Profissionais da linha de frente no combate à Covid-19 são vacinados no HOB, em Teutônia

Primeira dose da CoronaVAc foi aplicada na tarde de 20 de janeiro

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Dr. Guilherme Vogt foi o primeiro profissional da saúde do HOB a receber a dose inicial da vacina CoronaVac / Crédito da foto: Leandro Augusto Hamester / Divulgação

Se o sorriso foi encoberto pela máscara, os olhos transpareceram toda a alegria e emoção do momento. O Dr. Guilherme Vogt (32), cardiologista, que há um ano reside em Teutônia e passou a integrar o corpo clínico do Hospital Ouro Branco (HOB) em fevereiro de 2020, foi o primeiro profissional da saúde da instituição a receber a dose inicial da vacina CoronaVac.

Momento simbólico para a vacinação ocorreu às 15h30min desta quata-feira (20/1), no Posto de Enfermagem 01, acompanhado pelo diretor-executivo da casa de saúde teutoniense, Ornelio Kleber; pela diretora técnica, Dra. Mariana Lucietto Piccinini Dezone; pelo prefeito Celso Aloísio Forneck e vice-prefeita Aline Röhrig Kohl; pelo secretário municipal da Saúde, Juliano Korner, e equipe da Vigilância Epidemiológica, que coordena o processo de vacinação em Teutônia.

Dever cumprido

Formado em Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com residência em Medicina Interna pelo Hospital Virvi Ramos (Caxias do Sul) e Residência Médica em Cardiologia pelo Hospital São Vicente de Paulo (Passo Fundo); plantonista das UTIs Covid do Hospital Virvi Ramos e do Hospital Santa Teresinha (Encantado), o Dr. Guilherme Vogt é natural de Sinimbu/RS e “vive intensamente” as diferentes situações da pandemia. “Mudei para Teutônia, fiz o primeiro plantão na UTI Covid em Passo Fundo no dia 26 de março, o primeiro do hospital local, e minha esposa descobriu a gestação no dia 30 de março, quatro dias após ‘estourar’ a pandemia. A partir disso, foram meses muito tensos, pois a gestação se inclui, principalmente no terceiro trimestre, nos grupos de risco para a Covid-19, e isso foi bastante complicado”, recorda o médico, que chegou a ter contato com o vírus, mas não apresentou sintomas.

Com o início da vacinação, sendo ele o primeiro a receber a dose do CoronaVac no HOB, fala em “dever cumprido”. “Em Teutônia, estamos chegando às 200 internações. Muitos pacientes graves foram para casa, se reuniram novamente com suas famílias, e isso é muito gratificante. Encontro vários deles nas ruas ou no supermercado, com as famílias agradecendo a toda equipe do HOB. Trata-se de um momento muito importante para podermos sair desse ‘inferno’ que é a pandemia, a vacina é segura, é necessária. Todos os pacientes receberão a sua vacina conforme o cronograma estabelecido.”

Para ele, o início da vacinação representa uma sensação de profundo alívio, dada a quantidade de casos graves e pacientes levados a óbito. “Tenho dois amigos, jovens, plantonistas de UTI, que precisaram ser entubados. Sem dúvida temos medo do contato com o vírus, mas, se nós, como profissionais da saúde, não tivermos coragem de enfrentar isso, ninguém mais vai ter. Precisamos arriscar a nossa saúde em prol de um bem maior, que é cuidar de muitos pacientes que precisam do atendimento”, lembra.

O Dr. Guilherme estende agradecimentos a todos que se dedicam diariamente no combate à Covid-19. “Na linha de frente eu pude ver que todas as profissões ligadas à saúde, médicos, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, enfermeiros, inclusive a equipe de limpeza da ala Covid, enfim, todos arriscam as suas vidas e dos familiares que estão em casa, se sacrificam pelo próximo, se expõem a algo que todos fogem. Por tudo isso, é muito importante a valorização dos profissionais, não só num momento de pandemia, mas de forma geral entender a nobreza da profissão”, conclui.

Esperança

A Dra. Mariana, a segunda profissional a receber dose da vacina no HOB, fala de esperança com a chegada da vacina. “Meu sentimento como profissional da saúde é de esperança na diminuição da ocorrência de casos, dos doentes serem menos graves e que a vida volte ao normal, na medida do possível. A vacinação é um marco para a liberdade, principalmente para pacientes idosos e debilitados que estão restritos a suas casas, sem o carinho, o abraço e o aperto de mão dos seus”, valoriza.

No dia 20 de janeiro somente o Guilherme e a Mariana foram vacinados no HOB. “A escolha se deu pelo fato de que ele é o médico que acompanha os pacientes Covid durante a internação, estando exposto diariamente ao vírus de forma mais ‘direta’”, explica Mariana. Os profissionais devem receber a segunda dose da vacina entre 14 e 28 dias. Não há previsão de quantas vacinas serão destinadas ao HOB.

Cuidados que seguem

O diretor-executivo do HOB, Ornelio Kleber, valoriza esse momento histórico, ao mesmo tempo em que alerta para a manutenção dos cuidados com a propagação do vírus. “Enfrentamos um inimigo invisível e muito forte. As pessoas precisaram passar por um período de adaptação a essa realidade, e os cuidados devem seguir. A vacina surge como uma luz de esperança depois de dias escuros. É um primeiro passo, ainda muito pequeno, considerando o número de doses da vacina disponível à população, ao encontro da nossa vida pré-pandemia, embora muitos dos hábitos adquiridos devam permanecer”, alerta.

Kleber ainda agradece a dedicação de todos nesse enfrentamento à Covid-19. “Como instituição hospitalar, o sentimento é de gratidão por todo empenho de nossos profissionais de saúde, que estão na linha de frente desse processo. Sem dúvida eles precisam estar entre os primeiros a receberem a vacina. Agradecimento também ao Executivo Municipal, à equipe da Secretaria Municipal da Saúde, da Vigilância Sanitária e Epidemiológica e demais órgãos pelo apoio até este momento, enfim, a todos que não mediram esforços no enfrentamento à pandemia. Ainda há um longo caminho a percorrer, por isso todos os cuidados precisam ser mantidos no que diz respeito ao distanciamento social, uso de máscaras e higienização das mãos”, conclui.

Dra. Mariana Lucietto Piccinini Dezone: “A vacinação é um marco para a liberdade” / Crédito da foto: Leandro Augusto Hamester / Divulgação

Vacinas recebidas

Teutônia recebeu 423 doses da CoronaVac e, inicialmente, o público a ser vacinado serão os profissionais de saúde da linha de frente em hospitais, atenção básica e rede de urgência e emergência, pessoas acima de 60 anos que vivem em Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPI) e população indígenas aldeadas. O cronograma de vacinação será divulgado pela Municipalidade, por meio da equipe da Vigilância Epidemiológica, que coordena o processo.

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