Operação SOS investiga servidores do Samu por direcionamento de contratos, propina e lavagem de dinheiro

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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, nesta quarta-feira (10/12), a Operação SOS, coordenada pelo Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública (Dercap). A ofensiva é resultado de uma investigação que identificou um esquema estruturado de favorecimento ilícito envolvendo servidores públicos vinculados ao Samu de Porto Alegre, com atuação contínua por quase uma década.

Mandados cumpridos e primeiras apreensões

Quatro investigados foram alvos de mandados de busca e apreensão em Porto Alegre e Gravataí. Documentos, equipamentos eletrônicos e registros financeiros foram recolhidos para aprofundar a análise das provas.

O esquema: propina, licitações fraudadas e empresas de fachada

Segundo o diretor do Dercap, delegado Cassiano Cabral, o grupo operava por meio de:

  • fraudes em processos de licitação;
  • direcionamento de consertos de viaturas a uma oficina específica, que devolvia valores em forma de propina;
  • contratos prorrogados de forma irregular;
  • possível superfaturamento de serviços mecânicos;
  • lavagem de dinheiro;
  • uso de empresas de fachada administradas indiretamente por servidores.

A investigação começou após múltiplas denúncias encaminhadas pelo Ministério Público, apontando irregularidades na contratação de motoristas do Samu, na locação de veículos para o DMAE e no envio de ambulâncias para manutenção.

As apurações revelaram que servidores participavam, ainda que de forma oculta, da gestão de empresas contratadas pelo próprio órgão ao qual eram vinculados — um arranjo que garantia vantagens indevidas, eliminação da concorrência e continuidade dos contratos ao longo dos anos.

Movimentações financeiras expõem propina sistemática

O delegado Guilherme Calderipe explicou que a análise financeira revelou um padrão típico de repasse ilícito: pagamentos da prefeitura à oficina mecânica eram seguidos, em menos de 48 horas, por saques em espécie de valores praticamente equivalentes, realizados por servidores investigados.

Os saques totalizam mais de R$ 200 mil, além de depósitos não identificados e movimentações incompatíveis com a renda dos envolvidos.

Linha do tempo do esquema

  • 2015: surgem os primeiros contratos com empresas ligadas aos investigados;
  • 2018–2024: período de maior intensificação, com novos contratos e prorrogações sucessivas;
  • 2024–2025: análise financeira confirma padrão de lavagem de dinheiro e pagamento de propina.

Oficina mecânica e empresas contratadas tinham papel central

Enquanto a oficina mecânica recebia grande parte dos consertos do Samu — cerca de 40% do total, mesmo havendo outras credenciadas —, duas empresas ligadas ao grupo administravam contratos de motoristas de ambulância e locação de viaturas, apesar de estarem formalmente registradas em nome de terceiros.

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