Mestrando da Univates pesquisa sobre aprendizagem em espaços não escolares de educação

Estudo foi desenvolvido com base no Museu de Arte do Rio (MAR)

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José Alberto Romaña Díaz/Crédito da foto: Natália Bottoni/Divulgação

Refletir sobre os diferentes processos de ensinar e de aprender é fundamental, essencialmente no Programa de Pós-Graduação (PPGs) em Ensino da Universidade do Vale do Taquari – Univates. É por essa razão que o estudante colombiano José Alberto Romaña Díaz desenvolveu seu projeto de dissertação com uma questão em mente: “Como se aprende em um ambiente não formal de educação?”. Díaz é bolsista do mestrado do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições Comunitárias de Ensino Superior (Prosuc) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Tudo começou em 2014, quando o mestrando veio para o Brasil fazer intercâmbio de graduação em Psicologia na Univates e tornou-se bolsista de iniciação científica no grupo Currículo, Espaço, Movimento (CEM/CNPq/UNIVATES). No final de 2016, ele começou o mestrado. “Meu estudo tem foco na interligação entre educação e arte, especificamente na aprendizagem em espaços não escolares”, explica. O seu campo empírico é o Museu de Arte do Rio (MAR), localizado no Rio de Janeiro. É um dos pontos turísticos no programa de reconfiguração urbanística do Porto Maravilha, que o pesquisador visitou algumas vezes. O local foi escolhido por se tratar de um dos museus que apresentam uma formação com professores e por ser vinculado ao grupo CEM.

Projeto com vários “tibuns”

O verbo tibungar, que é a ação de mergulhar, é utilizado pelo mestrando na pesquisa como método para se aproximar desse espaço. O projeto, intitulado “Tibuns com/ no mar. Mediação e aprendizagem em um espaço poroso”, traz um recorte de três visitas, as quais José chama de “tibuns”.

O primeiro “tibum” diz respeito à arquitetura do MAR. “O museu apresenta dois prédios antigos que, ao mesmo tempo, são representados como dois conceitos. Um deles é chamado de escola do olhar, e é onde residem as ações educativas do local. O outro é o pavilhão de exposições, em que estão exibidas as obras de arte do lugar. Os dois prédios são interligados por uma passarela e uma cobertura fluida em forma de onda”, conta o pesquisador. Segundo ele, o objetivo é pensar elementos que possibilitem aproximações entre a educação e a arte, tendo em vista que os dois conceitos estão ligados – igual à passarela e a onda entre os edifícios.

“Como é possível aprender em um museu?” foi a questão levantada pelo estudante na segunda parte de seu estudo. Díaz observou que muitas das obras de arte expostas no MAR estão no viés da arte contemporânea; ao mesmo tempo, muitas das práticas educativas desenvolvidas pelos educadores do museu são pensadas para a rede municipal de educação do RJ. Assim, pergunta-se como as crianças aprendem. De acordo com práticas educativas realizadas com crianças, Díaz percebeu, no que chamou de “encontro com o absurdo”, que é provável que se force o pensamento a decifrar signos, que gera um estranhamento mas possibilita a aprendizagem. No terceiro “tibum”, o estudante apontou a relação do MAR com a cidade do Rio de Janeiro, tendo em vista que o ponto turístico é famoso no Brasil e recebe muitos visitantes por dia. “Estudei o entorno do local, a questão política e social do lugar”, aponta.

Diante do estudo, o pesquisador constatou a potência que esses espaços não escolares têm para o ensino e aprendizagem. “São espaços que ajudam a pensar a educação diante de uma sociedade tão informativa e dinâmica como essa que nós estamos vivendo”, afirma. Ele ressalta que o museu é apenas um exemplo de espaço não formal de educação, mas que existem vários outros locais com as mesmas características que podem incentivar o conhecimento. “Investigar não é algo linear, embora se tenha um planejamento. Durante o projeto errei e acertei, os dois ao mesmo tempo, o tempo todo. Essa flexibilidade de abraçar um problema e caminhar junto com esse problema, entende? Pesquisar às vezes a gente acha que é um produto pronto”, comenta Díaz.

Conforme a orientadora da pesquisa e coordenadora do grupo Currículo, Espaço, Movimento (CEM/CNPq/UNIVATES), Angélica Vier Munhoz, o projeto é importante pois mostra museus e escolas como espaços que produzem práticas educativas mais artísticas, impulsoras de processos de aprendizagem. “São conceitos que ajudam a pensar e avançar nas práticas pedagógicas”, afirma.

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