Em almoço na CIC Teutônia, economista projeta crescimento de 1,5% em 2024

Evento marcou os 24 anos da entidade.

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Crédito: Lucas Leandro Brune

A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) Teutônia realizou o último almoço empresarial deste ano no dia do aniversário da entidade. A economista Eleonora de Oliveira abordou o tema “Cenários econômicos e perspectivas para 2024” ao meio-dia desta sexta-feira (1º/12), no auditório da entidade. A projeção geral dela é o Brasil manter crescimento, porém em um patamar menor do que neste ano.

Se em 2023 projeta-se fechar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 3% – para 2024 a previsão é de 1,5%. “Nas próximas semanas fecharemos a projeção com mudança positiva, podendo chegar a 1,7% a 1,8%”, avaliou. Não prevê crescimento espetacular para 2024 em função das questões climáticas. “Teremos crescimento mais homogêneo entre os setores. O 1,5% tem ganhado viés de alta porque temos nos surpreendido com a economia brasileira”, acrescentou.

A retomada pós-pandemia foi intensa no Brasil e com ritmo de crescimento superior ao do período anterior. “O crescimento surpreende nos últimos anos. Pode ser reflexo do ciclo de reformas que ocorreram desde 2016. E três fatores adicionais contribuíram: preço das commodities, reabertura da economia e gastos públicos elevados”, apontou.

Ela citou que 1,5% a 1,6% é o crescimento natural, sem nenhum estímulo. Depois da pandemia, o potencial de crescimento subiu para 1,8% a 2,0%. “Isso é muito positivo para a economia brasileira. Permite crescer mais sem gerar tantas pressões inflacionárias ou no mercado de trabalho”, sinalizou.

O Agro teve safra recorde e significou a maior parte do crescimento econômico do Brasil em 2023. Indústria e Serviços tiveram resposta menor. Na ótica da demanda, ainda temos consumo das famílias em bom patamar e o investimento sinaliza andando de lado ou negativo.

“Crescimento mais moderado, juros globais elevados, dólar ainda forte e risco geopolítico limitam a economia brasileira nas duas pontas”, explica Eleonora. A inflação vai continuar em queda, mas de maneira gradual, podendo chegar a 3,9% ao ano em 2024. A taxa de juros também manterá redução, no entanto sempre em ritmo muito lento. “Isso só se reflete em seis trimestres, move-se em velocidade lenta. Demora para o efeito chegar na ponta”, alertou.

A inflação foi uma das piores heranças da pandemia. As economias desenvolvidas debelam o problema, mas ainda não chegou-se à meta de 2%. “Tivemos uma série muito longa de taxa de juros elevada, o que historicamente acaba em recessão. A economia norte-americana será resiliente ao aperto monetário? Somente um dos últimos 11 apertos teve pouso suave perfeito da economia norte-americana”, explicou a economista.

A situação financeira das famílias em termos de renda está positiva – teve recuperação fantástica pós-pandemia e não vê isso desacelerando. Em termos de dívida, a situação é mais delicada, com a inadimplência subindo. O mercado de trabalho permanece sólido e ajuda na melhora da situação financeira das famílias – a tendência é estabilizar o desemprego ou subir um pouco.

Para 2024 projeta-se a Taxa Selic cair até 9%, ainda elevada, mas o Banco Central precisa manter ritmo restritivo para inflação baixar e chegar à meta de 3%. “Não dá para baixar na marra porque os efeitos aparecem. Da outra vez, em 2012, caímos primeiro, mas depois subimos para 14,25%”, alertou.

A economista Eleonora de Oliveira sugere atenção ao teto de gastos do governo, porque cumprir a meta impacta a trajetória da dívida pública do governo, totalmente atrelada à taxa Selic. “Para melhorar a trajetória da dívida é necessário um ajuste fiscal de R$ 168 bilhões”, sinalizou.

Os maiores riscos para a economia brasileira tem origem no cenário externo. Entender isto será importante, porém o cenário global se tornou mais incerto, a partir da pandemia e guerra da Ucrânica. “Vamos ter uma nova dinâmica geopolítica e mudam-se as alianças de países. Imagina como vai ser, mas possivelmente uma desglobalização, de menor dependência de determinadas economias e tem seus efeitos via preço”, projetou a economista.

CIC 24 anos

O presidente da CIC, Renato Lauri Scheffler, agradeceu a presença de todos para comemorar o aniversário, num vale associativista e sugeriu Teutônia pleitear o título de cidade do associativismo. “Importante termos os números e dados para programar para o próximo ano, como vamos prosseguir no nosso negócio. Nos preparamos para o que virá para frente”, destacou sobre a palestra.

Crédito: Lucas Leandro Brune

Projeções do cenário macroeconômico

Taxa Selic
Novembro de 2023 – 12,25%
Projeção 2023 – 11,75%
Projeção 2024 – 9,00%

Crescimento do PIB
2022 – 2,9%
Projeção 2023 – 3,0%
Projeção 2024 – 1,5%

Inflação IPCA
Outubro de 2023 – 4,8%
Projeção 2023 – 4,5%
Projeção 2024 – 3,9%

Taxa Câmbio (R$/US$)
Outubro de 2023 – R$ 5,06
Projeção 2023 – R$ 5,10
Projeção 2024 – R$ 5,20

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