Cidades contabilizam perdas

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Arroio da Seca causou muitos estragos / Crédito: Cris Thomé

Cada cidade registrou diferentes impactos na maior catástrofe natural da história e, possivelmente, uma das piores do Brasil. De 27 de abril a 5 de maio, rios, arroios e córregos atingiram níveis recordes de água, enquanto que as encostas deslizaram abaixo, causando destruição e morte. Localidades de Westfália registraram 830 milímetros em 7 dias. Em Teutônia oscilaram entre 600 e 700 milímetros. Em Colinas, pluviômetros marcaram mais de 1.000 milímetros, conforme as autoridades.

São quantidades normalmente distribuídas em 4 a 6 meses, mas que desta vez chegaram em uma semana ou até menos. Tudo isso caiu para as bacias dos arroios da Seca e Boa Vista. O solo encharcado e os níveis de água elevados contribuíram para que as “pancadas de chuva” seguintes causassem um estrago impensável.

Sem sinal de energia ou telefonia, a água potável e os alimentos logo faltaram. Os pedidos de socorro ecoavam sem saber se alguém estava ouvindo. O rádio à pilha sintonizado nas emissoras da região – entre elas, a Popular 96,9 – era o companheiro para informar, já que a internet estava offline. Entre as ações futuras, resgatar rádios amadores para comunicação poderá ser solução em casos extremos de “corte das demais comunicações”.

Familiares desesperados procuravam informações de outras cidades. Queriam um megafone para dar “volume” na comunicação para ver se os parentes “estavam bem e seguros”. Sentimento de impotência, misturado com angústia e desejo de agir sem saber como. Luta desenfreada para ver a água baixar – e ela demorou a diminuir – para reencontrar os demais membros.

As vidas perdidas não tem preço! Os números ainda não são definitivos e há muito a fazer. A partir de agora, concentra-se na reconstrução mental e emocional de quem ficou para ter ânimo, força e fé para seguir em frente. No campo econômico e social, os municípios precisarão de muito reforço governamental para dar a volta por cima. O principal é reconstruir a auto-estima da população e assegurar a permanência dos moradores para reerguer a cidade. O processo migratório já começou a ser percebido e os municípios menos atingidos, além de ofertar ajuda, recebem procura por imóveis e matrícula nas escolas.

TEUTÔNIA

Conforme registros de moradores em várias localidades, no dia 30 de abril de 2024, o nível do Arroio Boa Vista atingiu cotas históricas, superando as marcas de 28 de junho de 1982 e de 12 de outubro de 2000. O rastro de destruição, sujeira e lama varreu de Pontes Filho até Linha Wink. As áreas mais baixas permaneceram submersas por cerca de 3 dias e somente após 5 dias houve a liberação da Estrada da Várzea. O arroio principal teve três momentos de elevação, enquanto os afluentes Harmonia e Schmidt registraram vários picos.

A situação extrema exigiu o trancamento do trânsito entre os bairros Languiru e Teutônia pela ERS-128 (Via Láctea). A ponte foi bloqueada por questões de segurança nos dois momentos que o nível do Arroio Boa Vista atingiu cotas preocupantes de praticamente alcançar a viga. A liberação só ocorreu após avaliações da engenharia do município e da EGR.

Se nas baixadas a água inundou, nas encostas e nos topos dos morros causou escorregamentos e deslizamentos. Em Linha Gamela, o deslizamento iniciou no topo e veio parar próximo a uma casa, abrindo uma “picada” em meio à mata, com água correndo. Em Linha Harmonia Alta e Fundos, o Município evacuou moradores por medida de precaução após deslizamentos e quatro casas foram consideradas inabitáveis.

ERS-419 precisou ser bloqueada em diferentes pontos por alagamentos / Crédito: Carla Beckmann

POÇO DAS ANTAS

Os arroios Boa Vista e Poço das Antas causaram inundações jamais vistas. Pontes importantes foram arrancadas, especialmente na comunidade de Boa Vista – SUBV/Mãe de Deus e Boa Vista Alta. E a ponte do Cebovi precisou de liberação parcial porque a estrutura das vigas foi afetada por algum material durante a fúria das águas. O município também sofreu com desmoronamentos em trechos de estradas, o que dificultou acessos a Brochier, Salvador do Sul e até Teutônia – este, por água na pista.

Parte da ponte na Boa Vista Alta em Poço das Antas foi arrancada / Crédito: Divulgação

IMIGRANTE

As pessoas viram o Arroio da Seca arrancar pontes e pinguelas e os deslizamentos bloquearem acessos às comunidades do interior. Asfalto arrancado e obras recém concluídas foram levadas embora. O rastro de destruição foi intenso em casas e outras instalações, afetando quase todas as famílias de alguma forma. Em Linha Imhoff, um deslizamento afetou a acessibilidade e uma família precisou de apoio aéreo para auxiliar no resgate.

Obras feitas há pouco tempo foram arrancadas em Imigrante

COLINAS

As ações se concentraram em retirar quem poderia ser atingido pela enchente do Rio Taquari e eventualmente quem tinha risco de ser afetado por deslizamentos. Energia elétrica, telefonia e estradas foram afetadas. A ERS-129 parece uma antiga estrada de chão batido. A falta de comunicação foi percebida, mas havia uma conexão por Linha Ano Bom até Teutônia.

Área central de Colinas foi afetada pela enchente mais uma vez / Crédito: Angélica Pott

WESTFÁLIA

As águas não chegaram a causar tanta preocupação em termos de inundações, porém os deslizamentos nas regiões altas sinalizam atenção. Linha Paissandu, Berlim, Schmidt Fundos e outros pontos elevados registraram deslizamentos ou início de escorregamentos. Famílias precisaram deixar suas casas por conta do risco de soterramento. Problemas em estradas e pontes também foram verificados, além de bloqueios parciais na RSC-453 (Rota do Sol).

Residência com rachaduras expressivas precisou ser deixada pela família / Crédito: Angélica Pott
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