Covid será doença do cotidiano

Estado emite avisos pela quarta semana consecutiva. Número de internados cresceu de uma semana para a outra

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Conforme Vogt, o uso de máscaras em locais de alta transmissibilidade e para pacientes sintomáticos deveria ser aconselhado neste momento / Crédito: Pexels

Segundo o médico Guilherme Vogt, cardiologista em Teutônia e que atendeu vários pacientes na pandemia, a definição de “ondas” não é mais uma boa nomenclatura no caso da Covid-19. “A doença já se tornou endêmica, ou seja, fará parte do nosso cotidiano, assim como outras infecções respiratórias”, explica.

Na visão do médico, pela alta cobertura vacinal, o Rio Grande do Sul consegue manter níveis aceitáveis de internações e mortes relacionadas à Covid-19 nos últimos meses. “No entanto, principalmente os pacientes mais suscetíveis a infecções graves, como idosos e imunossuprimidos, precisam manter o esquema vacinal em dia e os cuidados gerais para prevenção de doenças respiratórias”, avalia.

Vogt esclarece que a síndrome pós-covid ou long-haul covidé caracterizada por manutenção de sintomas relacionados à Covid-19 durante mais de 30 dias após a infecção inicial. “Pode causar sintomas neurológicos, psiquiátricos, pulmonares ou cardíacos. Se assemelha a algumas doenças inflamatórias crônicas, mas, inicialmente, é considerada uma condição transitória”, demonstra.

Para o médico, a Covid-19 precisa ser entendida não apenas como uma infecção respiratória comum, mas, como uma doença inflamatória sistêmica. “As alterações causadas pela infecção inicial podem desencadear reações imunológicas complexas, levando o paciente a apresentar sintomas por um tempo muito maior do que a duração da infecção inicial”, informa.

As sequelas mais comuns são as neurológicas e psiquiátricas. “Principalmente insônia, perda de memória, alterações de humor e perda da capacidade de concentração. Dores articulares e musculares, sensibilização das vias aéreas e sensação de falta de ar prolongada também são sintomas comuns”, relata.

Vogt também comenta que estudos recentes mostram que 60% dos pacientes que necessitaram de internação por Covid-19 apresentam sintomas neurológicos até 12 meses após a alta hospitalar. Existem, inclusive, serviços especializados no Rio Grande do Sul para a recuperação de pacientes com síndrome pós-covid. “A real carga causada pela pandemia em nossa sociedade e em nossa saúde só será melhor avaliada ao longo dos próximos anos. Mas, sem dúvida, é a maior crise de saúde pública dos últimos 100 anos”, pontua.

Estado emite Avisos
Em função de um pico de contágio por Covid-19 observada no estado, o governo estadual emitiu, pela quarta semana consecutiva, Avisos para todas as 21 regiões no Sistema 3As de Monitoramento. A orientação foi divulgada na quarta-feira (15/6).

Conforme divulgado pelo Estado, o número de internados entre casos suspeitos e confirmados cresceu em 27 nesta semana. Nos leitos clínicos, houve um aumento de 37 e, nos leitos de UTI, uma redução de 10.

Há 803 suspeitos e confirmados em leitos clínicos, o que representa um crescimento de 4,8% em comparação à semana passada. Os internados em UTIs são 217, 4,4% a menos do que na semana passada.

De acordo com o monitoramento estadual, a busca por atendimento em razão da covid-19 se soma à demanda causada por outras síndromes respiratórias, comuns à época mais fria. Também se observa um aumento na busca por atendimentos eletivos, represados durante a pandemia.

Ainda, o aumento da propagação ao longo dos meses de maio e junho também já pode ser percebido no número de óbitos por covid-19. Em 1º de maio, o total de óbitos no estado era de 39 e a última semana representou um total de 162 óbitos; um crescimento de 315,4%.

O Governo reforça a importância de a população buscar a dose de reforço e a segunda dose da vacina contra a covid-19. Cerca de 80% da população residente no Rio Grande do Sul está com o esquema vacinal primário (duas doses) completo, mas apenas 54,8% tomaram a dose de reforço, completando o esquema vacinal.

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