Candidato à presidência da CIC Teutônia aborda desafios econômicos e traça estratégias da gestão

O empresário Renato Scheffler é também vice-presidente regional da Federasul.

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Scheffler conciliará atividades com vice-presidência da Federasul. Créditos: Luciana Brune

O empresário e vice-presidente regional da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul), Renato Lauri Scheffler, foi convidado para presidir a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Teutônia, cargo já ocupado por ele no biênio 2016-2017. Em entrevista no programa Espaço Aberto da Rádio Popular FM na manhã desta terça-feira (31/1), Scheffler abordou sobre os desafios e estratégias da sua gestão e do cenário atual.

Apesar de inicialmente relutante, o empresário se diz satisfeito com a indicação e possibilidade de contribuir mais uma vez com o desenvolvimento regional. “A CIC Teutônia tem respeito muito grande em nível de estado – são 22 anos de atuação e 550 associados – entidades centenárias não possuem isso. E nosso Vale é muito forte, mas estamos passando por situações delicadas como no agro, envolvendo não só a estiagem mas também custos elevados”, comenta.

Com 80% da diretoria composta, a convidada a vice-presidência na sua chapa será Adriana Borgelt, sócia-proprietária da empresa 3F1B Móveis Estratégicos. “Preciso de um vice para realmente estar junto, já que tenho muitos compromissos não só em Teutônia, mas na região através da Federasul”, cita Scheffler.

O candidato quer fortalecer o fomento do desenvolvimento regional através das entidades junto ao poder público. “Nossa entidade tem potencial grande para outras atividades, como o agro, que representa hoje cerca de 40% da arrecadação de Teutônia. Alguns produtores do município têm interesse em se filiar, e sabemos que hoje tudo gira em torno do agro. A Federasul também trabalha essas quatro hélices (comércio, indústria, serviços e agronegócio)”, pontua.

Carta de Osório

Scheffler citou a Carta de Osório, documento lançado em 27 de janeiro que manifesta a preocupação da entidade com os discursos feitos pelo atual Governo Federal. “Buscamos fomentar o desenvolvimento, mas quando o discurso vem de encontro ao que se projeta, a situação se torna preocupante. Como vamos fazer investimentos quando não temos certeza do futuro?”, indaga.

Infraestrutura

Segundo o empresário, o Governo Federal foi feliz ao pedir para que os estados escolham três pontos para investir na área de infraestrutura. “Os portos e o transporte férreo seriam muito importantes para o agro na região. Hoje o custo elevado de logística para o milho e a soja, matérias-primas da produção de ração, dificultam trazer a mercadoria. No Vale, temos toda a estrutura pronta, mas que precisa ser reativada e reformada. E em Teutônia, por exemplo, temos passagem de trem. Por que não se constrói um porto seco para receber a produção? Já o Porto de Estrela depende muito da vontade do poder público”, lamenta.

Conforme o empresário, no Paraná, São Paulo e Mato Grosso a questão férrea está muito bem. A carência surge em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. “Está em construção uma rodovia-norte sul e estamos buscando alternativas para trazer os trilhos até o Porto de Rio Grande, o que facilitaria muito o transporte dos grãos da região central, exonerando consideravelmente o custo da matéria-prima”, comenta.

Conservadorismo

Renato afirma que no RS a tradição é muito enraizada, e a cultura do conservadorismo se reflete nos negócios e na evasão de empresas para outros estados. “Existem empresas em direção ao século 22 com a tecnologia, fazendo em um ano o que estava previsto para 10. Enquanto isso, temos uma legislação da metade do século 20. Como vamos trabalhar e nos desenvolver com leis que nos travam?”, questiona. Ainda, as normas nacionais valem para todo o país, sendo que nem todos pensam igual. Como entidade empresarial, estamos buscando justamente destravar essas questões”, pontua.

Para ele, a CIC tem papel importante para essas soluções, por ser filiada a entidades regional e estadual. “É na base que trabalhamos para levar as demandas aos próximos níveis”, enfatiza.

Planos para a gestão

Dentre os projetos previstos para a sua gestão, Scheffler cita a inclusão do agronegócio nos debates da CIC Teutônia. Também pontua a boa experiência da entidade em articular eventos, e os planos para fomentar o turismo nos próximos dois anos. “Há pontos importantes a serem revistos. Um exemplo é o prato típico da cidade, o ‘Schweinebratten’ (Assado de Porco), que não é servido em nenhum restaurante do município. Estamos fomentando situações e não as estamos cumprindo. E aí surge a questão: não se faz porque não tem demanda ou não temos demanda porque não se faz?”, provoca.

Ainda, enfatiza que um dos objetivos a ser traçado é a preparação dos sucessores dentro das entidades, de forma a evitar desconfortos como a desistência de cargos ou não habilitação para os mesmos. Cita que está preparando a vice Adriana para ser a próxima presidente, e o objetivo é que ela prepare o seu sucessor.

Segundo o candidato, a participação nas entidades abre horizontes e amplia contatos, amizades e relacionamentos diretos. “É nas entidades que podemos buscar o que queremos, mas para isso precisamos nos doar. Quando somos omissos e dizemos que não temos tempo para um cargo, eventualmente aceitaremos o que nos será imposto”, finaliza.

A eleição da nova diretoria da CIC Teutônia ocorre em 28 de março, e a posse será realizada no dia 29. Desde o fim de 2022, a atual presidente da entidade é a empresária Tânia Maria Schardong. Ela permanece no cargo até o dia da assembleia de eleição.

Confira a entrevista completa com Renato Lauri Scheffler:
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