ONG Floco Azul entrega livros sobre atendimento dentário a autistas

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Crédito: Camille Lenz da Silva

Criada para promover conhecimento e informar a população, além de prestar auxílio às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), encorajar e acolher as famílias, a ONG Floco Azul realizou mais uma atividade de conscientização na quarta-feira (14/2). O grupo entregou, em todas as Unidades Básicas de Saúde de Teutônia, livros intitulados “Visita ao dentista”. A iniciativa busca facilitar o entendimento de qualquer criança ou jovem – com autismo ou não – sobre o passo a passo de uma consulta odontológica. Os materiais informativos também buscam auxiliar os profissionais no atendimento. Para tal, foram também entregues cartilhas e fôlderes com mais detalhes sobre o transtorno.

Para a presidente Luisa Müller, as crianças com ou sem autismo são muito visuais. Com qualquer idade, ver um livro desses, explicando o ambiente e o que será realizado, passo a passo, dá mais segurança para o paciente. Ela é catedrática: desde que começou a estudar o autismo, o aprendizado facilitou não só o dia a dia profissional na escola, mas também aprimorou seu lado pessoal. “Hoje digo com propriedade que todo esse material não desenvolverá somente a criança autista; consegui levar os ensinamentos para a sala e vi a mudança ocorrendo com os alunos graças ao que eu ensinei”, diz. Ela percebe que as crianças conseguem aprender mais tendo uma rotina visual e informações prévias, detalhadas. “Quando pratico com todos, funciona 100%.”

Na mesma linha do “Visita do dentista”, a ONG possui também livretos sobre consultas oftalmológicas e exames que exigem a colega de sangue, todos elaborados por mãe de autista. “Para o profissional pode ser só mais um atendimento, mas para quem chega, quando é recepcionado com acolhimento, se sente parte do processo e tem a antecipação da informação, isso muda vidas”, diz Luisa.

Conforme a ex-presidente ONG, Poliana Steinke, o fôlder é distribuído desde 2021 a empresas e farmácias de Teutônia. “Muitas famílias já chegaram a nós com suspeitas após terem acesso ao documento e entenderem os sinais de autismo”, aponta.

Sobre o autismo

De acordo com o Centro de Doenças dos Estados Unidos, em 2020, 1 a cada 54 crianças possuíam autismo. Em 2021, o número reduziu para 1 a cada 44 e, em 2023, para 1 a cada 36 crianças.

Em 2050, a previsão é de 1 para 1.

Segundo Poliana e Luisa, o autista enxerga diferente, sente diferente. Nem todos possuem atraso cognitivo, mas o autismo em si é responsável por outras comorbidades, como TDAH, hiperatividade, seletividade alimentar e outros transtornos e deficiências. Poliana explica que em torno de 80% dos pacientes com autismo possuem TDAH, enquanto outros 45% possuem Transtorno Opositor Desafiador (TOD) e outros 60% têm ainda alguma deficiência intelectual.

“Não podemos caracterizar um autista como sendo revoltado ou hiperativo. O autismo não é nada disso, mas pode estar associado a outras disfunções. Não há cura para o transtorno mas, quanto mais nova a criança, maior a chance de desenvolvê-la. Nosso desenvolvimento começa na infância. Por isso é tão importante que mais pessoas saibam do transtorno e procurem ajuda e acolhimento o mais cedo possível. Estamos abertos a conversar com a comunidade”, ressalta.

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