Lucão traz medalha olímpica para encontro com fãs em Estrela

Jogador da seleção brasileira de vôlei falou do início da carreira, dos atuais desafios, presentou fãs, tirou fotos e distribuiu autógrafos

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O atleta contou histórias engraçadas, como de quando ainda não amava o vôlei / Crédito: Rodrigo Angeli e Bruna Braun / Prefeitura de Estrela / Divulgação

Mesmo tratando-se de uma véspera de feriadão de Carnaval, a Câmara de Vereadores de Estrela recebeu grande público na noite da última sexta-feira (21/02). O motivo não era uma pauta urgente de alguma sessão especial do legislativo estrelense, e sim uma rara oportunidade de torcedores de Estrela e região estarem diante de um campeão olímpico: Lucas Saatkamp, o “Lucão”.

Em evento oportunizado pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Smel), com apoio da Associação Vale do Taquari de Esportes (Avates) e do Poder Legislativo, o atleta nascido em Colinas em 1986 e que começou a ganhar o mundo pelas quadras estrelenses bateu um descontraído bate papo com os mais de 170 fãs, admiradores do vôlei e do esporte em si. Logo na chegada, Lucão já atendeu a alguns fãs. Distribuiu autógrafos; posou para fotos – algo que se repetiu com ainda mais força ao fim da noite –; conversou com amigos que não via há muito tempo e também reviu familiares. Já diante dos pais e autoridades, entre eles o vice-prefeito Valmor Griebeler e o presidente da Câmara, João Braun, Lucão proporcionou muitas risadas mas também não deixou de emocionar alguns ao contar histórias e dar bons exemplos, principalmente aos muitos jovens presentes na plateia, do quanto vale ser persistente para a realização dos sonhos.

Na arrancada do bate papo, ainda um pouco “desconfortável”, disparou. “Juro que é mais fácil jogar diante de 15 mil pessoas, em um ginásio lotado, do que conversar cara a cara com tantas pessoas, e todos olhando para mim.” Lucão relembrou do início nas quadras de vôlei, ainda em Estrela, quando já media 1,85m aos 13 anos. “Na saída de uma loja professor Ademir Uebel me viu, ficou impressionado com a minha altura, e disse para meus pais que eu devia praticar algum esporte. Vim jogar basquete com a turma dele, no Colégio Martin Luther, aqui em Estrela, onde passei a estudar. Mas a modalidade passou por dificuldades e foi então que surgiu o convite do vôlei. Mas juro, naquela época, se me perguntassem se eu preferia levantamento de peso ou vôlei, escolheria a primeira opção”, reconheceu, para gargalhadas do público. “O vôlei era apenas o significado de estudar em um bom colégio. Hoje é uma paixão, minha vida. Ele é muito prazeroso. Você nunca sabe o que vai ocorrer no set seguinte.”

Lucão falou das dificuldades do dia a dia de um atleta profissional, como os treinos puxados, os poucos dias para estar com os familiares e a insegurança que o esporte ainda proporciona a todos os envolvidos no Brasil. “É preciso treinar todos os dias, e muito. Pois você olha para trás e tem outros dez treinando forte e querendo seu lugar. E mais, as pessoas não tem ideia do quanto o vôlei exige, por exemplo, estudo. É preciso ficar as vezes por horas analisando porque tal atleta salta sempre com a perna esquerda, ou porque aquele outro bate na bola com os dedos mais abertos. As pessoas não entendem que, mesmo sendo você o que tem o saque mais forte do time, precisa as vezes sacar lento. Tudo faz diferença. A vitória está nos pequenos detalhes”, definiu. “Uma pena que no Brasil a burocracia, a falta de apoio e outras questões não permitam que o vôlei e demais esportes não sejam para tantos outros jovens e suas famílias a garantia de alegrias, conquistas e carreira, como é para mim, pois qualificada mão de obra nós temos.”

Hoje defendendo as cores do Funvic/Taubaté-SP na Superliga Masculina de Voleibol, o campeão olímpico em 2016 no Rio afirmou que foi um “baque” perder a medalha de ouro quatro anos antes, em Londres, apesar de se reconhecer como um atleta frio. “Emoção exagerada lhe atrapalha. É preciso foco em seu objetivo”, destacou, ao enfatizar que o ouro na Olimpíada de Tóquio, este ano, é sim uma de suas metas. Depois, ao responder às perguntas da plateia, falou da sua relação com o técnico Bernardinho, um pouco da sua vida pessoal, de adversários e vitórias inesquecíveis, lembrou do amigo e incentivador Sandro Borges Tomazi, o Sandrão, que faleceu em um acidente de carro no início de 2003. Já com a medalha de ouro no peito, agradeceu a oportunidade, enalteceu Estrela como um berço do vôlei e presentou duas pessoas do público – que se inscreveram antecipadamente para a palestra – com uma camiseta do Taubaté e da seleção brasileira. No fim, mais fotos e autógrafos em bolas e camisetas trazidas pelos maiores fãs.

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