Westfália tem situação de emergência pela estiagem homologada pelo Estado

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Em Westfália, perdas decorrentes da estiagem são enormes / Crédito da foto: Paloma Driemeyer Valandro / Divulgação

O Governo do Estado do Rio Grande do Sul publicou no dia 14 de maio, em seu Diário Oficial, a homologação da situação de emergência de Westfália em razão da estiagem. O cenário, que assola o município desde meados de dezembro, com chuvas abaixo da média prevista, representará perdas estimadas em mais de R$ 5,6 milhões, nos cenários aves de corte, suínos de corte e produção leiteira. Somando-se as perdas nas lavouras, o montante chega a mais de R$ 14 milhões.

Diante das perdas causadas pela estiagem, o município de Westfália decretou situação de emergência em 23 de março. Para o prefeito Otávio Landmeier, a estiagem afetará diretamente a economia do município. “Todo este cenário refletirá negativamente na economia do nosso município. Nosso setor primário sofre muito diante desta estiagem. Além das perdas produtivas, ainda enfrentamos a escassez de água em diversos pontos, especialmente na região alta”, declara Landmeier.

A homologação do decreto de situação de emergência por parte do Estado veio depois da visita técnica da Defesa Civil. Com a homologação em mãos, produtores rurais poderão buscar recursos e condições especiais de auxílio para a recuperação das perdas. Uma das iniciativas é a possibilidade de prorrogação nas operações de crédito rural, tanto custeio como investimento.

A Emater/RS-Ascar de Westfália e a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente foram as responsáveis pelo levantamento de perdas no setor primário. No setor leiteiro, as perdas chegam a 34%, enquanto que na avicultura e suinocultura de corte o prejuízo chega a 30%. Em números, a perda nestes setores é estimada em R$ 5.606.500,00. Se for somar as perdas em lavouras, este número chega a R$ 14.213.000,00, conforme detalhamento (dados correspondentes de meados de dezembro até maio):

* Frango: média de sete lotes/ano (geral de todas as empresas), onde nos cinco meses tivemos um lote a menos. Do total de 25 milhões de aves/ano, representa 3,5 milhões de aves, vezes valor médio de R$ 0,50, perfaz um total de R$ 1.750.000,00 a menos para os produtores;

* Suínos terminação: média de 3,5 lotes/ano com um total de 63.000 cabeças/ano. Nos cinco meses recuamos 0,5 lotes, que totalizam 9.000 cabeças, vezes valor médio de R$ 25,00/cabeça, totaliza R$ 225.000,00 a menos para os produtores;

* Leite: estimativa de 19.000.000 litros/ano, com média de 1,58 milhão por mês. Aplicando perda de 34%, totaliza parcialmente 538.000 litros/mês, vezes cinco meses, chega-se a 2.690.000 litros. Este número vezes o valor médio de R$ 1,35, totaliza R$ 3.631.500,00 a menos para os produtores;

* Milho grão: perfaz um total de R$ 324.000,00;

* Milho silagem plantado: estimativa de R$ 2.992.500,00;

* Milho silagem não plantado (silagem terá que ser comprada): perfaz um total de R$ 5.200.000,00;

* Soja: estimativa chega a R$ 90.000,00.

Conforme o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Marcelo Müller, nas atividades de integração precisam ser levadas em conta as informações pertinentes ao Abatedouro de Aves da Cooperativa Languiru. “Isso em função do manejo das águas servidas, que passou do Arroio Schmidt para o Arroio Boa Vista, a questão do Coronavírus (Covid-19), que, entre outros danos à produção, proporcionou espaçamento maior entre lotes e menor taxa de alojamento por metro quadrado”, ressalta ele.

O secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Élcio José Lupatini, complementa que o município passa por um momento delicado e difícil. “A produção das nossas propriedades rurais foi muito afetada, o que impacta diretamente na economia westfaliana. Estamos ao lado dos nossos produtores e jamais os deixaremos desassistidos”, comenta o secretário.

Agora, o município de Westfália aguarda a homologação federal da situação de emergência em relação à estiagem. Os recursos federais poderão ser utilizados para: perfuração de poços artesianos, instalação ou aperfeiçoamento de redes hidráulicas públicas ou aquisição de carro-pipa, conforme já assinalado no ofício encaminhado.

Falta de água

Paralelo à estiagem, a falta de água segue sendo motivo de grande preocupação das autoridades westfalianas desde o início deste ano. Diariamente, várias cargas d’água são encaminhadas às associações comunitárias de água, especialmente do interior, por caminhões-pipa. A Cooperativa Languiru também segue apoiando seus integrados com o abastecimento de água.

Vertentes do Programa de Proteção de Nascentes, desenvolvido através de parceria entre a Prefeitura Municipal e a Emater/RS-Ascar, diminuíram a vazão, em razão da pouca quantidade de chuva nos últimos meses, e alguns poços seguem sem água. Este cenário é mais visível na região alta do Município, que compreende as localidades de Linha Berlim e Linha Paissandu.

Por outro lado, a chuva dos últimos dias foram benéficas ao setor primário. Além de aliviarem o transporte de água, as chuvas também contribuíram para que as fontes protegidas voltassem a ter uma vazão maior. Possibilitou-se, ainda, a implantação das pastagens de inverno. “Em anos anteriores, no fim de abril já tínhamos pastagens para o gado leiteiro. Este ano, somente no final do mês de junho”, relembra o prefeito.

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