Com acompanhamento correto TDAH não é barreira no cotidiano

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Crédito: Pexels

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma doença crônica que se caracteriza por dificuldades de atenção, hiperatividade e impulsividade. Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 2 milhões brasileiros adultos sofrem com sintomas do TDAH, sobretudo por não terem conhecimento, o que dificulta o diagnóstico.

A psicóloga Fernanda Marques explica que o diagnóstico pode ocorrer ainda na infância, com os sintomas persistindo na vida adulta. Mas também há muitas pessoas que são atestadas já adultas. A identificação é realizada com base nos sintomas.

O tratamento deve ser multidisciplinar, combinando psicofármacos, terapia, bem como orientação para pais e professores, em caso de o diagnóstico ser realizado na fase escolar.

A diferença em cada indivíduo
O TDAH não se manifesta da mesma maneira em homens e mulheres. Já na atuação profissional e acadêmica, se não tratado, o TDAH pode atrapalhar, pois a pessoa pode ter dificuldades de concentração, organização, cometer erros ou se distrair facilmente.

Pessoas com o transtorno também podem apresentar dificuldades nas funções cognitivas como planejamento, resolução de problemas novos, flexibilidade, atenção prolongada e memória no trabalho. Logo, a médio e longo prazo, pode apresentar dificuldades no desempenho acadêmico com rendimento intelectual inferior, mas isso não é regra.

Fernanda esclarece que o transtorno pode ser confundido com outros como a dificuldades de concentração, ou o Transtorno Opositor Desafiante (TOD), por exemplo. “Por isso a importância do diagnóstico correto. É necessário fechar critérios específicos e estarem presentes durante seis meses ou mais”, pontua.

Carina Prado Blomker (42) é professora e coordenadora de RH, e foi diagnosticada com TDAH aos 35 anos. “Meu diagnóstico foi diferenciado, de forma tardia, mas sou muito grata aos profissionais que se envolveram na busca de respostas para meus questionamentos, minhas inquietudes daquele período”, afirma.

Ela compartilha que na época não houve medo ou negações. Pensa que o transtorno merece sua devida atenção e com o suporte de médicos e especialista na área da saúde, estudou sobre o distúrbio. “Isso com certeza teve um potencial de grande mudança, e no meu caso, um sentimento de alívio, para ir em busca de qualidade de vida”, pontua.

Outras formas de medicamento
Carina conta que no início do tratamento agiu de forma precipitada. Somente após diálogos e estudo, foi elaborado um Plano de Tratamento, sem ser necessário o uso de medicações, pois estes causaram muitos efeitos colaterais, como insônia, enxaqueca, alteração da pressão arterial, entre outros.

Buscou então, o uso de terapias alternativas como psicoterapia e suplementação com Vitamina B, alimentação que fornece magnésio, selênio, zinco. A adesão de atividades físicas também foi importante.

TDAH x Rotina
A execução e desenvolvimento das rotinas eram limitados. A falta de memória, adiamento frequente de projetos e dificuldade em organização e planejamento estavam sempre presentes antes do diagnóstico.

Carina explica que hoje a adaptação se torna mais fácil com a busca de ambientes propícios, a sinergia e empatia das pessoas. Bem como o “desafiar a si próprio”, sem sofrimento, respeitando os próprios limites e daqueles ao redor, para desempenhar qualquer atividade com excelência. Uma bagagem de soluções que facilitam a convivência consigo mesma e com os outros.

O uso de ferramentas e práticas que reforçam a capacidade de atenção, autocontrole, organização e planejamento; feedbacks frequentes com o grupo de trabalho e família, a busca por um clima de cooperação, e até mesmo fazer pequenas pausas e caminhadas auxiliam a desacelerar e desestressar quando percebe está se perdendo o foco.

É possível e até preferível usar agenda, planners, bilhetes em locais visíveis e manter o espaço de trabalho organizado, bem como fazer anotações de ideias, que auxiliam no sentimento de segurança e confiança.

Verdades sobre o TDAH
Carina conclui declarando que, ao contrário da percepção de muitos, independente da idade, a pessoa com diagnóstico pode sim empreender, desenvolver grandes projetos e alcançar carreiras bem-sucedidas.

“Nós com TDAH preferimos sim o ritmo acelerado. Somos criativos, práticos e buscamos nos comprometer diariamente com desafios e oportunidades, para melhorias na performance profissional, abraçamos novas experiências e demonstramos muita paixão e persistência em nossas ações”, destaca.

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