Modalidades esportivas adaptadas dão oportunidades a pessoas com deficiência

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Crédito: Washignton Alves / CPB

O roca-salense José Carlos Lourenço, conhecido no Vale do Taquari como “Macau”, teve sua primeira adversidade física aos 8 anos, após ser atingido por uma pedra enquanto brincava com amigos, ficando cego do olho direito. Mesmo assim, praticou futebol de campo desde pequeno até seus 35 anos, quando, em uma partida válida pelo Campeonato Municipal de Roca Sales de 1993, sofreu uma forte entrada, o que resultou no que considera sua maior deficiência – a amputação da perna direita.

Mesmo com as duas adversidades, Macau sentia vontade de praticar esportes e competir. Com isso, conheceu o esporte adaptado, o basquete em cadeira de rodas, e foi convidado para participar da Associação de Deficientes Físicos de Lajeado (Adefil).
Apesar das dificuldades daquele momento, como a própria aceitação como deficiente, adaptação e coragem para aceitar os convites para compor elencos de basquete, Macau conseguiu se destacar. “Era muito difícil de jogar, tínhamos problemas com as cadeiras e equipamentos, mas fomos aprendendo e adquirindo conhecimento com a internet. Por conta da altura e da facilidade que tinha, comecei a ser reconhecido por outros times”, pontua.

Na época, ficou conhecido como “o alto, pivô de Lajeado que jogava bem”. Participou de equipes de Santa Cruz do Sul e de campeonatos, treinando em Lajeado e se destacando dentro das quadras. Com isso, despertou interesse de equipes de outras partes do estado, como a Cidef de Caxias do Sul, onde conseguiu treinar e competir em alto nível. Já atuou em campeonatos fora do Rio Grande do Sul, como em Salvador, e, em 2008, enquanto atuava pelo Águias de Concórdia, foi campeão do Parajasc, um dos maiores campeonatos paradesportivos de Santa Catarina.


Motivado pelas paralimpíadas

Após ter ficado 3 anos parado por conta da pandemia e ser afetado pelos desastres ambientais que devastaram o Vale do Taquari, Macau afirma que os Jogos Paralímpicos de Paris o cativam a voltar a praticar o esporte e competir. Atualmente com 66 anos, sempre atento com sua saúde e com o auxílio de uma prótese, ele planeja retomar com antigos companheiros de Estrela.

“Quando as transmissões começam na televisão, quem pratica acaba mexido. Pinta a vontade de voltar a jogar e, com toda certeza, voltarei a competir. Até quando a saúde permitir, mesmo com minha idade, estarei em breve fazendo o que mais amo”, pontua.
Macau é só mais um dos grandes exemplos de que o esporte pode mudar, salvar e construir vidas. Nos piores e melhores momentos, o que o ajudou foi a oportunidade de praticar, conhecer novas pessoas e ter sempre o sorriso no rosto e a vontade de continuar.

“Nada na vida está perdido, passei por situações complicadas com as cheias e em toda minha história. Mas não vou perder a força de vontade, que é o principal. Os equipamentos que a gente tem não são tão bons, mas estou sempre correndo atrás do que quero”, José Carlos Lourenço “Macau”, atleta paradesportivo

Macau disputou e venceu campeonatos dentro e fora do estado.
Crédito: Arquivo Pessoal

Paralimpíadas

O basquete em cadeira de rodas é uma das modalidades formadoras da base dos Jogos Paralímpicos. Originalmente realizado como atividade de reabilitação para veteranos feridos na Segunda Guerra Mundial, o basquete em cadeira de rodas impulsionou o crescimento do paradesporto mundial. Combinando velocidade, habilidade, controle da cadeira e espírito de equipe, o basquete em cadeira de rodas transmite toda a essência e simbolismo da paralimpíada.

Regras gerais

Semelhante ao esporte Olímpico, a modalidade é disputada por duas equipes de cinco atletas em uma quadra do mesmo tamanho e com aro na mesma altura. No entanto, os dribles são diferentes. Os jogadores devem passar ou quicar a bola a cada duas movimentações de rodas nas cadeiras, para evitar penalizações de deslocamento.
As cadeiras, consideradas parte do corpo do jogador, possuem uma estrutura rígida, com três ou quatro rodas e uma adicional, que evita tombos na parte de trás, para resistir aos contatos repetitivos e colisões no decorrer dos jogos.

Em alto nível, cada cadeira é feita sob medida para o atleta, de acordo com seu tamanho, deficiência e função no esporte.
Todos os atletas que competem no paradesporto apresentam alguma deficiência que afeta a função motora. As categorias são divididas pelas pontuações recebidas pelos jogadores, conforme seu nível de deficiência, variando de 1 a 4.5, com classe 1 para as deficiências mais graves. Nos Jogos Paralímpicos, as equipes não devem ter mais de 14 pontos combinados na quadra ao mesmo tempo.

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