Após mobilização nas redes sociais, nos veículos de comunicação e no boca a boca, o grupo de cinco estudantes da Universidade do Vale do Taquari (Univates) e outros 60 alunos de outros locais do país conseguirão retornar da Colômbia. Eles iniciaram um programa de intercâmbio no começo do ano e, por reflexo da pandemia de Coronavírus, voos foram cancelados e a embaixada tornou-se a única solução para retorno ao Brasil. Na sexta-feira (29/05), eles receberam a notícia de que conseguirão o voo de repatriação humanitária e irão retornar nesta quinta-feira (04/06).
O estudante de educação física, Jackson Augusto Von Mühlen, relata que o Itamaraty e a embaixada confirmaram o voo de retorno ao Brasil ainda na sexta-feira. “Sim, estamos voltando, conseguimos, graças a Deus”, desabafa ele. Para isso, eles realizaram uma inscrição para o voo de repatriação humanitária, que será organizado pela empresa Avianca. Jackson e outro estudante do Vale do Taquari haviam comprado passagens de retorno nesta empresa, e por isso não pagarão para realizar o trajeto, mas os outros três estudantes da região, que haviam comprado passagens na empresa Latam, pagarão US$ 468 (em dólares), o que equivale a R$ 2.600. “Estamos conversando com a Latam e seguiremos até o momento do embarque para que consigam trocar essas passagens”, conta Jackson.
O voo de retorno será às 7h de quinta-feira (9h no horário do Brasil), saindo de Bogotá. Conforme Jackson, foram solicitadas diversas medidas para evitar o contágio por Coronavírus no aeroporto, como higienização, uso de luvas e máscara, distanciamento nas filas e outros. A previsão é chegar em São Paulo às 3h30, e a partir daí, cada estudante retorna ao seu estado. “Olhei o valor das passagens de São Paulo para Porto Alegre e estava em R$ 1 mil. Contudo, minha irmã esperou o valor mudar e conseguiu passagem por R$ 300 para um voo que sai às 5h30 de sexta-feira”, conta.
Jackson relata que não vê a hora de estar em casa. Primeiramente, ele irá permanecer em quarentena por 14 dias. “Pretendo fazer teste para Covid-19 para ver se não houve contágio”, conta ele. Ademais, ele agradece a Univates e a imprensa pelo apoio dado durante a campanha.
Movimento iniciado em Bogotá seguirá auxiliando o mundo
O número de pessoas que pretendem retornar da Colômbia para o Brasil, conforme levantamento da Rede Globo, é 250, pois outros turistas passam pelo mesmo problema. O voo de repatriação, contudo, é para 230 pessoas. Por isso, o movimento iniciado em Bogotá deve continuar após o retorno ao Brasil, pois além de 20 pessoas que ainda estarão na Colômbia, há brasileiros em diversos outros países que precisam retornar. “Podemos mostrar que o jovem brasileiro tem voz. Se queremos algo, temos que lutar para conseguir”, explica. Além disso, alguns intercambistas optaram por não realizar o voo de repatriação por ser um valor muito elevado.
No Brasil, o movimento iniciado em Bogotá vai continuar, pois há intercambistas e turistas em outros países que passam pela mesma situação. “Tem brasileiros no México que nos mandaram mensagem e também tentam voltar ao Brasil, estudantes brasileiros estão em outros países e pediram ajuda”, relata. Segundo Jackson, foi muito positivo ver como as pessoas abraçaram a causa.
As mobilizações iniciaram logo após o pronunciamento do presidente da Colômbia sobre fechamento dos aeroportos, que faz apenas duas semanas. “De um dia para o outro, haviam pessoas mandando mensagens e compartilhando nas redes sociais, e duas semanas foi rápido para um movimento tão grande como o que tivemos, e pretendemos continuar”, celebra Jackson. Para o estudante, não há arrependimento em ter iniciado o intercâmbio. “Conheci pessoas incríveis, intercambistas da Argentina, México, Espanha. São pensamentos diferentes, opiniões fortes e todas, sustentadas”, relata Jackson.