A Patram de Estrela tomou conhecimento da jiboia encontrada e depois solta em Colinas. Informou que o procedimento correto seria encaminhar o animal exótico a um órgão competente – Ibama ou Secretaria do Meio Ambiente (Sema) – e não soltá-lo na natureza.
A Patrulha Ambiental foi acionada por ONGs e biólogos questionando a ação de soltura da serpente, que não é nativa da região e não possui predadores naturais. Os bombeiros Imicol sustentam que receberam a orientação de um integrante da Patram, a exemplo de outras situações similares.
O sargento da Patram que atendeu a reportagem disse que essa orientação não teria partido do órgão. A Patram reforça que o procedimento correto é apreender o animal e dar o encaminhamento correto.
“Não poderiam ter solto novamente na natureza. Se a Patram não estava disponível naquele momento, deveriam ter mantido o animal e aguardado”, sugere o sargento contatado pela reportagem.
“Recolheu, tem que dar destino ao setor de Fauna do Estado ou ao Ibama”. Também informou que o Ibama deverá contatar os bombeiros para obter mais informações acerca da jiboia.
A Patram cita que até mesmo o Setor de Meio Ambiente da Prefeitura poderia ter auxiliado no encaminhamento aos órgãos competentes – Sema ou Ibama.
Qualquer pessoa que encontra um animal deste porte e apreende pode contatar o Balcão da Fepam em Santa Cruz do Sul, o setor de Fauna da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) ou o setor silvestre do Ibama de Porto Alegre. “Não temos como acolher este tipo de animal na região”, enfatiza a Patram.
Bombeiros sustentam que orientação partiu da Patram
A reportagem voltou a conversar com os Bombeiros Voluntários de Imigrante e Colinas (Imicol). Questionamos sobre a orientação recebida da Patram. E o Imicol garante que recebeu: “Que fosse removida a um lugar com rio, água, córrego por perto. Liberamos ela próximo ao rio numa região de mata”, enfatiza a corporação.
Biólogos teme reprodução da cobra
Um biólogo consultado pela reportagem é enfático: “Não deveriam em hipótese alguma ter soltado o bicho novamente“. Ele explica porquê: “Isso a médio e longo prazo pode ter sérias consequências de ataques a animais domésticos e até pessoas“.
O biólogo salienta que é um animal adulto e se é uma espécie exótica, que não tem muitos predadores, quando se reproduz produz muitas crias. “É um problema sério. Pode dar consequências futuras”, alerta.
Os predadores da jiboia seriam jacarés ou onças, disse o biólogo. “O jacaré do papo amarelo é fichinha para uma cobra adulta deste porte”. Ele reforça o exemplo da infestação de piranhas no Rio Jacuí.
O biólogo insiste que o procedimento correto seria “encaminhar ou entrar em contato com o órgão ambiental competente pra fazer o devido encaminhamento”. Um segundo biólogo consultado reforça que a jiboia não é nativa da região. “Alguém trouxe ela”.
Um terceiro profissional de biologia ouvido – uma bióloga – concorda que a preocupação da proliferação é legítima. “Elas não são nativas na nossa região. Deveria ir para um serpentário ou um zoológico”, complementa.
Jiboia ou Sucuri?
Pela fotografia, o primeiro biólogo ouvido ficou em dúvida se a cobra era realmente uma jiboia ou poderia ser uma sucuri. “A sucuri é de ambientes aquáticos e a jiboia não é tanto de ambiente aquático”, aponta.
“Outra dúvida é pelo padrão de cor”. Ele consultou outros biólogos que tiveram a mesma impressão que seria uma sucuri. “Começa pela identificação. E todos concordaram parecer mais uma sucuri. Segundo, todos acharam absurdo soltar novamente”, reforça.
Telefones úteis para estas situações
Patram Estrela – (51) 3720-1318
Ibama Porto Alegre – (51) 3214-3401, 3214-3470 e 3214-3480
Setor de Fauna (DBIO/SEMA) – (51) 3288-7455 / 7458