Emergência do Hospital Ouro Branco opera com 148% da capacidade de atendimento

Se o cenário piorar, novo alerta pode restringir atendimentos, cancelar procedimentos eletivos e focar em urgências e emergências

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HOB emitiu alerta vermelho nesta semana / Crédito: Paloma Driemeyer Valandro

Com a chegada da frente fria e a queda brusca nas temperaturas, as doenças respiratórias têm se multiplicado, pressionando o sistema de saúde no estado e, em especial, no Vale do Taquari. A baixa procura pela vacinação contra a influenza (gripe) segue muito abaixo da meta estipulada pelo Ministério da Saúde, agrava o cenário e contribui para a superlotação de hospitais e emergências.

A 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) trabalha diariamente com a sensibilização dos gestores da área de atuação para ampliar a cobertura vacinal. “Estamos preocupados com a superlotação nas emergências hospitalares. Monitoramos e traçamos estratégias para a população, num todo, compreender que a vacinação é a maior forma de prevenção, o que pode sim reduzir e controlar os casos urgentes”, reitera a coordenadora Rafaela Fagundes.

Inicialmente restrita aos grupos prioritários, a imunização contra a gripe já está disponível para todos os públicos, a partir dos 6 meses de idade. Para se vacinar, basta procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima. “Um ato de autocuidado e cuidado com quem amamos”, completa Rafaela.

O Boletim Epidemiológico mais recente da Vigilância dos Vírus Respiratórios no âmbito da 16ª CRS foi divulgado na quarta-feira (28/5). Ele indica que o maior número de hospitalizações corresponde a idosos e crianças menores de 1 ano de idade. Além disso, confirma 12 óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na região, sendo dois em Teutônia.

Alerta vermelho no HOB

Nesta semana, o Hospital Ouro Branco (HOB), de Teutônia, emitiu alerta vermelho, considerando que a emergência está com demanda alta. A casa de saúde opera em 148% da sua capacidade de atendimento. “Se piorar mais nos próximos dias, o novo alerta será ainda mais crítico e na cor preta. Restringiremos atendimentos, cancelaremos procedimentos eletivos e focaremos nos atendimentos de urgência e emergência”, comenta o diretor executivo do HOB, José Paulinho Brand. Diante desse cenário, pacientes não urgentes e de baixa complexidade podem não ser atendidos e serão redirecionados aos postos de saúde.

Para Brand, o impacto de não aderir às vacinas é catastrófico para o sistema de saúde. “Infelizmente, parte da população brasileira está em descrédito com a ciência e, consequentemente, tem baixa confiança na eficácia das vacinas. Isso, em grande parte, é fruto do momento terrível que todos passamos na época da pandemia de covid-19, sofrimentos e sequelas causadas pelas secas frequentes, endividamentos, perda de renda, seguidas de grandes enchentes”, considera.

Nas semanas recentes, os atendimentos de doenças respiratórias, principalmente em idosos e crianças, chegaram a representar 80% na emergência e nas internações, incluindo Influenza e dengue. Os demais são atendimentos e emergências oriundos de acidentes, procedimentos de traumatologia e obstetrícia.

“Fica claro que a saúde está colapsando e pede socorro. Cada um de nós precisa fazer a sua parte nesse processo e ter consciência de que, se não tomar as vacinas, corre mais risco de ficar doente e poderá não conseguir atendimento nas emergências da nossa região. Não espere faltar atendimento para valorizar a sua vida”, alerta Brand.

Ações conjuntas para conscientizar

Um dos principais desafios enfrentados é a baixa conscientização da população sobre o momento de procurar atendimento nos postos de saúde e quando ir à emergência de um hospital. “Mesmo tendo uma equipe treinada, qualificada, com protocolos clínicos bem estabelecidos, profissionais competentes e experientes fazendo o seu melhor todos os dias, o desafio é conseguir atender toda essa demanda com qualidade e segurança, dentro de um tempo adequado”, frisa o diretor executivo.

Ele observa que a maioria da população trabalha pouco a prevenção da saúde e lembra do hospital somente quando precisa.Assim, segundo Brand, a tensão aumenta nas urgências, “pois salvar vidas necessita de atenção plena e foco total, muitas vezes prejudicados por outras variáveis geradas por atendimentos de demandas não urgentes, que não precisariam usar as estruturas da emergência do hospital”. Aponta que algumas situações, muitas vezes, poderiam ser resolvidas na atenção primária.

Como medidas, o HOB reforça as equipes assistenciais e médicas, com profissionais extras para trabalhar nos horários de maior pico. “Na mesma linha, dialogamos com o Executivo, Legislativo e Conselho Municipal de Saúde, para propor ações conjuntas, emitir comunicados e alertas educativos para a população fazer a sua parte nesse processo, para superarmos juntos mais esse momento de grande dificuldade”, aponta Brand.

Por parte do Executivo, a partir da próxima segunda-feira (2/6) a sala de vacina do Centro Avançado de Saúde (CAS), do Bairro Canabarro, abrirá até as 19h, sem fechar ao meio-dia. No sábado (7/6) também haverá atendimento: das 8 às 17h, sem fechar ao meio-dia, para vacinação contra a influenza.

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