Cerca de 200 pessoas participam dos dois dias da Jornada do Sorvete

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A engenheira de alimentos Rubilene Araújo alertou para os principais cuidados na logística da cadeia do frio/Crédito da foto: Divulgação

Um dos maiores eventos de capacitação e negócios do setor sorveteiro da Região Sul do Brasil encerrou nesta sexta-feira (7). A 18ª jornada do Sorvete reuniu cerca de 200 pessoas nos dois dias de programação, entre sorveteiros e fornecedores do setor. Realizado no Weiand Hotel, a atividade foi exitosa em prospecção e negócios, assim como na abordagem de palestras com temas de grande relevância para o público (confira abaixo o resumo delas).

Para quem é fabricante, foi uma oportunidade para reciclar informações, ver novidades e fechar negócios. “As palestras são sempre uma oportunidade de melhorar nossas empresas. E aqui na feira também fazemos compras de mercadorias com preços especiais. A nossa indústria fechou contratos com fornecedoras de aromas, coberturas, estabilizantes e embalagens plásticas para o verão todo”, destacou Marcelo Machado de Oliveira, da Dani Sorvetes, de Alvorada. A fábrica tem capacidade produtiva de 72 mil litros/mês.

E para quem é expositor, um bom momento para vender. “A empresa estava um pouco afastada de feiras e neste ano voltou com força total. Estamos muito satisfeitos com os resultados”, afirmou Rogério Rosa, vendedor da paulista Marvi, que produz coberturas e outros complementos para sorvete. “Os visitantes querem novidades e é isso que buscamos oferecer com opções como o ‘café na casquinha’. Tem quer ser assim, ter diferencial para fugir da guerra de preço com a concorrência”.

Sorvetes diferenciados

“Vender sorvete é mais difícil do que fazer. Vender sorvete é uma arte”. Com essa afirmação o chef glacier e professor de culinária Francisco Santana provocou reflexões no público que acompanhou a palestra “Produto e Marketing: combinação fundamental para gelateria de sucesso”. Considerando que os sorveteiros brasileiros precisam rever os modelos de negócios, Santana sugeriu que se aposte em renovações estéticas e em diferenciais que sustentem o produto o ano inteiro, para que não se sinta os efeitos da sazonalidade. “É preciso dar mais toque de confeitaria à sorveteria”, declarou. Para que isso aconteça, é necessário que se identifique a essência da empresa e se comunique ao cliente os pontos fortes, além de criar ambientes nos quais se encontrem atrações exclusivas e personalizadas: “Pessoas consomem mais experiência do que propriamente sorvete”. Ao falar sobre comunicação, o chef destacou a importância de se exibir os diferenciais e o valor agregado dos produtos, quer seja por meio de ferramentas como fotografias, redes sociais e materiais gráficos, ou por meio do próprio atendimento na loja. Santana ainda salientou que o espaço para as sorveterias não é restrito e que diferentes estratégias podem ser utilizadas para impactar públicos específicos. “O cliente está muito mais perto do que a gente imagina”, observou. Garantindo que pequenos detalhes podem conquistar grandes resultados, ressaltou que o consumidor só chega na empresa quando é provocado.

Motivação

Com experiência como coach esportivo de atletas de ponta como Arthur Nory, Laís Souza e Cláudio Wink, o especialista em comportamento humano, Ronan Mairesse iniciou o painel Atitude e Mente de Campeão lembrando que em todos os setores existe competitividade, mas que ela sempre deve ser sustentada pela ética. Estabelecendo que os grandes campeões são dotados de características como humildade, competência, coragem e talento, Mairesse descreveu que eles só alcançam o alto desempenho pois visionam, planejam e executam. “Não importa de onde você veio ou onde você está. Importa onde você quer chegar”, advertiu. Segundo ele, as empresas de sucesso também precisam de líderes que tenham visão e estratégia compartilhada, pois “todos ganham quando todos sabem o que o líder quer”. A disciplina também é fundamental para vencer, já que pode ser determinante para o alcance das metas, e deve estar presente em todos os momentos: “Disciplina é manter a boa conduta, independentemente das circunstâncias. Caráter é seguir as regras mesmo quando ninguém está vendo”. Partilhando o conhecimento adquirido com trabalhos junto a times de vôlei e futebol, Mairesse revelou: “os verdadeiros campeões você não conhece nos momentos de vitória, mas nos de derrota, porque eles mantêm o mesmo espírito de garra e determinação”, e assegurou que com pensamento estratégico, liderança e produto de qualidade, o resultado positivo sempre aparece.

Logística da cadeia

Ao abordar o “Mapeamento do Processo Logístico da Cadeia de Frio”, a engenheira em alimentos Rubilene Araújo alertou para o fato do sorvete ser um produto extremamente sensível, que tem na variação da temperatura seu principal problema logístico. De acordo com ela, a cadeia de frio engloba todo o processo desde o momento em que começa a refrigeração até aquele em que o produto chega na mesa do consumidor, sendo a responsável por manter a integridade das características qualitativas do produto. E o sucesso desse objetivo depende de duas bases: a gestão e a infraestrutura. A primeira envolve questões relacionadas a boas práticas, selos de qualidade e Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC), mas principalmente o controle das temperaturas mínimas e máximas ideias para cada item e a administração dos recursos humanos, através da qual se garante a capacitação da mão de obra. “O mais importante não é o equipamento que se implementa, mas a definição de quem vai operar”, reconheceu. Já a infraestrutura abrange transporte refrigerado, embalagem e identificação de pontos críticos, muitos dos quais, para Rubilene, estão no ponto de venda, onde os expositores apresentam temperaturas inadequadas, com variações extremas e condição de higiene insatisfatória. Há ainda que se considerar o manuseio incorreto por parte dos consumidores. A engenheira ainda lembrou da importância do monitoramento da cadeia de frio, pressupondo que ela deveria acontecer em um ambiente adequado e ser considerada um sistema fechado que não sofre variações de temperatura. Por isso a necessidade de a logística integrar as etapas da distribuição e os membros da cadeia de suprimento, identificando os pontos críticos e se preocupando constantemente com a integridade do produto. Ela finalizou:  “Todos os elos precisam estar sincronizados para que no final se tenha um produto de qualidade”.

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