Professor de Poço das Antas é campeão mundial de Capoeira

Natural de Jaguarão, Erik Ávila é professor de capoeira em Poço das Antas e conquistou o título mundial em Curitiba

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Competição teve representantes de 19 países - Crédito: Arquivo Pessoal / Divulgação

A trajetória de Erik Gonçalves Ávila, conhecido no mundo da capoeira como “Cachopa”, é um exemplo de resiliência, paixão e compromisso com a cultura brasileira. Natural de Jaguarão, na região fronteiriça do Rio Grande do Sul, ele trilha um longo caminho no esporte, que o levou dos campos de futebol amador até a consagração como campeão mundial de capoeira.

Hoje é professor de capoeira em Poço das Antas, e sua história é marcada por desafios, aprendizado constante e a busca pela excelência dentro e fora das rodas de capoeira.

O esporte esteve presente na vida de Erik desde a infância. Criado em uma família com tradição no futebol, seu caminho esportivo começou nas quadras de futsal de Jaguarão, onde participou de diversas competições municipais. “Desde cedo, o esporte me ensinou sobre disciplina e superação”, recorda.

Posteriormente, sua mudança para Blumenau, em Santa Catarina, e, depois, para Bom Princípio, o levou a migrar para o futebol de campo. Lá, chegou a realizar testes no Grêmio. “Atuei como volante, mas minha agilidade e porte físico me fizeram ser deslocado para a parte mais avançada do campo, voltado para um atacante”, conta.

O encontro com a capoeira

Aos 15 anos, Erik teve seu primeiro contato com a capoeira através de um projeto social da Prefeitura de Bom Princípio. Inicialmente como uma atividade extracurricular, logo a arte-luta se tornou uma paixão e uma missão de vida. “A capoeira me ensinou muito mais do que técnica e movimentação; ela me mostrou um novo modo de enxergar o mundo”, afirma.

Da marginalização ao reconhecimento internacional

Erik ressalta a história de resistência da capoeira, que surgiu como uma forma de defesa e expressão cultural dos negros escravizados no Brasil. Durante séculos, a prática foi marginalizada e até mesmo criminalizada, sendo proibida no Código Penal após a abolição da escravidão.

A capoeira foi oficializada apenas na década de 1930, no governo de Getúlio Vargas, e começou a ganhar espaço como expressão cultural e esportiva reconhecida.

Berimbau Tchê e a formação de atletas

Erik é um dos principais nomes da Escola de Capoeira Berimbau Tchê, onde atua como professor e formador de novos talentos. “Nosso trabalho vai além da capoeira. Queremos contribuir para a formação de indivíduos comprometidos com a disciplina e o respeito”, destaca.

A escola oferece aulas em Poço das Antas e em diversos municípios do Vale do Caí, incluindo Bom Princípio, Salvador do Sul e São José do Hortêncio. O time da Berimbau Tchê também tem a professora Jaqueline, que atua em escolas e creches, e o Mestre Fabrício Ferraz, uma referência na capoeira da região.

Campeonato Mundial

Após muito tempo de preparação, Erik alcançou o topo do pódio ao conquistar o título no 12º Campeonato Mundial de Capoeira do Muzenza, de Curitiba.

A competição foi realizada na primeira semana de janeiro de 2025 e reuniu mais de 500 atletas de 19 países diferentes na capital paranaense, na sede do Grupo de Capoeira.

“Foram anos de treinamento, dedicação e abdicação de momentos pessoais para chegar até aqui”, revela Erik. “Renunciei a festas, eventos familiares e muitas noites de descanso para estar preparado”, comenta.

Capoeira competitiva

As competições de capoeira avaliam diversos aspectos do jogo dos atletas, incluindo técnica, volume de jogo, execução de movimentos acrobáticos (floreios) e sincronia com o ritmo do berimbau. “O jogo precisa estar alinhado com a musicalidade e o toque do berimbau”, explica.

No Mundial do Muzenza, mestres experientes foram responsáveis pela pontuação, utilizando bandeirinhas para indicar os vencedores de cada confronto.

Expansão e novos desafios

Com o título mundial, Erik deseja ampliar a presença de seu grupo e disseminar a história da capoeira em novas localidades. “Quero ser um porta-voz da capoeira e dos municípios onde atuo, levando essa cultura para mais pessoas”, enfatiza. Ele não pretende parar por aqui e já tem novos objetivos em mente. “Esse é apenas o começo de uma nova jornada”, almeja.

Saiba mais

Interessados em saber mais sobre a Escola de Capoeira Berimbau Tchê ou agendar uma oficina em sua cidade podem entrar em contato pelo Instagram @capoeiraberimbautchê ou pelos telefones (51) 9 9976-7602 (Erik) e (51) 9 8934-7351 (Mestre Fabrício).

Acompanhe a entrevista:

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