Seminário Regional aborda turismo para transformação social

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Crédito: Plural Comunicação Integrada / Divulgação

Augusto Mariano, ex-secretário de turismo da cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul (MS), esteve em Teutônia na quinta-feira (19/8). Foi responsável por apresentar aos gestores dos municípios do Vale do Taquari as iniciativas que transformaram a realidade social do destino turístico sul-matogrossense. A palestra foi parte do Seminário Regional de Turismo do Vale do Taquari, organizado pela Amturvales.

Atual presidente da Instituto de Desenvolvimento de Bonito (IDB), Mariano resumiu o sucesso do turismo a um “tripé mágico” que envolve três atores: poder público, iniciativa privada e comunidade. O governo proporciona a estrutura necessária e as empresas investem na atividade turística geram ocupação e renda à comunidade.

O turismo é composto de pessoas felizes e precisa transformar socialmente o município. Mariano aponta dois principais desafios na política pública para o desenvolvimento sustentável. “A água, que é um recurso findável e no Oriente já vale mais que o petróleo. E a destinação correta do lixo”, explica.

Segundo Mariano, Bonito tinha tudo para dar errado em virtude da localização e da economia com áreas de atuação muito distintas. A aposta no turismo gerou riqueza amplamente socializada: o turista deixa recurso no atrativo, na agência de viagens, para o guia, para as redes de transporte e hotéis.

Em 2006, Bonito recebia 70 mil turistas ao ano. Estes, deixavam cerca de R$ 40 milhões no local. Ao fim do mandato de Mariano, em 2012, a cidade recebia anualmente 240 mil turistas. O setor passou a ser responsável pela circulação de R$ 340 milhões. “É uma riqueza amplamente socializada, na qual todos ganham”, afirma o ex-secretário.

O Produto Interno Bruto (PIB) de Bonito é de R$ 1 bilhão e o turismo representa 50% deste total. Na geração de empregos formais, dentre 14 mil, o turismo emprega cerca de 8 mil pessoas, ou 60%. Além disso, estimam-se 2 mil empregos indiretos, de pessoas com ocupação e renda associadas ao turismo. “Isso começa a transformar a vida da pessoa para melhor”, sinaliza.

Segundo Mariano, o turismo de Bonito é altamente rentável aos produtores rurais. A maioria dos pontos estão em área rural, e sua visitação tem incidência de Imposto Sobre Serviços (ISS), receita própria do Município. Diferente de atividades como plantio de soja e criação de bovinos que tem incidência de ICMS, que é 75% destinado ao Estado.

Diferenciais de Bonito-MS

Augusto Mariano cita o voucher único como grande diferencial de Bonito. Normatizado em 1995, sua emissão é exclusivamente feita por agentes locais de turismo, permitindo que a riqueza fique no próprio município. A tributação em ISS é baseada no voucher, não em Notas Fiscais Eletrônicas, o que coíbe a evasão fiscal.

“Gestores adoram. Ambientalista também porque ele controla a carga diária de visitação”, acrescenta. O sistema eletrônico bloqueia as reservas on-line quando atingem o teto de visitação para a data, evitando a degradação ambiental.

Bonito tem 120 guias turísticos cadastrados no Cadastur – sistema de cadastro do Ministério do Turismo. O número aumentou com uma parceria que disponibilizou curso de formação para 80 pessoas durante a atuação de Mariano como secretário.

Ainda, um cadastro municipal registra uma ficha de anamnese de todos os guias turísticos locais. Além de garantir a aptidão para a prestação dos serviços, assegura o atendimento ideal em casos de acidentes ou emergências. “São atitudes simples que transformam a vida para melhor”, ressalta.

O objetivo é realizar cadastro semelhante para todos turistas que visitarem Bonito, integrando com o sistema de saúde. Dentro do princípio da territorialidade, proporcionar apólice geral de cobertura de acidentes e despesas. “Chegou em Bonito o seguro começa a cobrir”, resume.

Os pontos turísticos são divididos entre áreas públicas e privadas. Taxas de visitação são cobradas de turistas para garantir a gratuidade aos bonitenses. A rede hoteleira tem 8.600 de leites, todos de empreendimentos familiares.

Harmonia entre turismo, meio ambiente e impacto social

Mariano defende um equilíbrio harmonioso, observando impactos ambientais e sociais. “Não adianta ter um município que preserva o verde e o povo passa fome. Também não adianta o município não ter verde e o povo ser rico”.

Para preservação ambiental, em Bonito é proibido o nado em nascentes, em virtude do uso de protetor solar, repelentes e maquiagem. Além disso, passarelas coíbem processos erosivos em grutas, por exemplo. O município sul-matogrossense é o único no estado com estrutura de coleta e tratamento de 100% do esgoto, que é devolvido com 97% de eficiência para a natureza.

“Temos o dever mínimo de deixar o ambiente e a natureza melhor do que recebemos. Nós não herdamos dos nossos pais, mas pegamos emprestado dos nossos filhos”. As crianças também são preparadas para o bom atendimento aos turistas. Disciplina de noções básicas de meio ambiente e turismo é obrigatória na grade curricular do Ensino Fundamental.

Em Bonito, foi possível perceber que conforme o turista ia embora, aumentava a fila para cesta básica porque a população não tinha ocupação e renda. “Hoje, Bonito não tem menor abandonado, flanelinha, guardador de carro, esmolante e mendigo. Dentre os 79 municípios do MS, Bonito é o que tem menor índice de violência e criminalidade.

Exemplifica a visitação ao Cristo Protetor de Encantado. Afirma que, com o aumento visitantes no local, batedores de carteira, mendigos, guardadores de carros e flanelinhas também serão atraídos. “Não atrai só turista”, pontua.

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