Pais suspeitam de irregularidades na merenda e exigem respostas da Prefeitura de Colinas

Prefeitura abriu Processo Administrativo Disciplinar para averiguar situação.

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Crédito: Camille Lenz da Silva

No dia 9 de outubro, um grupo de pais de alunos da Emef Ipiranga, de Colinas, encaminhou denúncia ao Ministério Público devido à qualidade da merenda escolar oferecida. Segundo eles, fotos tiradas no educandário dão conta de pães mofados, alimentos embutidos, frutas batidas e higiene imprópria dos materiais utilizados para servir os alimentos.

Mãe de duas crianças que estudam na escola, Elisa Morete afirma que seus filhos e de outras mães começaram a relatar sobre os alimentos diferentes e repetidos ofertados na escola. “Ano passado a minha menina baixou duas vezes no hospital devido a uma intoxicação alimentar. Na época a gente não deu bola, mas naquele dia me chamou a atenção porque outras seis crianças da turma dela também estiveram no hospital. O próprio médico falou que poderia ser fruto de uma intoxicação alimentar, não de uma virose. Ficou por isso, mas agora várias mães receberam fotos e relatos e começamos a investigar”, diz.

A mãe comenta que entrou em contato com representantes da Associação de Pais e Mestres, que segundo ela, tentaram “abafar a situação”. “Então os pais têm que tomar atitude, é um assunto que diz respeito à Secretaria de Educação e à Saúde Pública”, disse outra mãe.

Elisa ressalta ter ido conversar com o secretário de Educação, Edelbert Jasper, que teria informado a abertura de uma investigação. Ela aponta que, anteriormente, uma denúncia já havia sido feita na Ouvidoria do Município, que não retornou. Da mesma forma, sem respostas por parte do Ministério Público. “Mas queremos atitude imediata para evitar que nossos filhos fiquem doentes”, enfatizou.

Ela compartilha que as famílias não têm acesso ao local onde são preparados os alimentos, e acredita que a nutricionista e as cozinheiras não dão a devida atenção ao cardápio instituído, oferecendo alimentos inapropriados para crianças com restrições alimentares, por exemplo. “O armazenamento e transporte dos alimentos também deixam a desejar. Tenho outro filho na creche do município, que recebe a mesma comida, mas lá há outra equipe e as crianças amam a comida. Então assim, está faltando capricho e a fiscalização da própria Prefeitura”, concluiu.

Outro lado

Questionado sobre a situação, o prefeito Sandro Herrmann citou que foi aberto um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para averiguar as situações referidas na escola. “Eu não posso culpar ninguém sem o resultado do PAD, que pode levar até três meses para ser concluído”. Enquanto os resultados não saem, apontou ações imediatas. Segundo Herrmann, na quarta-feira (1º/11), mais uma nutricionista, especializada em alimentação escolar, iniciou no educandário. Ainda, no próximo concurso haverá vaga de merendeira (função que não existe mais em diversos municípios), cargo que possui mais exigências.

Ele concordou que os alimentos são sim levados de um refeitório para o outro em um carrinho de mão, mas em caixas fechadas, e disse que uma equipe de engenharia será contratada para estudar a ampliação do local. “Na época em que foi construído, o educandário não foi pensado para tantos alunos, e por isso temos esse problema de logística”, afirmou. Também citou que todas as funcionárias estão fazendo ou completaram o curso de boas práticas, e que a escola possui alvará sanitário em dia proferido pela Vigilância do Município.

Reiterou que as frutas batidas que aparecem nas fotos não são oferecidas para as crianças: “É feita a classificação e elas são reencaminhadas aos fornecedores. O maior problema foi a questão do pão, que é integral e vem de agricultura familiar. É natural que ocorra alguma situação como o mofo, pois não são processados, mas as monitoras perceberam e não ofertaram o alimento às crianças. O pão foi enviado para o Laboratório da Univates, com resultado inconclusivo para contaminação”, afirmou.

Quanto aos embutidos, afirmou que são permitidos uma vez por mês, e não ultrapassaram em quantidade na oportunidade em que foram servidos. Sobre alimentos para intolerantes, sinalizou que a escola possui equipamentos em separado para que não haja contaminação nas refeições. “Não consigo acreditar, porque temos todos os cardápios individualizados. Algumas dessas fotos parecem manipuladas com meias verdades”, comentou.

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