Roda de conversa Mulheres Conectadas é realizada em Paverama

Na noite de debates, um público superior a 160 mulheres acompanhou discussões de temas ligados às áreas de saúde, do campo jurídico e de questões sociais.

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Crédito: Tiago Bald

Como parte da programação do Dia Internacional da Mulher, o município de Paverama realizou na noite de terça-feira (5/3), no Centro Evangélico, a primeira edição da Roda de Conversa Mulheres Conect@das. A atividade, organizada pela Emater/RS-Ascar e pela Câmara de Vereadores, com o apoio da cooperativa Sicredi, e mediada pela jornalista do Grupo Popular, Luciana Brune, teve o objetivo de proporcionar ao público um momento para troca de conhecimentos e de compartilhamento de informações em diversas áreas do universo feminino.

“A nossa ideia não era fazer um encontro que fosse mais do mesmo, até mesmo pela importância e relevância da data”, salienta a extensionista da Emater/RS-Ascar Marlova Pretto, que afirma ter sido esta uma construção de muitas mãos e que parte de uma Lei de autoria da vereadora Ana Sirlei, que instituiu em 2023 a Semana da Mulher no município. Assim, outras ações como a entrega do Troféu Mulheres que Inspiram e a 22ª edição do Baile das Luluzinhas, que ocorre no sábado (9/3), também marcam a data.

Na noite de debates, um público superior a 160 mulheres acompanhou discussões de temas ligados às áreas de saúde, do campo jurídico e de questões sociais. “É um momento rico, oportuno, para que assuntos não tão rotineiros posam ser discutidos”, ponderou Marlova. A fala da extensionista Social da Emater/RS-Ascar Elizangela Teixeira acompanhou a de Marlova. “Relacionamento familiar, anseios, identidade feminina, papel da mulher e mesmo questões práticas sobre a construção de uma sociedade mais justa e igualitária em relação a gênero, foram comentados”, enfatizou Elizangela.

Extensionista Social na Emater/RS-Ascar, a socióloga Ana Cândida Barth pontuou o fato de a mulher em muitos casos ser a responsável pelas atividades em casa, no contexto doméstico, o que evidencia a sobrecarga de trabalho. “Antigamente, até por questões culturais, a mulher ficava mais em casa e hoje ela está no mercado, empregada e ainda necessita estar plenamente presente nesse terceiro turno, cuidando de filhos, de janta, de louça”, analisa. “E muitas vezes não será fácil quebrar esses padrões estabelecidos, daquilo que se espera de cada gênero”, comenta.

A fala da psiquiatra Estefanea Coltro foi ao encontro da de Ana Cândida. Em sua manifestação ela reafirmou a importância de cuidar de si própria, de exercitar a autoestima, antes de pensar no outro, algo que muitas vezes é negligenciado. “Suprimimos nossos desejos, seja de praticar um esporte, aprender um idioma, fazer algum curso ou mesmo sair com as amigas por ficarmos presas às rotinas”, afirma. A profissional salienta que essa é uma questão que chega muito ao seu consultório, especialmente quando há filhos envolvidos. “Não percamos de vista que ser mãe é um traço da nossa existência, e que não nos define”, salienta.

Para Mônica Magalhães, advogada e especialista em direito previdenciário, esse diálogo é importante, especialmente no que diz respeito às próximas gerações. “A educação consciente permitirá essa quebra de paradigmas”, acredita. Durante a roda de conversa, o tema da violência contra a mulher – que pode ser não apenas física, mas psicológica, financeira e outros – também foi pauta. “E a transformação da mulher em termos de autoconfiança e autoestima também passa pela quebra desses eventuais ciclos”, comentou a empresária Gisele Rezende, a quarta painelista.

Como uma das possíveis “saídas”, Ana Cândida destacou o trabalho da Emater/RS-Ascar em relação ao fortalecimento do associativismo, da coletividade, da sororidade e da capacidade de pedir ajuda, se for o caso. “Talvez a gente não consiga mudar o outro, mas podemos começar modificando a nós mesmas”, frisou. Para ela, é bastante natural reproduzir vivências nas bolhas, nos ambientes a que se está acostumada. “Só que quando saímos de casa, encontramos outras realidades, outras experiências e isso pode ser muito salutar”.

Presente no encontro, a cuidadora de idosos Marlise Linck, de Paverma, considerou o evento importantíssimo, atual, relevante. “Muitas vezes a gente realmente não olha pra si”, analisa. Casada e mãe de três filhos homens ela acredita que os exemplos de casa também podem reforçar a experiência de um ambiente doméstico harmonioso. “Minhas noras, por sinal, estão muito satisfeitas porque ensinei os meus ‘meninos’ desde que eles eram pequenos sobre essas questões, de manter a casa em ordem, de se comportar verdadeiramente como adultos”, finaliza.

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