alunos e os aproxima da escola / Crédito: Arquivo Pessoal

