Interior de Estrela registra danos e prejuízos devido às chuvas e enchente

Muitas localidades foram atingidas, estradas vicinais avariadas e construções de propriedades afetadas pelas condições climáticas dos últimos dias

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O produtor José Élio Diel diz que toda sua área de pastagem foi prejudicada

Os fortes ventos e a chuva constante e depois a enchente também causaram danos ao interior de Estrela. A Secretaria Municipal de Agricultura (Smag) divulgou um relatório da Emater/Ascar dos problemas ocasionados pelas condições climáticas desde o início de julho. O estudo vai ajudar a pasta no mapeamento das áreas e culturas que tiveram os maiores prejuízos, principalmente com a enchente dos últimos dias.

De acordo com o balanço, pelo menos 95 propriedades foram atingidas. Arroio do Ouro, Figueira e Costão foram as localidades com maiores danos. “Temos uma perda considerável neste sentido. Mensurar isso ainda é muito complicado, mas já calculamos em mais de R$ 800 mil”, destaca o secretário da pasta, José Adão Braun. O levantamento final dos prejuízos da enchente em todo o município, considerando também a área urbana, ainda está sendo calculado.

O laudo assinado pelo engenheiro agrônomo Álvaro Figueira Trierweiler informa que pelo menos 450 quilômetros de estradas vicinais foram danificados, três comunidades tiveram problemas para escoamento da produção e em torno de 700 acessos a propriedades foram afetados, assim como áreas de pastagens. “Estrela tem uma área de várzea muito extensa, fértil. Mas quando sofre as consequências de muita chuva ou de uma enchente como agora, sai muito prejudicada, pois atinge um percentual muito grande de produção”, explica Braun.

Entre construções e instalações, mais de 40 casas, 30 galpões e 40 silos sofreram danos, assim como a estrutura de 50 açudes usados para irrigação e piscicultura. Ao todo, 60 produtores tiveram avarias em alguma construção, sendo que alguns em mais de uma.
Na produção primária os prejuízos foram grandes. Nos grãos, o trigo ganha destaque. Dos 230 hectares de área plantada no município, pelo menos 50 foram atingidos. “A sorte, ou menor azar, é que a produção de milho e soja não eram as de momento”, destaca o secretário. Na olericultura as perdas atingiram diversas culturas, entre estas de repolho, alface, brócolis, couve-flor, temperos e outros. Na fruticultura, principalmente a produção de morango.

Na produção leiteira, foram pelo menos três dias em que a coleta e escoamento não puderam ser realizados, totalizando mais de três mil litros de leite de cinco grandes produtores que precisaram ser inutilizados. Produção que pode cair a partir dos prejuízos nas pastagens. Segundo o relatório, na pastagem cultivada, dos 1,2 mil hectares de área plantada, ao menos 200 sofreram danos, prejudicando 20 produtores. Na área atingida destes, a perda calculada chega a 40%. “Talvez esteja mesmo na pastagem, tanto a nativa como a cultivada, o maior problema, pois se torna muito abrangente. Agora o crescimento fica prejudicado e isso influencia todo o sistema. E é algo que dá continuidade a outros problemas que já registramos no ano ao homem do campo”, reitera Braun.

Muito barro

A situação é confirmada pelo agricultor José Élio Diel, de 67 anos. Morador de Arroio do Ouro desde que nasceu, diz que não tinha visto ainda algo parecido. “Como moleque tenho uma lembrança da enchente de 1964. Mas essa veio diferente. E logo depois de uma grande seca, seguida de outra época de muitas chuvas”, explica. “O ciclo vai ficar muito curto este ano. Em dois, três meses e já começa outro.”

Dos cerca de dez hectares que tem para criar as 12 vacas leiteiras, acredita que todos tenham sofrido os impactos. “Alguns mais, outro menos, mas todos ainda tem barro e vão demorar para se recuperar. Para chegar aos mais prejudicados, só de bota mesmo”, avalia ele.

A barranca do rio também foi bastante prejudicada. A situação na propriedade de Diel só não é pior porque a produção de aipim segue firme e a silagem não foi prejudicada. Mas o caso dele foi uma exceção. “Verificamos que muita silagem, que era para alimentar o gado até a próxima safra, foi prejudicada, afinal, não pode sofrer nem com a umidade nem com o ar. E isso não faltou nos últimos dias”, atesta Braun.

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