Workshop busca posicionar empreendimentos turísticos a partir da perspectiva do cliente

Trabalho visou dar continuidade ao Mapa de Comportamento do Turista, divulgado pelo Governo do Estado em meados de 2022.

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Evento realizado em Encantado recebeu mais de 100 pessoas. Créditos: Camille Lenz da Silva

O Governo do Estado, em parceria com o Sebrae RS e a Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), promoveu na quinta-feira (19/1) o workshop “Vendendo Meu Destino”, em Encantado.

O evento gratuito buscou, junto a empreendedores locais, dar continuidade às discussões sobre o Mapa de Comportamento do Turista no Rio Grande do Sul, divulgado em meados de 2022 e que mapeou perfis, expectativas e oportunidades de visitantes para cada uma das 26 regiões do estado.

Conforme o mapeamento, a região turística do Vale do Taquari tem três nichos principais: espiritualidade, gastronomia e aventura. Segundo Charles Rossner, vice-presidente da Amturvales e secretário de Turismo de Encantado, é preciso olhar para o mercado sob a ótica da demanda, e não da oferta, como sempre foi feito. “Essa proposta inovadora do Mapa nos mostra como o cliente enxerga os serviços e pontos turísticos. Dessa forma, conseguimos trabalhar através de dados reais o alinhamento com as necessidades e desejos dos turistas”, comentou.

“Quando pensamos em determinado local, o associamos com culinária, arquitetura, história, natureza e náutica, por exemplo. Então queremos trazer esse olhar de como a região é vista pelo turista e como nós empreendedores podemos tirar proveito disso, se nosso negócio está oferecendo o que o turista está buscando”, complementou.

E os governos também fazem parte da engrenagem do turismo, segundo Rossner. “Não quem executa o serviço, mas é responsável por sinalização, acessibilidade, infraestrutura básica. Precisa ter alguém que responda pelo turismo no governo, seja uma pasta específica ou um coordenador, que instigue empreendimentos desse naipe. Esse casamento precisa existir”, pontuou.

Ecossistema

A ministrante do workshop, Gabrielle Signor – Relações Públicas com mais de dez anos de experiência em um dos principais grupos de turismo da Serra Gaúcha – ressaltou a importância de trabalhar o turismo como um ecossistema, um grupo que precisa estar completo. “Mesmo com atrativos âncoras como o Cristo Protetor, por exemplo, o turista quer ir a outros passeios, saber onde almoçar, como levar uma lembrancinha para casa. Empresários devem indicar um ao outro, e para isso é preciso conhecer o entorno, se informar sobre os empreendimentos vizinhos. É preciso dedicar parte do tempo para desenvolver o destino, sua localidade, o todo”, enfatizou.

A profissional abordou ainda a importância de saber se vender como destino. Segundo Gabrielle, o foco de muitos empreendedores é em atender bem quando o cliente já está aqui, esquecendo da pré-viagem, o durante e o pós, quando o turista compartilha com sua rede de contatos a experiência que teve. “O turista precisa ser inspirado, possuir o desejo de vir para cá. O que estamos divulgando? Nossos sites estão preparados? E as agências de viagens, conhecem o nosso projeto? Os sites dos hoteis estão em dia? Quem pode potencializar o meu produto ou serviço? É preciso capacitá-los para isso”, frisou.

Segundo o Mapa, o turismo gastronômico se repete em outras 13 regiões, e o espiritual e aventureiro, em oito cada. “O que o Vale tem de diferente nessas três propostas que as outras regiões não possuem?”, indagou a ministrante.

Rossner lembrou: “Quem tenta atender e agradar todo mundo acaba não agradando ninguém. Qual é a sua persona? Quem busca atender como empreendimento? Não basta qualificar, mas sim olhar para o negócio com perspectivas diferentes”.

Ambos concordam que o Vale do Taquari hoje atende um público regional, o sul do país e, pontualmente, o sudeste e região do Mercosul. “A gente quer ampliar a nível nacional, vender o Vale como um destino turístico de fato. Para isso, precisamos primeiro qualificar negócios, funcionários e também gestores”, completa Rossner.

Comunicação

Conforme Rossner e Gabrielle, a clareza e eficácia na comunicação com o público-alvo fazem a diferença. “Há na cidade um Centro de Atendimento ao Turista? Os postos de gasolina, recepcionistas de hotel, agência de receptivo local, transfers estão sabendo informar sobre o seu empreendimento? Há folders lá? E a limpeza, segurança, postura, cortesia, atenção aos detalhes, internet de boa qualidade estão garantidos?”, questionou a Relações Públicas.

“Hoje o cliente chega com a informação na palma da mão, está mais crítico e seletivo. Se a minha cidade ou o meu empreendimento divulga que tem uma atração, um serviço, e o cliente chega lá e é mal atendido ou a informação não procede, ele vai reclamar. Se você vendeu uma expectativa, cumpra-a. O turismo não é brincadeira, não tem mais espaço para amadores”, enfatizou o secretário.

Segundo Rossner, o trabalho desenvolvido no workshop terá continuação, inclusive com o ciclo de qualificações de 2023 sendo baseado no Mapa de Comportamento do Turista. “É um trabalho em nível de estado, precisa estar alinhado”, finalizou.

Presente no evento, a diretora de Turismo da Setur, Claudia Mara Borges, citou que o setor representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado. “A meta é dobrarmos esse número, e precisamos que os empreendedores façam a sua parte. Sentimos falta do envio de fotos de boa qualidade para bancos de imagens do estado e de informações sobre os empreendimentos. O Viva-RS é uma excelente vitrine para os negócios e municípios, estando conectado ao Mapa do Turista e disponível em áreas de grande circulação, como no litoral, nos estádios e em eventos. É gratuito, basta usar”, comentou.

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