Celebrações unem gerações nos Desfiles Cívicos e Bandas Marciais

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Crédito: Arquivo Pessoal

A tradição do desfile cívico e das bandas marciais no Brasil tem uma longa história, especialmente ligada às celebrações da Independência do Brasil em 7 de setembro. Esses desfiles passaram por muitas transformações ao longo dos anos, envolvendo a participação de estudantes e da comunidade. Há integrantes que iniciaram a participação em desfiles e bandas ainda quando criança, e seguem a tradição mesmo fora do ambiente escolar.

É o caso dos irmãos Baumgaertner da cidade de Barão. A banda marcial Hélio Mosena existe desde 1972, ou seja, tirando os 2 anos de parada por conta da pandemia (2019/2020), a banda possui meio século de existência e segue em atividade.

Alex tem 24 anos e participa desde os seus 15 anos, contabilizando 9 anos de banda. O jovem aponta três aspectos que mais gosta nesta tradição: ensaios, pós-ensaios e dia do desfile. “Além de serem momentos de aprendizado, os ensaios são oportunidades para trocar ideias e conversas com os amigos. Errar nas batidas é quase inevitável, e quando isso acontece, sempre há alguém para brincar e tornar o ambiente ainda mais descontraído e divertido. Após o ensaio, costumamos nos reunir com os amigos para nos hidratar e participar da famosa “resenha”. Esses momentos de descontração fortalecem os laços e tornam a experiência ainda mais especial. No grande dia, nos apresentamos para um público numeroso, e é incrível ver como os jovens se inspiram, alimentando o desejo de fazer parte desse momento no ano seguinte”, destaca.

O momento da preparação inicia meses antes de setembro, com a recepção de novos membros para a banda. “Os ensaios ocorrem aos sábados à tarde, e conforme a data do desfile se aproxima, intensificamos a prática, incluindo ensaios durante a semana. Dessa forma, conseguimos preparar adequadamente todos os jovens músicos, garantindo que estejam prontos para a ocasião”, explica.

Alex salienta que outras cidades devem retomar essa tradição por ser muito além de um simples desfile cívico. “É uma celebração que une diversas gerações. Ela reúne ex-alunos que participaram da banda desde o seu início, aqueles que se formaram recentemente, e os novos integrantes. Essa união é possível porque quem realmente se dedica ao desfile cria um vínculo duradouro e nunca abandona essa tradição, resultando em uma banda composta por membros de todas as idades”, frisa.

Aldair tem 30 anos e influenciou seu irmão para também iniciar na banda marcial de sua escola. “Participo há mais de 15 anos. É muito gratificante poder fazer parte da banda Hélio Mosena, uma banda da escola em que eu estudei quando era pequeno. Sou a favor das bandas marciais, todos os desfiles de 7 de setembro teriam que ter, pois torna o evento mais grandioso e bonito”, opina.

Tradição paralisada

A cidade de Teutônia também era conhecida por seus tradicionais desfiles cívicos e bandas marciais. A última realização ocorreu em 2017 pela Escola Gomes Freire de Andrade. As escolas Reynaldo Afonso Augustin, Tancredo Neves e Colégio Teutônia também possuem em sua história de fundação a organização de desfiles e bandas.

Mais um exemplo que a celebração passa por diversas gerações é da família Weirich. Luís Henrique, de 33 anos, hoje morador de Blumenau, Santa Catarina, foi o primeiro filho a participar da celebração de 7 de setembro da Escola Gomes Freire. Ele seguiu a tradição durante 10 anos. “Eram momentos de interação com a turma, colegas e amigos. Fazíamos cartazes para o desfile e nos vestíamos a caráter para a temática do ano. Também participei por 5 anos consecutivos na banda marcial, haviam vários ensaios fora do horário de aula, eram momentos diferentes e legais. Teutônia deve retomar seus desfiles, pois é um momento único”, destaca.

A irmã do meio, Laiz Fernanda, de 25 anos, hoje moradora de Lajeado, seguiu os passos do irmão e também entrou para a banda marcial. “Meus primeiros anos de desfile, nós descíamos até o campo do Esperança, lá tinha a hora cívica, onde todos ficavam no campo e as famílias nos aguardavam na arquibancada para cantar o hino”, recorda.

A preparação para o dia da apresentação começava em abril, onde os alunos eram convidados. “Os ensaios aconteciam nos fundos da escola. Um dos meus grandes incentivadores para tocar na banda foi meu irmão, que mesmo já formado, me apoiava. Ele com todas as habilidades com a tarola, mas eu não conseguia gostar, então fui para o bumbo. Lembro que quando chegava em casa minha mãe falava que dava pra ouvir o som lá de casa. Gostava das pessoas chamando nosso nome, éramos sempre bem vistos pela comunidade. Lembro que os funcionários do Restaurante Paladar e do Restaurante União paravam de trabalhar para olhar nós desfilar, era marcante pois minha mãe já pedia dias antes em qual lado eu ia estar para poder me ver tocando. Foi um marco lindo de Teutônia e deveria ser retomado”, considera.

E a irmã mais nova, hoje com 15 anos, também participou dos desfiles cívicos antes da última realização “O que mais gostava era de cantar e dançar durante o desfile. Deveria ser retomado, pois é algo que a nossa escola sempre teve como tradição”, destaca.

A baliza da banda marcial

A baliza da banda marcial sempre é um show à parte. Tem a função de anunciar a corporação musical e de estabelecer uma relação de carisma entre banda e público. A baliza vai na frente da banda e segura um bastão, que quando levantado para o alto, todos que estão atrás precisam estar atentos e trocar de ritmo.

A ex-aluna do Augustin, Tatiane Rohrig Marques, de 29 anos, participou durante 5 anos dos desfiles cívicos e era a baliza da banda marcial. “Fazíamos ensaios diariamente, alguns durante o turno de aula quando se aproximava da data comemorativa, e até mesmo alguns dias durante a noite. Era muito bacana ver a emoção do público encantado com a banda e com a participação dos alunos de diferentes idades. Eu amava os desfiles cívicos e concordo com a retomada”, destaca.

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