Projeto sobre controle biológico em videiras realiza capacitação com produtores na Univates

Atividade sobre metodologia de avaliação de ácaros ocorreu nesta quarta-feira

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o Projeto busca soluções para que os produres não precisem usar mais pesticidas em suas plantações/ Crédito da foto: Nicole Morás/ Divulgação

Da Univates para as plantações. O projeto “Manejo de vinhedos: controle biológico e a influência sobre a produção de substâncias bioativas” busca identificar soluções para o manejo de ácaros que atingem as videiras no Vale do Taquari, de forma que os produtores não precisem usar pesticidas nas plantações. Para isso a alternativa é encontrar inimigos naturais — como ácaros predadores — que façam o controle biológico. A pesquisa é coordenada pelo doutor Juarez Ferla e realizada no Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS) da Univates, com apoio dos PPGs em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) e em Biotecnologia (PPGBiotec).

Como uma das metas do projeto, foi realizada nesta quarta-feira (05/12), a segunda capacitação para vinicultores sobre ácaros fitófagos na cultura da videira, intitulada “Capacitação sobre metodologia de avaliação de ácaros em videiras no Vale do Taquari”. A mestranda do PPGBiotec Graciele Kemerich iniciou as atividades. Entre os assuntos, ela abordou a resposta das plantas à presença de ácaros e de ácaros fitófagos, tendo o professor Ferla explicado que sem o ácaro predador a planta gasta muita energia se defendendo, mas com ele pode se desenvolver melhor.

“Se formos comparar com o corpo humano, seria o caso de uma planta sem ácaros predadores estar com infecção generalizada e precisar usar todos os seus recursos para combatê-la. Com o ácaro predador que ajuda a controlar a população de ácaros fitófagos, é como se houvesse apenas um órgão doente para a planta se ocupar”, comparou Ferla. Os participantes são oriundos do Vale do Taquari e da Serra.

Uma das produtoras a participar foi Lorena Ferla de Imigrante. Ela e o marido iniciaram a plantação de uvas do tipo Moscato pensando no consumo próprio. “Sempre buscávamos em Garibaldi, e como meu esposo gosta muito de uvas, um dia ele chegou em casa com 60 pés da fruta, que no primeiro ano já rendeu uma colheita de uma tonelada. Então começamos a produzir nosso próprio vinho e a vender os cachos e a bebida para os vizinhos, e hoje ampliamos a plantação”, relatou ela.

Lorena acrescenta que é a primeira vez que participa de uma capacitação sobre o assunto e gostou de descobrir que as folhas que apresentam manchas podem ter relação com os ácaros. “Sabia que havia alguma coisa e pensei que era possível ver a olho nu. Hoje descobri que as manchas são causadas por ácaros e que é mais fácil vê-los com a lupa. Também descobri que, na verdade os ácaros não interferem na quantidade de açúcar da fruta, diferente do que eu imaginava”, disse ela, que é descendente de italianos. “Sou gringa e essa é uma razão para eu gostar de beber vinho, sem contar que faz bem para a saúde. Temos orgulho do nosso vinho, pois ele é puro e o resultado de muito cuidado”, finaliza a produtora.

Da Cooperativa Vinícola Garibaldi, Evandro Bosa atua no departamento técnico e explica que a parceria com a Univates iniciou há cerca de dez anos. “Na época também estávamos começando a trabalhar com essas questões. Por meio das trocas com os pesquisadores conseguimos visualizar diferentes formas de controle e de identificação de ácaros. Era uma novidade para nós e aprendemos o tempo certo das aplicações para controle dos ácaros ”, disse ele, que leva o conhecimento das atividades como as desta quarta-feira para os produtores da cooperativa.

Saiba mais: o projeto

A pesquisa tem financiamento de R$ 999.946,04 do Banco Mundial, via Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. Como atividade do projeto, estão sendo realizadas análises de campo em uma área de 1,7 mil hectares — que compreende a produção de uva nos municípios de Dois Lajeados, Imigrante, Marques de Souza e Putinga.

A pesquisa surgiu a partir da demanda identificada na região, que evidenciou a presença de ácaros e outras pragas que atacam os parreirais e prejudicam a produção de vinho. Esta foi a segunda capacitação realizada pelo projeto. A primeira ocorreu em abril.

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