Languiru admite dívida líquida de R$ 723,8 milhões

Dívida bruta chegou a R$ 826,8 milhões em 30 de novembro de 2022, data base divulgada na imprensa. Pagamentos atrasados estão sendo renegociados diariamente com fornecedores e entram em novo ciclo de pagamentos

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Sede Administrativa Languiru // Crédito: Arquivo Folha Popular

O Conselho de Administração da Cooperativa Languiru manifestou-se sobre as recentes notícias – em nível regional, estadual e nacional – sobre sua situação econômica. A dívida de curto e longo prazo (até 2037) chega a R$ 826,8 milhões (brutos) ou a R$ 723,8 milhões (líquidos, deduzido de aplicações financeiras). Os números foram divulgados no fim da tarde de ontem (3/3), em forma de nota.

O presidente Dirceu Bayer atendeu à reportagem ontem e disse que essa dívida está dentro dos parâmetros em comparação com o faturamento. “A participação da dívida líquida sobre o faturamento representa 28,7%. Até novembro de 2022, o faturamento era de R$ 2,5 bilhões”, aponta. “A Languiru contraiu dívidas, assim como tantas outras, visando a continuidade de suas operações”, alegam os conselheiros de Administração.

O documento rebate o valor de R$ 1,8 bilhão anunciado nesta sexta-feira. “Percebe-se claramente que se trata de uma inverdade, demonstrando que a publicação se baseou em interpretação oportunista e de má-fé, em desfavor da cooperativa e seu dirigente”, critica a nota.

A afirmação de falta de transparência também é rebatida no texto. “Já foi amplamente compartilhado com seus associados e comunidade (inclusive em reunião da Amvat), não podendo se falar em falta de transparência, muito menos de um fato novo”, aponta a nota.

A Languiru insiste nos prejuízos de imagem e credibilidade junto aos credores com as informações veiculadas. “As últimas publicações objetivaram não informar, mas sim prejudicar deliberadamente a imagem de uma cooperativa que há 67 anos vem contribuindo decisiva e especialmente com o desenvolvimento do Vale do Taquari, contemplando seus associados, empregados, terceiros e comunidade em geral”, destaca outro trecho.

A nota traz ainda uma queixa pelo fato de “somente a Languiru está sendo foco de exaustivos questionamentos e divulgações excessivas pela imprensa, o que acaba prejudicando e comprometendo a saúde financeira e a credibilidade da cooperativa. Outras empresas também estão passando por dificuldades”. Informalmente, são citadas multinacionais e cooperativas coirmãs.

O presidente também assegura que mais informações serão prestadas aos associados na Assembleia Geral, marcada para o dia 30 de março.

Caminhos

Os dirigentes acreditam na superação do momento com medidas austeras e estratégicas já adotadas para a Languiru atravessar mais este momento. “O nosso problema de momento é o caixa, mas estamos equilibrando”, adianta o presidente.

A venda de ativos também está na pauta diária da direção. Estabelecer parcerias ou vender as plantas industriais permitiriam a injeção de recursos no caixa, reequilibrando o cenário e garantindo a produção.

Sobre os prejuízos acumulados nos últimos dois anos – alta dos insumos e baixo preço da proteína animal de aves e suínos – a Languiru estima cerca de R$ 274 milhões. Este valor não pode ser somado à dívida. É um recurso que a Languiru absorveu e repassou para toda a cadeia.

Vazamento de documento

A nota da Languiru também faz críticas ao vazamento de documento de caráter confidencial. Refere-se a duas páginas, redigidas em folha timbrada e assinadas pelo presidente e responsável financeiro, encaminhadas exclusivamente para as instituições financeiras. No documento, a cooperativa busca renegociar a forma e os prazos de pagamento dos empréstimos contraídos.

Este material está embasado em um relatório complexo com cerca de 70 páginas, produzido por uma consultoria contratada pelo Banrisul para fins de análise específica. “O conteúdo do estudo foi divulgado fora do contexto em que foi produzido, gerando interpretações maldosas e distorcidas”, ressalta Bayer.

Encaminhados unicamente para algumas instituições financeiras, os documentos “foram disseminados e divulgados, sem autorização, em mídias falada, escrita e digital”. Os conselheiros entendem que o compartilhamento causa “enorme prejuízo à imagem da Languiru”.

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